domingo, 9 de junho de 2019

SERGIO MORO NA FRITURA


"O ministro Sergio Moro está na frigideira.

Entrou nela porque:


Bolsonaro acredita que ele é candidato a presidente.
O ministro acha que sua esperteza é tamanha que pode ser contra e a favor de medidas apresentadas pelo Planalto.
Aparece onde não deve (em Lisboa) e não aparece onde deve (nas bolas divididas de Brasília).
Esses motivos podem parecer insuficientes, mas uma cena demonstra que ele está fora da fotografia.
Quem se lembra do café da manhã de Bolsonaro com os presidente da Câmara, do Senado e do Supremo sabe que à mesa estavam sucos, pães e os ministros da Casa Civil, da Fazenda e da Segurança Institucional. O ministro da Justiça não estava na mesa.
Ele ficou fora de todas as conversas sobre esse pacto em torno de sabe-se lá o quê.
É provável que Moro seja mandado para o Supremo. A questão é saber se ele fica (ou aguenta ficar) no ministério até novembro do ano que vem, quando surgirá a primeira vaga."


(De Elio Gaspari, em artigo publicado pela Folha. 

- TEXTO PRODUZIDO ANTES DA DIVULGAÇÃO DO MOROGATE - AQUI -, UM ESCÂNDALO IGUAL OU SUPERIOR A WATERGATE -
Quantas vezes a fogueira esteve à espreita do superministro? E antes? Alguém lembra da arbitrária condução coercitiva do ex-presidente Lula, em março de 2017? E dos grampos ilegalmente autorizados - até mesmo de ligações da presidente da República? Quem não lembra das avaliações de que o juiz de base dificilmente escaparia de punição, após formalmente interpelado pelo ministro Teori Zavatski, então relator, no Supremo, de processos relacionados à operação Lava Jato? Quem se recorda de que o juiz, segundo seus críticos, dificilmente se desvencilharia de complicações em face das 11 reclamações pendentes de julgamento do CNJ, providência que não mais poderia ser postergada [teriam sido mais de 20 reclamações; após todas serem 'previamente' examinadas, um grupo foi arquivado, mas 11, por flagrantemente inconstitucionais, remanesceram]? Quem não lembra que foi dito, a propósito dessas 11 reclamações, que o magistrado não poderia - à vista de normas regulamentares internas - ter sua exoneração do cargo tramitada enquanto restassem pendentes de julgamento ditas reclamações? [As reclamações não foram julgadas, e a exoneração fluiu]? Quem não se recorda que um desembargador-relator chegou a dizer, relativamente aos excessos praticados, algo como "tempos excepcionais justificam medidas excepcionais", e que um outro, em outra oportunidade, manifestou o entendimento de que "o Brasil necessita de muitos moros"? E quem hoje continua a mandar, mesmo? Quer, pode e manda.

Observação final: Não obstante, há um fato, novo e explosivo, que PODE vir a produzir alguma reviravolta: o 'Morogate' - Intercept publica escândalo da Lava Jato - AQUI.

Note-se que não estamos a dizer que a divulgação do escândalo VAI produzir alguma reviravolta, mas que PODERÁ produzir alguma reviravolta. A ver).

Nenhum comentário: