domingo, 25 de julho de 2021

O MILAGRE DE REBECA ANDRADE, QUE LEVOU A TÓQUIO O 'BAILE DA FAVELA' E FEZ UM PAÍS SORRIR EM MEIO AO CAOS

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Foi, de fato, o bom acontecimento da manhã deste domingo. Rebeca Andrade, 'aluna' da escola de ginástica do Clube de Regatas do Flamengo, ofereceu-nos a alegria de ver o Brasil na segunda posição entre as candidatas à final de ginástica artística nas Olimpíadas 2020 (que este Blog resolveu chamar de 2021), e logo em 3 das 5 modalidades, incluindo a top. Vimos no UOL que a performance  de Rebeca foi desenvolvida ao som de funk da Favela, nada mais eloquente. E poderíamos parar por aqui, desejando a Rebeca boa sorte na final. Mas vimos o texto do jornalista Kiko Nogueira, titular do Diário do Centro do Mundo, e resolvemos compartilhá-lo.

                      
(Rebeca Andrade, ginasta brasileira)

Por Kiko Nogueira

Nem tudo é baixo astral, sujeira, mau cheiro e doença no Brasil de Bolsonaro. Rebeca Andrade, menina negra de 22 anos, encantou na classificatória da ginástica artística na Olimpíada de Tóquio.    

Conquistou vaga em três finais e pode ser a primeira brasileira medalhista olímpica na modalidade.

Sofreu duas cirurgias nos joelhos e passou na segunda posição, com 57,399 pontos, atrás apenas da americana Simone Biles por 0,332. Ainda foi a terceira colocada no salto e a quarta no solo.

Rebeca tem a primeira chance de medalha na quinta-feira, às 7h50 (de Brasília), na final do individual geral.

Ela dançou ao som de um hino funk cujo refrão gruda como chiclete no asfalto quente.

Ela veio quente, hoje eu tô fervendo
Ela veio quente, hoje eu tô fervendo
Quer desafiar, não to entendendo
Mexeu com o R7 vai voltar com a […]”

O autor e cantor é João Israel Simeão, MC João, que tinha 24 anos quando estreou com uma letra que mistura violência e sexo — ou seja, nada diferente do que o rock sempre fez.

O pai morreu quando ele tinha 17 anos, era pedreiro e sustentava a família, e João ficou sozinho para cuidar da mãe, com problemas de saúde, e duas irmãs.

A música veio de improviso quando ele tentava gravar outra letra. Hoje toca no Japão graças a uma garota como João, de origem pobre, num país que costuma matar gente como eles.

Rebeca é de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ficou fora do Mundial e do Pan de 2019, e só conseguiu a vaga olímpica no pan-americano da categoria disputado em junho, no Rio.

Seu feito é fruto de esforço, de suor, do amparo da mãe, que sempre cita — e do milagre. O milagre de sobreviver e brilhar neste país.

Essa é a medalha que ela já trouxe. O resto é história.

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