terça-feira, 20 de outubro de 2015

O VENDILHÃO

                                                    Em nome de Jesus

Alguém acredita que Eduardo Cunha acredita em Deus?

Por Paulo Nogueira

Num romance de John Updike, um pastor se dá conta no meio de um sermão, em frente à plateia de crentes, que perdera a fé em Deus.

Que fazer não apenas naquele momento, mas pelo resto da vida?

Não sei por que pensei neste pastor de Updike. Ou talvez saiba.

É que eu tenho uma pergunta a respeito da fé.

Alguém acredita que Eduardo Cunha acredita em Deus?

Não acredito.

Tenho para mim que é mais um daqueles desprezíveis mercadores de fé que exploram o limitado dinheiro de pobres ingênuos.

Cunha levou essa exploração a outro nível: extraiu dela também votos.

Quem acredita em Deus não faz o que ele fez. Ponto, exclamação.

Não mente. Não trapaceia. Não rouba. Não ameaça. Não achaca.

E também não comete blasfêmias como dar o nome de Jesus a uma empresa feita para esconder coisas como um Porsche de quase meio milhão de reais.

Cunha é, sob todos os aspectos, o anti-Jesus.

Nada, rigorosamente nada, das lições de Cristo você vai encontrar nele.

Compare com o cristão mais notável dos dias de hoje, o Papa Francisco.

Ou mesmo um ateu como Mujica.

Mujica sim poderia ser associado a Cristo, pela simplicidade, frugalidade, tolerância, compaixão.

E pelo amor aos pobres.

A melhor comparação entre ambos é o Porsche de Cunha, aliás um entre vários carrões comprados com dinheiro sujo, e o Fusca de Mujica.

Um verdadeiro cristão, ainda que ateu

Um Brasil reinventado, porque é isso que se deseja, vai ter um olhar severo para mercadores da fé como Cunha, Malafaia, Edir Macedo, Feliciano, Everaldo e tantos outros.

Por que você não os encontra na Escandinávia?

Porque o sistema igualitário nórdico propicia à sociedade educação para perceber os charlatões antes que eles se instalem e batam carteiras.

A desigualdade social explica a proliferação de Cunhas e Malafaias. São os excluídos, os humilhados e os ofendidos, que lotam as igrejas em que pastores os instam a doar o dinheirinho que têm.

Quanto menos desigual uma sociedade menos espaço para este tipo de roubo legalizado.

Todos conhecemos histórias.

Utilizei motoristas evangélicos em algumas viagens de Caraguatatuba a São Paulo e ouvi coisas que jamais esquecerei, e não ditas em tom condenatório.

É impossível acreditar na fé de que quem intima, coage os fiéis a doar até o dinheiro guardado para o aluguel.

Assim como é impossível acreditar que Eduardo Cunha acredite em qualquer coisa que não seja dinheiro.

Para mim o argumento definitivo é este: se acreditasse em Deus, Cunha saberia que iria para o inferno. (Fonte: aqui).

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"Para mim o argumento definitivo é este: se acreditasse em Deus, Cunha saberia que iria para o inferno."

Há quem considere que, em situações que tais, ao vivenciar, 'full time', transtornos na intimidade familiar, sem argumentos a apresentar aos seus ou a outrem, sem vislumbrar escapatória no âmbito externo e - castigo brutal - sem poder disfarçar/superar a desolação na intimidade familiar, é como se o indigitado já estivesse no inferno...

Mas, fora, Cunha se mantém desenvolto, serelepe, falando grosso, como se o fato de ser titular de contas secretas abastecidas com dinheiro sujo da corrupção fosse para lá de normal, probo, insuscetível de arranhar a reputação de um cidadão que, não bastasse ser deputado federal, é presidente da Câmara dos Deputados. E tudo isso em meio ao conveniente e 'desinteressado' silêncio de amplos setores do parlamento e de 'formadores' da opinião pública.  

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