segunda-feira, 25 de maio de 2015

A ESPIONAGEM AMERICANA NO BRASIL

               Rio, setembro de 1947: Harry Truman é recebido por Eurico Dutra no Rio.

Agentes eram informantes dos Estados Unidos no Brasil, revela historiador

Bem antes da espionagem de Edward Snowden e da era da internet, os Estados Unidos já tinham métodos para obter informações de outros países. Quase ninguém sabe, mas durante a Segunda Guerra Mundial, em 1943, o Brasil passou a sofrer uma espécie de acompanhamento da CIA.
O governo americano enviou ao país diplomatas, conhecidos como adidos trabalhistas, que fiscalizavam sindicatos e até a Assembleia de São Paulo.

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Um passado que os brasileiros desconhecem, mas que agora vem à tona depois da análise de nove mil documentos do Departamento de Estado americano. O trabalho incansável de pesquisa foi feito pelo historiador da Unesp Eduardo José Afonso, em trabalho de doutorado para a Universidade de São Paulo (USP).

Em plena Era Vargas, um caso de espionagem internacional. "Eu descobri que havia uma forma de o governo americano ter um certo controle sobre os comunistas e indiretamente também sobre a sociedade brasileira, por meio de representantes do governo americano chamados adidos trabalhistas", explica Afonso.

Em 1943, o mundo acompanhava a Segunda Guerra Mundial e o Estado Novo de Getúlio Vargas era motivo de preocupação para os americanos. "O chefe das forças armadas e o general Dutra eram bem simpáticos ao modelo fascista. Então isso provocava um certo temor pela hegemonia capitalista do hemisfério."

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Quem eram os adidos trabalhistas que espionavam sindicatos, políticos comunistas e até agiam dentro da Assembleia Legislativa de São Paulo? "Eles estavam aqui para registrar tudo o que fosse necessário para o conhecimento do governo americano, fizesse referência não só a partidos, mas que também tinha entrada e circulação tranquila entre sindicatos".

De acordo com o historiador, os adidos circulavam em todas as esferas, inclusive dentro do próprio governo de Getúlio Vargas. "(O adido) dizia: 'hoje eu estive com Vargas, apresentei minhas credenciais'. Isso se transformava em um documento que ia ao secretário de estado, era comunicado ao presidente dos EUA e, depois, havia um retorno, ou seja, de que maneira isso que está discutido nesses relatórios resultava em alguma ação no Brasil".

As pesquisas feitas por quase cinco meses por Eduardo José Afonso nos Estados Unidos indicaram que os espiões tinham até um manual de conduta. "A CIA produziu um manual para os agentes: como entender e se portar como os brasileiros. Por exemplo, é hábito entre os brasileiros, depois do almoço, palitar os dentes".

Bem antes da internet, as informações colhidas no Brasil eram repassadas quase em tempo real para os Estados Unidos. "Eles sabiam das coisas mais prementes no mesmo dia, porque as informações eram dadas através de telegramas".

O professor Eduardo José Afonso explica que os adidos fizeram uma radiografia minuciosa nos tempos em que estiveram no Brasil. "Nesses relatórios dos adidos, eles tinham preços de mercadorias, custo de vida, aumento dos produtos, tudo, tudo, tudo, tudo".

O trabalho de doutorado de Eduardo José Afonso sobre a espionagem praticada pelos adidos trabalhistas abrange o período de 1943 a 1952.

No entanto existem relatos de que os adidos estiveram no Brasil até o regime militar, a partir de 1964.

A história é pouco conhecida, mas agora começa a ganhar destaque e ajuda a entender a preocupação dos Estados Unidos com os demais países.

(...). (O trabalho) "era um raio-x perfeito". (Fonte: aqui).

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"A história é pouco conhecida". "...existem relatos de que os adidos estiveram no Brasil até o regime militar, a partir de 1964."

Ao contrário do que se vê acima, (1) a história é, sim, muito conhecida; (2) os adidos podem até ter encerrado seu trabalho a partir do regime ditatorial, mas o serviço de espionagem não sofreu abalos; muito pelo contrário: o Cone Sul foi amplamente monitorado...

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