Alguém acredita que Eduardo Cunha acredita em Deus?
Por Paulo Nogueira
Num romance de John Updike, um pastor se dá conta no meio de um sermão, em frente à plateia de crentes, que perdera a fé em Deus.
Que fazer não apenas naquele momento, mas pelo resto da vida?
Não sei por que pensei neste pastor de Updike. Ou talvez saiba.
É que eu tenho uma pergunta a respeito da fé.
Alguém acredita que Eduardo Cunha acredita em Deus?
Não acredito.
Tenho para mim que é mais um daqueles desprezíveis mercadores de fé que exploram o limitado dinheiro de pobres ingênuos.
Cunha levou essa exploração a outro nível: extraiu dela também votos.
Quem acredita em Deus não faz o que ele fez. Ponto, exclamação.
Não mente. Não trapaceia. Não rouba. Não ameaça. Não achaca.
E também não comete blasfêmias como dar o nome de Jesus a uma empresa feita para esconder coisas como um Porsche de quase meio milhão de reais.
Cunha é, sob todos os aspectos, o anti-Jesus.
Nada, rigorosamente nada, das lições de Cristo você vai encontrar nele.
Compare com o cristão mais notável dos dias de hoje, o Papa Francisco.
Ou mesmo um ateu como Mujica.
Mujica sim poderia ser associado a Cristo, pela simplicidade, frugalidade, tolerância, compaixão.
E pelo amor aos pobres.
A melhor comparação entre ambos é o Porsche de Cunha, aliás um entre vários carrões comprados com dinheiro sujo, e o Fusca de Mujica.
Um verdadeiro cristão, ainda que ateu |
Um Brasil reinventado, porque é isso que se deseja, vai ter um olhar severo para mercadores da fé como Cunha, Malafaia, Edir Macedo, Feliciano, Everaldo e tantos outros.
Por que você não os encontra na Escandinávia?
Porque o sistema igualitário nórdico propicia à sociedade educação para perceber os charlatões antes que eles se instalem e batam carteiras.
A desigualdade social explica a proliferação de Cunhas e Malafaias. São os excluídos, os humilhados e os ofendidos, que lotam as igrejas em que pastores os instam a doar o dinheirinho que têm.
Quanto menos desigual uma sociedade menos espaço para este tipo de roubo legalizado.
Todos conhecemos histórias.
Utilizei motoristas evangélicos em algumas viagens de Caraguatatuba a São Paulo e ouvi coisas que jamais esquecerei, e não ditas em tom condenatório.
É impossível acreditar na fé de que quem intima, coage os fiéis a doar até o dinheiro guardado para o aluguel.
Assim como é impossível acreditar que Eduardo Cunha acredite em qualquer coisa que não seja dinheiro.
Para mim o argumento definitivo é este: se acreditasse em Deus, Cunha saberia que iria para o inferno. (Fonte: aqui).
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"Para mim o argumento definitivo é este: se acreditasse em Deus, Cunha saberia que iria para o inferno."
Há quem considere que, em situações que tais, ao vivenciar, 'full time', transtornos na intimidade familiar, sem argumentos a apresentar aos seus ou a outrem, sem vislumbrar escapatória no âmbito externo e - castigo brutal - sem poder disfarçar/superar a desolação na intimidade familiar, é como se o indigitado já estivesse no inferno...
Mas, fora, Cunha se mantém desenvolto, serelepe, falando grosso, como se o fato de ser titular de contas secretas abastecidas com dinheiro sujo da corrupção fosse para lá de normal, probo, insuscetível de arranhar a reputação de um cidadão que, não bastasse ser deputado federal, é presidente da Câmara dos Deputados. E tudo isso em meio ao conveniente e 'desinteressado' silêncio de amplos setores do parlamento e de 'formadores' da opinião pública.
Mas, fora, Cunha se mantém desenvolto, serelepe, falando grosso, como se o fato de ser titular de contas secretas abastecidas com dinheiro sujo da corrupção fosse para lá de normal, probo, insuscetível de arranhar a reputação de um cidadão que, não bastasse ser deputado federal, é presidente da Câmara dos Deputados. E tudo isso em meio ao conveniente e 'desinteressado' silêncio de amplos setores do parlamento e de 'formadores' da opinião pública.
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