"Migliaccio, o Brasileiro em Cena", é um documentário tão desafetado e afável quanto seu personagem
De uma minhoca a Xerife, passando por Tio Maneco e Chalita, Flavio Migliaccio afirmava que nunca recusou um papel, fosse no teatro, no cinema ou na televisão. Ele era sobretudo a cara do povo, assim como o mostraram Terra em Transe, O Homem que Comprou o Mundo, Boleiros e tantos filmes e programas de TV. O documentário Migliaccio, o Brasileiro em Cena confirma essa imagem do cara divertido, simples, franco e quase bonachão. "Mais que um ator amador, eu sou um ser humano amador", definiu-se.
Os diretores Tuco, Alexandre Rocha e Marcelo Pedrazzi combinam depoimentos de Flavio com trechos da peça autobiográfica Confissões de um Senhor de Idade e cenas de filmes que servem também para ilustrar momentos da vida e aspectos da personalidade do ator. Flavio era um entusiasmado contador de histórias – e algumas se estendem um pouco além da conta no filme, como a do figurante alemão nas filmagens de Fábula, de Arne Sucksdorff, em que Flavio foi assistente de direção. Outras soam um tanto romanceadas demais. Afinal, Flavio era um ficcionista contumaz. Escreveu roteiros, dirigiu comédias e desenhou cartuns de grande inspiração.
As lembranças recuam até a infância pobre ("neorrealista", ele diz), quando se iniciava como ator no teatrinho de sombras projetado pela mãe num lençol. Mais tarde viriam o Teatro de Arena, o Cinema Novo ("acho que os filmes ficavam daquele jeito por causa de uma moviola que dava choques"), a consagração nos filmes infantis, a televisão, as pornochanchadas. Para tudo isso Flavio tem uma palavra amena e simpática. Nada esconde de seu ateísmo, nem de sua opção pela esquerda. Na ditadura, entre a guerrilha e a arte, ele escolheu o Arena, onde descobriu, ao mesmo tempo, a realidade e o realismo.
Flavio aparece em vários momentos de sua carreira, sendo os mais recentes no seu refúgio favorito na serra fluminense. "Não tenho medo de morrer", garantia. Nada no filme insinua a depressão que se abateu sobre o artista desde 2019 e o levou ao suicídio em 4 de maio de 2020. Esse documentário, tão desafetado e afável quanto ele, é uma bonita homenagem. - (Aqui).
(Migliaccio, o Brasileiro em Cena está nas plataformas Now, Google Play, Youtube Movies, Vivo Play e Apple TV).
Os diretores Tuco, Alexandre Rocha e Marcelo Pedrazzi combinam depoimentos de Flavio com trechos da peça autobiográfica Confissões de um Senhor de Idade e cenas de filmes que servem também para ilustrar momentos da vida e aspectos da personalidade do ator. Flavio era um entusiasmado contador de histórias – e algumas se estendem um pouco além da conta no filme, como a do figurante alemão nas filmagens de Fábula, de Arne Sucksdorff, em que Flavio foi assistente de direção. Outras soam um tanto romanceadas demais. Afinal, Flavio era um ficcionista contumaz. Escreveu roteiros, dirigiu comédias e desenhou cartuns de grande inspiração.
As lembranças recuam até a infância pobre ("neorrealista", ele diz), quando se iniciava como ator no teatrinho de sombras projetado pela mãe num lençol. Mais tarde viriam o Teatro de Arena, o Cinema Novo ("acho que os filmes ficavam daquele jeito por causa de uma moviola que dava choques"), a consagração nos filmes infantis, a televisão, as pornochanchadas. Para tudo isso Flavio tem uma palavra amena e simpática. Nada esconde de seu ateísmo, nem de sua opção pela esquerda. Na ditadura, entre a guerrilha e a arte, ele escolheu o Arena, onde descobriu, ao mesmo tempo, a realidade e o realismo.
Flavio aparece em vários momentos de sua carreira, sendo os mais recentes no seu refúgio favorito na serra fluminense. "Não tenho medo de morrer", garantia. Nada no filme insinua a depressão que se abateu sobre o artista desde 2019 e o levou ao suicídio em 4 de maio de 2020. Esse documentário, tão desafetado e afável quanto ele, é uma bonita homenagem. - (Aqui).
(Migliaccio, o Brasileiro em Cena está nas plataformas Now, Google Play, Youtube Movies, Vivo Play e Apple TV).
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"...Nada no filme insinua a depressão que se abateu sobre o artista desde 2019 e o levou ao suicídio em 4 de maio de 2020. Esse documentário, tão desafetado e afável quanto ele, é uma bonita homenagem."
.Flavio Migliaccio certamente mereceu a homenagem. Quando vimos o tema eleito pelo competente crítico Carlos Alberto Mattos, vieram-nos à mente a simplicidade do ator Migliaccio, alguns dos personagens marcantes que encarnou no cinema e especialmente na tevê - e a forma trágica com que deu cabo de sua vida, em pleno Brasil da pandemia e do sufoco espiritual e financeiro que infelicitou a todos, mas com maior dramaticidade aos que se dedicam às lides artísticas. O ator morreu aos 85 anos.
"'Mais que um ator amador, eu sou um ser humano amador', definiu-se (Migliaccio)", acentua Carlos A. Mattos.
O poeta, músico, compositor e filósofo Antonio Carlos Jobim costumava dizer que "O Brasil Não é Para Amadores". Amarga constatação. Nada obstante, é imperioso perseverar. E nada mais resta a dizer.
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