quinta-feira, 12 de março de 2015
OBRAS DE ARTE: BOAS NOTÍCIAS DO IRAQUE
Bagdá diz que Estado Islâmico destruiu réplicas de obras de arte
Por Birgit Svensson
O Museu Nacional do Iraque, em Bagdá, é mais do que nunca um fenômeno de visitação. Ele foi reaberto no final de fevereiro, apenas dias após a milícia terrorista Estado Islâmico (EI) ter divulgado um vídeo na internet mostrando a destruição de estátuas e artefatos assírios no museu de Mossul. Assim, muitas pessoas vêm ao Museu Nacional em Bagdá para ver o que sobrou dos bens culturais iraquianos.
Mas quem perguntar ao responsável pela segurança do museu qual a opinião dele sobre o vídeo do EI recebe uma resposta impressionante: "Eles não destruíram originais em Mossul, era tudo cópia". Os originais estão em Bagdá, afirma, apontando para grandes altorrelevos, estátuas de touros alados e figuras de guardiões provenientes de Nimrud, Hatra e Khorsabad. Segundo o guarda, muitos outros bens culturais se encontram no exterior, incluindo a Alemanha.
Museu nacional em Bagdá, onde se encontram muitas das obras originais.
Estátuas de gesso
Fawzi al-Mahdi, chefe da autoridade iraquiana responsável por antiguidades, confirma a informação. Ela disse ter observado atentamente o vídeo de internet. Segundo Al-Mahdi, a máscara sendo destruída por um martelo é de gesso, como também as estátuas. "Nenhum dos objetos mostrados no vídeo é um original."
A milícia terrorista, no entanto, roubou estatuetas de barro, emblemas de madeira de carvalho e outros objetos valiosos, que foram contrabandeados e vendidos, afirma Al-Mahdi, acrescentando que não se pode precisar quantos deles foram destruídos nesse processo.
Também na Alemanha apareceram sete objetos roubados do museu em Mossul, disse. De acordo com relatos da mídia, um correspondente da TV estatal Al-Iraqia obteve uma lista com esses objetos, que deveriam ser vendidos no mercado negro.
Histórico de destruição
Al-Mahdi conta que, quando o EI assumiu o controle de Mossul, em junho passado, os funcionários do museu local fugiram para as regiões curdas de Erbil ou Dohuk. Paulatinamente, os ocupantes saquearam as vitrines do museu, como também os seus depósitos. Lá se encontravam originais, assegura.
Ela diz que lhe parte o coração ver a destruição cega do patrimônio cultural iraquiano pelos combatentes do EI. Segundo a especialista, a guerra dos radicais islâmicos contra o que chamam de ídolos não pode ser justificada.
Na longa história da Mesopotâmia, destruições de bens artísticos e culturais aconteceram repetidamente, explica. A civilização altamente desenvolvida, a abundância de água e as rotas comerciais fizeram do Iraque uma região muito disputada. "Todos os nossos vizinhos quiseram nos ocupar." E, todas essas vezes, as "forças dominantes" tentaram eliminar o passado.
Al-Mahdi é cautelosa ao falar de "forças dominantes" e não de "forças de ocupação" ou "conquistadores". Algumas vezes, a situação se manteve sob controle, tendo sido cortado somente o nariz ou a cabeça de algumas estátuas, justifica. Mas, em outras vezes, elas foram completamente destruídas.
Mesmo em tempos recentes faltou respeito ao legado cultural do Iraque, reclama Al-Mahdi. Com suas guerras, o ex-ditador Saddam Hussein provocou muita destruição, mas também a coalizão militar liderada pelos EUA usou sítios culturais como depósitos militares.
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Eis uma situação positiva, em que, com o perdão da imagem, destruiu-se gato por lebre. E pensar que foi noticiado o pagamento de 'resgate' ao Estado Islâmico em troca da preservação das (cópias das) obras!
Museus no exterior, que no passado surrupiaram relíquias preciosas da Babilônia, se recusam a devolvê-las sob a alegação de que as estão protegendo da ação de vândalos. Agora, com a revelação iraquiana de que cópias perfeitas é que estão expostas, o argumento esperto fica sem sentido. Nova York, Londres e Berlim, entre outros, têm de devolver as obras a seus legítimos donos.
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