quarta-feira, 29 de agosto de 2012

ELITES LÁ E CÁ

Comentário a propósito da impressão manifestada por uma leitora do blog do jornalista Luis Nassif, de que "as elites são todas iguais":


A diferença entre as elites

Por André Araujo

(...). As elites são muito diferentes. As elites dos países emergentes são piores, mais egoístas, mais corruptas, mais oportunistas, não tem muito interesse pelo coletivo, pelo futuro do Pais.

As elites dos países centrais tem mais interesses culturais e coletivos; os ricos americanos doam todos os anos cerca de 150 bilhões de dólares para filantropia, os museus, óperas, ballets, universidades, muitos hospitais, institutos de pesquisas nos EUA, Inglaterra e Aleamanha são financiados por enormes fundos doados por particulares, quase não há dinheiro publico. O fundo de investimentos de Harvard, constituido por doações, hoje tem 33 bilhões de dólares investidos; as universidades mais antigas (as Ivy League) tem todas fundos de bilhões de dólares, tudo doado por particulares, o Metropolitan Museum de Nova York, assim como o Museum of Modern Art, o Museu Whitney, a Frick Collection, o Carnegie Hall, é tudo doação de ricos, isso aqui no Brasil é muito mais raro. A Faculdade de Medicina da USP, uma das melhores do País, teve seu prédio antigo doado pela Fundação Rockefeller, isso há quase cem anos atrás.

Mesmo ricos que gostariam de doar aqui no Brasil não acreditam na boa administração dos recursos, não confiam no sistema de controle, muitas fundações são dilapidadas.

O (bilionário) Jorge Paulo Lehman doou 15 milhões de dólares para Harvard e aqui, ao que eu saiba, não doou nada, não há aqui o espírito de boa gestão de fundações, a impressão que se tem é que tudo pode sumir na mão de malandros.. A magnífica Maternidade São Paulo, enorme, central, onde nasceram tantos paulistanos, está fechada há 9 anos, abandonada, o prédio em deterioração, por falta de recursos, era uma entidade particular beneficiente, Paulo Maluf nasceu lá e ao que eu saiba nunca doou nada; muita gente rica nasceu lá e ninguém salvou essa instituição tão benemérita.

As elites são realmente bem diferentes, não são "iguais em todo lugar". (Fonte: aqui).

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Interessantes as observações acima. Permito-me, nada obstante, fazer uma ponderação: a legislação norte-americana relativa a imposto sobre a renda e grandes fortunas é pesadíssima, e em certos casos é mais proveitoso (ou 'menos doloroso') fazer-se generosas doações a determinadas instituições, ou até mesmo instituir-se fundações. Nos países nórdicos essa realidade também é observada - mas desconheço as normas vigentes em outros países ricos (ou centrais, como o articulista classifica).
Contudo, é lícito supor que há doadores/instituidores que assim agem por puro espírito de solidariedade e por estarem convictos da correta aplicação dos recursos liberados.

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