quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

ECOS DA ASCENSÃO DE DEMOCRACIA EM VERTIGEM


"Quem acompanha este blog, sabe que aqui não se entra em “tretas”.
Tretas são uma espécie de fofoca 2.0, disse me disse turbinado, uma conversa da vila cibernética.
Igual, não entrarei desta vez.
Só peço atenção para que se veja o que isso vai fazendo com o nosso comportamento.
Já não temos adversários, temos inimigos, contra os quais copiamos os métodos que eles próprios utilizam.
Vai se universalizando o coice, de pata direita ou canhota.
Fazer do xingamento a tábula rasa da crítica é conceder uma vantagem aos torpes, aos ignorantes, aos obtusos.
É nos convidar a agir, falar e escrever com o que de pior existe em nós.
Não se pode distribuir o fascista como eles distribuem o “esquerdopata”, porque as práticas destes sujeitos, na maioria dos casos, nem fascistas são: estúpidas, grosseiras, agressivas e, afinal, um amontoado de chavões obtusos.
Lembro das palavras de Graciliano Ramos, no seu Memórias do Cárcere: “não caluniemos o nosso pequeno fascismo tupinambá, pois quando formos verazes, ninguém nos dará crédito”.
Vi, agora há pouco, um artista, na Alemanha, que enganou o Google. Puxando um carrinho com 99 celulares, fez o Grande Olho acreditar que a rua deserta em que caminhava estava apinhada de carros e engarrafada.
Naqueles espaços de comentários, a minionlândia o chamava de idiota, desocupado, esquerdista (talvez porque artista) e outros istas.
Não conseguiram ver ali a ilustração da ideia de que ainda podemos superar e iludir a máquina, que a mente humana, seu engenho e arte, consegue driblar o algoritmo como as pernas curtas, tortas e “bichadas” driblavam os zagueiros-armários.
Por isso, nesta história do Pedro Bial, prefiro apenas reproduzir o diálogo que o escritor Zê Carota imaginou no seu Facebook.
Quebra-se a banca do distinto cidadão com os versos do Billy Blanco: “Mais alto o coqueiro, maior é o tombo do coco afinal”.

the end

– alô.
– é o pedro bial?
– sim. quem tá falando?
– um produtor independente de Hollywood.
– amazing! how can i help you, sir?
– pode falar em português, eu entendo.
– perdão. em que posso servi-lo, mister?
– vou produzir uma cinebiografia do roberto marinho, lembrei de você.
– siiiiiiiimmm! vou lhe mandar os originais da biografia que escrevi do doutor roberto!!!
– eu sei, mas não precisa. não liguei por isso.
– desculpe, mas então é pra eu fazer o quê?
– você é jornalista, certo?
– sim.
– então tem muitos contatos.
– tenho.
– ótimo. tem o telefone da diretora Petra Costa?
– clic!
"




(De Fernando Brito, titular do Blog Tijolaço, post intitulado "O pior que existe em nós" - Aqui. 

Dica de vídeo: "Live do Conde: Bial reacendeu o ódio nas redes" - Aqui.

A propósito, a cerimônia do Oscar acontecerá no próximo dia 9, quando, quem sabe, o documentário Democracia em Vertigem brilhará, a exemplo do que já ocorreu em outros festivais pelo mundo. Boa sorte).

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