sábado, 11 de agosto de 2012

FUTEBOL: SELEÇÃO ENCALHADA


Mário.

A charge acima é sugestiva, mas não chega a surpreender. E se o futebol brasileiro, quero dizer, se a seleção brasileira continuar no clima até aqui observado, dias piores virão. No dia 05 de agosto, o texto a seguir, de Jaeci Carvalho, foi publicado no Estadão:

Bobos somos nós

Newcastle – Não existe mais bobo no futebol, dizem os treinadores quando suas equipes jogam mal. Também não há torcedor bobo, tampouco jornalista. Não é possível que o técnico Mano Menezes não tenha enxergado o mesmo jogo que todos nós na vitória sobre Honduras. Pelo que disse na entrevista coletiva ao fim da partida, realmente sua visão é diferente da nossa. Eu vi o zagueiro Juan jogar pela TV e fiquei com péssima impressão. Ao vivo, a situação se complica: o cara é sofrível. Quis saber do companheiro Sérgio Buaiz, da Rádio Gaúcha, como o Internacional conseguiu vender esse jogador para a Internazionale. Ele não soube explicar. Sinceramente, se não houver esquema de empresário, não sei o que pode ser.

Da posição em que estava, olhei para cima e vi o baixinho Romário, gênio da bola, comentando para uma emissora de TV. Olhei para baixo e vi Hulk em campo. Olhei novamente, dei-me um tapa na cara para conferir se não era um pesadelo. Era, sim, a realidade do nosso futebol. Hulk também é dessas invenções de treinadores. Jogador completamente fora de propósito. Leandro Damião não é tão diferente, mas pelo menos faz gols. Para quem teve Reinaldo, o maior de todos, Romário, Ronaldo, Careca... só para citar alguns, engolir Hulk é demais.

Sei que nessa faixa etária as equipes se equivalem, mas é inadmissível ver Neymar jogar tão pouco e errar tanto. Salvou-se Oscar, criativo, procurando jogo, fazendo lançamentos. Sandro e Rômulo também são fracos. O que dizer do lateral Rafael, do Manchester United? Foi o mapa da mina, ao lado de Juan, para que Honduras fizesse seus gols. Há muita coisa errada na equipe de Mano e sem tempo para corrigir. Terça-feira tem decisão de semifinal, na luta por vaga na final.

Como escrevi ontem, o caminho para o ouro nunca foi tão fácil devido à ausência de seleções importantes, mas, a continuar jogando esse futebol pobre, o sonho do título inédito será mais uma vez adiado. Hoje, apostaria em final com o México, pois, mesmo aos trancos e barrancos, acredito que o Brasil passe. E quando a coisa fica feia, o apito é amigo, lamentável para quem gosta de vencer na bola, com correção.

No momento em que vocês estão lendo esta coluna, estou a caminho de Manchester, onde terça-feira a Seleção jogará no Old Trafford, lendário estádio do United, de sir Alex Ferguson. A grande decisão será sábado, em Wembley, templo sagrado do futebol. O Brasil, apesar de tudo, é o favorito. Uruguai e Espanha foram embora e a Argentina nem sequer conseguiu vaga na festa olímpica. Não vejo outro jeito de conseguir o título. Tudo conspira a favor, menos o pobre futebol que o time anda praticando.

Quando digo que os treinadores gaúchos acabaram com o futebol brasileiro, é uma realidade. Mano, elegante, educado, polido, está há dois anos no comando e não consegue dar padrão à Seleção. Mas, se ganhar o ouro com a equipe que, nas mãos de Ney Franco, jogava bonito, vai se gabar e entrar para a história do esporte do país. Hoje, o marketing e o lobby valem mais do que um time bem montado e equilibrado. E muitas das vezes o fator sorte – estar no lugar certo na hora certa – vale mais do que a competência. Se o Brasil ganhar o ouro, o que espero de verdade, será pela ausência de grandes adversários na competição.

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