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"Estratégias" militares na Folha beiram a alucinação
Fernando Brito, titular do Blog Tijolaço, chega a ironizar, negando qualquer relação da matéria com o Samba do Crioulo Doido, de Stanislaw Ponte Preta, mas, não obstante o fato de se estimularem as mais inesperadas antevisões nos exercícios de futurologia, certos cenários só encontram amparo no reino das surrealidades. Nada que cause estranheza nesses tempos tão estranhos, evidentemente.
Por Fernando Brito
Em 2037, o Ministro da Defesa “sofrerá um ataque com antraz”.
Dois anos depois, “grupos ultranacionalistas do Sudeste Asiático, irritados com protagonismo do Brasil, atacam o Rock in Rio com vírus da Sars”.
A França manda tropas para a Guiana e pretende invadir a Amazônia a partir dali, enquanto a China tenta montar uma base militar na Argentina.
Não, não é o Samba do Crioulo Doido, de Stanislaw Ponte Preta, em escala global.
São, segundo a Folha, os pensamentos dos oficiais das Forças Armadas. colhidos pelo Ministério da Defesa “com 500 entrevistados em 11 reuniões no segundo semestre de 2019” para formular a minuta de “Cenários de Defesa 2040”.
Uma imensa bobajada, porque formulada a partir de dois princípios estúpidos.
Um, o (de) que não são nossas reservas de petróleo na costa o principal risco à soberania que enfrentamos. Talvez, até, porque já pensamos em entregá-las docilmente.
Dois, que a ameaça à Amazônia é militar e, mesmo neste caso, desconsiderando que a Venezuela tem suas defesas voltadas para o outro lado, porque é do Caribe e da Colômbia que lhe vêm as ameaças e que esta, a Colômbia, é a única força bélica – pelo número de tropas (comparável às brasileiras), pelos equipamentos (dos EUA) e pela experiência de guerra na selva – que poderia operar nas franjas da fronteira, porque ocupação, quando se fala em Amazônia, é em geral inviável.
Idem, na velha ideia de “integrar para não entregar”, a invasão de garimpeiros e madeireiros que este governo patrocina é, de fato, a razão mais preocupante para imaginar que indígenas fossem aliar-se a estrangeiros.
Falam num “escudo de mísseis”, patrocinados pelos norte-americanos, (escudo) que nos “salvaria”. Não é possível que estejam falando sério, porque a vastidão de alvos no Brasil é algo que exigiria milhares de lançadores – ou estão achando que é como Israel, que tem uma área igual à de Sergipe?
Em matéria de vetores, nosso problema é que mal engatinhamos em produção de mísseis e estamos amarrados numa proibição de que seu alcance não exceda a 300 km, o que não chega a nenhum ponto estratégico, exceto ao Paraguai.
Importante é que dos quatro cenários imaginados, um só é de paz.
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