terça-feira, 25 de junho de 2013

ECOS DAS RUAS


"Os protestos de rua que agitam o país começam a produzir efeitos que desagradam os oportunistas da direita, que tentaram pegar carona nas mobilizações e apostaram no caos. Diante dos governadores de 27 estados e dos prefeitos de 26 capitais, a presidenta Dilma Rousseff apresentou nesta segunda-feira uma proposta de “cinco pactos em favor do Brasil”, que sinaliza uma certa guinada à esquerda. Com esta atitude, que dialoga com as insatisfações da sociedade e com os movimentos sociais, o governo federal retoma a iniciativa política. As primeiras reações iradas dos líderes do PSDB, DEM e PPS e dos “calunistas” de plantão da mídia indicam que a oposição sentiu o baque.

Acima de tudo, a presidenta Dilma reafirmou seu compromisso com a democracia e mostrou-se sensível às pressões das ruas. Ela não seguiu o caminho autoritário das elites neoliberais e da sua mídia, que tratam as lutas sociais como “caso de polícia”. Logo pela manhã, ela se reuniu com os jovens integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), que lideraram os protestos pela redução das passagens dos transportes. Na sequência, ela apresentou suas propostas aos governadores, prefeitos e lideranças políticas. “O povo está agora nas ruas dizendo que as mudanças continuem. Que elas se ampliem, que elas ocorram ainda mais rápido. Ele está nos dizendo que quer mais cidadania”, afirmou.

Com exceção do item sobre a responsabilidade fiscal, que serve apenas para acalmar os banqueiros, os outros quatro pontos do “pacto” tem um tom progressista: reforma política, incluindo um plebiscito popular que aprove a convocação de uma Constituinte exclusiva, e a inclusão da corrupção como crime hediondo; maiores investimentos na saúde, incluindo a vinda de médicos estrangeiros para trabalhar nas zonas carentes; investimentos nos transportes públicos, com mais metrôs, veículos leves sobre trilhos e corredores de ônibus; e investimentos na educação pública, com a aprovação no Congresso da destinação de 100% dos recursos dos royalties do petróleo para o setor.

A proposta que gerou a reação mais dura e imediata da oposição de direita foi a da convocação, por meio de plebiscito, da Assembleia Constituinte exclusiva para fazer uma “ampla e profunda reforma politica que amplie a participação popular e os horizontes da cidadania” – como enfatizou a presidenta. PSDB, DEM e PPS temem a ampliação e a radicalização da democracia. Juntamente com a mídia golpista, estes partidos tentam desmoralizar a política para retornar ao poder. Eles são contra mudanças no sistema político e eleitoral, como a proibição do financiamento privado das campanhas e a adoção de mecanismo de maior transparência e participação da sociedade.

Em nota oficial, os três partidos da direita criticaram a realização do plebiscito para consultar a população sobre a realização de uma constituinte exclusiva acerca da reforma política. Eles acusaram o governo Dilma de querer atropelar o parlamento, que nunca se debruçou seriamente sobre o tema, e ainda tiveram a caradura de afirmar que “os brasileiros querem um país diferente” – talvez aquele do trágico reinado de FHC. O senador Aécio Neves também estrebuchou: “A presidente frustrou todos os brasileiros. Foi um Brasil velho falando para um Brasil novo”, esbravejou o cambaleante presidenciável tucano, que nos últimos dias até parecia um incendiário.

Quem, porém, melhor resumiu os temores da oposição de direita foi o “calunista” Reinaldo Azevedo. Em seu blog na revista Veja, ele rosnou que a Constituinte exclusiva é “uma tentativa de golpe bolivariano”. Angustiado, o egocêntrico ainda criticou a oposição de direita. “Tenho advertido aqui há três semanas que esse negócio de ser reverente às massas na rua acaba dando em porcaria... Não acho que essa porcaria vá prosperar, mas é claro que estou preocupado. Ao mesmo tempo, fico satisfeito. Então eu não estava doido, não! Muita gente boa se perdeu nesse processo porque não conseguiu resistir ao encanto das massas na rua”.


(Post intitulado "Dilma retoma a iniciativa; direita chia!", de autoria de Altamiro Borges, em seu blog). 

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