segunda-feira, 18 de novembro de 2013

BLUE JASMINE, O NOVO FILME DE WOODY ALLEN


Podres de ricos

Por Orlando Margarido, CartaCapital

Blue Jasmine, novo filme de Woody Allen, trata da queda da nova fortuna feita de especulação e falcatruas de um casal de Nova York

Há algo nos trejeitos, e logo saberemos na insanidade, que aproxima a protagonista de Blue Jasmine, novo filme de Woody Allen em cartaz a partir da sexta 15, da notável Norma Desmond de Crepúsculo dos Deuses. Mas, se no clássico de Billy Wilder o declínio diz respeito ao estrelato em uma antiga Hollywood em ruína, nesses tempos atuais cabe melhor a queda da nova fortuna feita de especulação e falcatruas.

Desse contexto tão corruptor quanto o outro Allen colhe sua Jasmine (Cate Blanchett), nome também fraudulento, apanhada num torvelinho quando o marido milionário (Alec Baldwin) é descoberto em seus golpes. Preso, se mata, destino recente de magnatas instantâneos de Manhattan. Mas há mais a ser revelado dos podres de ricos, como as traições amorosas do especulador e sua decisão de trocar a mulher pela babá. Jasmine tentará superar os traumas com uma irmã dita fracassada, com ansiolíticos e empregos ordinários, hábil que era até então apenas em gastar e ostentar.

Não é somente o abandono de uma estrutura repisada de crises e desencontros românticos que faz Allen surgir renovado. Também por rir do mundo que o cerca, e muito do seu, num tom cínico e amargo exemplar na cena final. Esta chega inesperada e só possível por contar com uma Cate Blanchett na plenitude e em desvario tão intenso quanto a Gloria Swanson de Wilder. (Fonte: aqui).

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Esse merece ser visto. Allen alia o duro desfecho de alguns especuladores à sua (do diretor) fina ironia. E, claro, elege como fracassado um especulador 'pessoa física', não um banqueiro (daqueles que ganharam os tubos com derivativos antes e depois da eclosão do desastre financeiro mundial de 2008 - e continuam faturando até hoje) ou um analista de agência de risco, como os que fizeram vista grossa sobre as maracutaias, atestando a 'solidez' de 'n' empresas, e continuam impunes, numa boa, ameaçando de rebaixamento países mundo afora, especialmente aqueles não (mais) considerados simpáticos pela Metrópole.

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