domingo, 28 de setembro de 2014
ENQUANTO ISSO, EM PRISCAS ERAS...
Inflação disparou! 6,5% ao ano? 84,3% ao mês, em 1990! Quem era o ministro?
Por Mário Magalhães
O esquecimento não é amigo somente da barbárie: cabra traiçoeiro, é parceiro do engano.
Desde o início do mês o jornalismo se comove com a inflação.
Galopante, descontrolada, abusada e insaciável, a bicha nojenta alcançou a estrondosa marca de 6,51% em agosto.
Não custa esclarecer: 6,51% nos últimos 12 meses. Isto é, taxa acumulada anual.
Para mim, abusada - e abjeta - é a desigualdade no Brasil.
Mas não é disso que quero falar.
E sim do que se poderia chamar de falta de perspectiva histórica. Ou de amnésia seletiva.
Em março de 1990, a inflação oficial alcançou os 84,32%, como registrou a notícia acima, publicada pela “Folha'' na época.
O jornal informava também outro índice, o IGP da FGV: meros 81,3% em 30 dias.
Atenção: inflação mês, e não ano!
A falta de memória não atinge apenas os números da inflação, desastre que as novas gerações desconhecem, embora conheçam bem o obsceno abismo social brasileiro.
Hoje, pontifica sobre a economia o consultor Maílson da Nóbrega.
As coisas vão muito mal, Maílson tem alardeado, com pompa de sábio.
Mal, um horror, com a inflação ultrapassando um pouquinho o tal teto da meta-fetiche 6,50%.
O que pouca gente sabe ou lembra, assistindo ao crítico impiedoso deitar regra sobre isso e aquilo, é o nome do artífice da hiperinflação de março de 1990.
Noutras palavras, quem era o ministro da Fazenda do governo José Sarney, presidente que então se despedia do Planalto.
Pois era ele mesmo: o economista Maílson da Nóbrega.
Maílson tem menos autoridade que o Lazaroni, técnico do Brasil na Copa de 90, ou o Maradona, da Argentina em 2010, para ensinar como se monta uma seleção de responsa.
Mas não está nem aí. Vai ver que a especialidade dele hoje é controle da inflação.
Para fechar estas pílulas pró-memória, leio no “Almanaque Folha'' que a inflação anual em 1989 bateu em 1.782,90%.
Foi Maílson que fez. (Fonte: aqui).
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