segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
DE NOVO O FIM DO MUNDO
Fim do mundo em prestações
Ruy Castro
Não ligo para horóscopos ou zodíacos, donde só fiquei sabendo com atraso do fim do mundo previsto pelos maias. Ou seja, o planeta já podia ter acabado e eu seria o último a saber. Informam-me agora que o mundo realmente acabará em 2012, mas não como se pensava que seria - de uma só vez, em fogo, enxofre e pestilência, que é a receita da Bíblia e do espanhol Vicente Blasco Ibáñez, autor do romance "Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse".
A novidade, segundo ouvi, é que o mundo já está acabando sob os nossos narizes - só que em prestações, com uma desgraça atrás da outra e cada qual mais horrível. Consultando os jornais desde o começo do ano, anotei várias calamidades que parecem justificar a tese.
No dia 13 de janeiro, na costa da Toscana, houve o naufrágio do navio italiano Concordia, provocando a morte de 16 pessoas, o desaparecimento de outras tantas e o pânico de milhares de passageiros. No dia 25, um prédio de 20 andares desabou no centro do Rio, levando consigo um sobrado e outro prédio, de dez andares, matando pelo menos 17 pessoas. Nesta semana, outro prédio desabou sozinho, só que na Grande São Paulo.
No dia 31, a PM baiana entrou em greve por salários, deixando Salvador ao desabrigo às vésperas do Carnaval, o que resultou em arrastões, saques, terror e 108 mortes apenas nos primeiros sete dias. No dia 2 de fevereiro, no Egito, uma briga de torcidas num estádio de futebol perto do Cairo deixou 74 mortos e 1.500 feridos. Dois dias depois, na Síria, forças militares ligadas ao governo bombardearam uma área residencial em Homs, bastião da oposição, e mataram mais de 200 pessoas, inclusive crianças.
O fim do mundo à antiga tinha a vantagem de passar um rodo geral. Todo mundo, bandidos e mocinhos, pecadores e inocentes, morria ao mesmo tempo.
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Ué, e as mortes na Somália, Sudão e outras muitas áreas críticas da África? - para nos limitarmos à situação mais dramática mundo afora...
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