segunda-feira, 27 de maio de 2019

O CASO DA REFORMAZINHA DE GUEDES


"Fico imaginando Winston Churchill dizendo: “Se não aprovarem o que eu quero, vou embora para o Canadá e deixo Hitler tomar a Inglaterra.”
A frase de Paulo Guedes revela um espírito pequeno, alienado, destituído de qualquer grandeza, ao mesmo tempo informando que tem recursos para morar fora do Brasil, algo que supõe reservas em moeda estrangeira, coisa normal entre banqueiros de investimento.
Ao mesmo tempo demonstra um desprezo pelo Brasil e seu povo, atitude muito comum na pseudo elite que paira acima da miséria de 180 milhões que compõem o “povão” das periferias.
Pensar que foram entregues a essa criatura, sem qualquer experiência anterior de administração publica, vida política ou participação cívica ou cidadã, quatro ministérios – Fazenda, Desenvolvimento Industrial e Comércio, Planejamento e Trabalho e Emprego – mais a Petrobras, uma absurda concentração de poderes. Maiores do que tiveram personagens de calibre muito superior
como Roberto Campos, Delfim Neto, Mario Simonsen ou Oswaldo Aranha.
O que aconteceu com o Brasil, como pôde retroceder tanto? Alguém com superpoderes dizer que o Congresso não pode contrariar sua vontade, quando o Congresso em qualquer País democrático pode simplesmente anular a vontade de um ministro, é de uma audácia misturada com mitomania própria de personagens que se creem divinos quando são apenas pequenos atores.
O Congresso é legítimo para simplesmente rejeitar a pretensão do ministro.
A LENDA DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA
A reforma da Previdência não só é necessária como deve ser muito maior do que o projeto Guedes. Sobre os enormes ABUSOS ADQUIRIDOS de numerosas corporações parasitárias, o projeto apresenta uma mísera taxação sobre o último pedaço do último abuso.
Onde está o TETO máximo de uma aposentadoria e pensão para um beneficiário? Pelo CPF pode-se saber se um nobre da corte de Luis XV, que são certos “aposentados”, ganha mais, muito mais que o teto, é fácil saber.
Como o projeto Guedes trata o “aposentado” que também é “pensionista”, que recebe de várias fontes do Estado?
É aposentado de um órgão mas também é professor de universidade pública, a esposa morreu e era também alta funcionaria, depois tem um bônus de produtividade que se paga na ativa mas se transfere para o aposentado. Outros benefícios entram pela janela e ao fim passam longe do teto, TUDO DINHEIRO DO ESTADO! Onde a reforma da Previdência pega esse Duque da República?
Resposta, em lugar nenhum. Em vez de contribuir com 1.300 reais para a Previdência, vai contribuir com 1.900, isso é tudo para ACABAR COM OS PRIVILÉGIOS.
Nos EUA, modelo só de coisa ruim e nada de coisa boa, o sentido da aposentadoria para o funcionário público é de lhe assegurar a sobrevivência modesta, 2% por ano do salário que é muito baixo na administração federal.
Quem ganha 5.000 dólares por mês, aposenta após 30 anos com 3.000 dólares e acabou, a tese é não deixá-lo morrer de fome.
Mas tampouco a reforma da Previdência é a redenção do Brasil e sua
falta não é o fim dos tempos. Tudo faz parte do jogo político, vence
quem tem mais poder, é assim desde o faraó Ramsés II. As corporações com poder vão manter os privilégios porque não há força maior para retirá-los.
Quando foi submetida ao Congresso a complexa legislação do Plano Real, o então ministro Pedro Malan foi alvo de mega contestações na Câmara e no Senado.
Queriam destruí-lo, mas Malan jamais teve atitude dramática, foi sempre um gentleman frio como se requer de um ministro da Economia aqui ou na Suécia.
Eu sempre achei um horror o conjunto da política de Malan, especialmente o PROER, a liquidação dos bancos estaduais, a lenda do banco estrangeiro que iria “baixar os juros”, empurrando o BAMERINDUS para o HSBC (que já revendeu para o Bradesco). Foi, na minha visão, um mau ministro, mas, em nível pessoal e político, um lorde inglês perto dos primitivos de hoje, elegante nas respostas, comedido nas afirmações, paciente com a mídia e com o Congresso.
A impressionante decadência do Brasil político, social, intelectual em
relação ao País luminoso do pós-guerra é um fenômeno para um curso completo de História. Como caímos tanto? Como o mundo político e as alternativas foram tão rebaixadas? Como vieram à tona tantos medíocres?"


(De André Araújo, post intitulado "Se for uma reforminha, vou morar fora do Brasil?", publicado no GGN.
Na realidade, tudo não passou de uma tentativazinha básica de chantagem.
A Editora Alfa Omega informou o seguinte sobre o articulista:

"André Araújo foi durante as décadas de 70 e 80 dirigente sindical patronal do setor elétrico-eletrônico, tendo sido diretor-tesoureiro das duas grandes entidades desse setor industrial.
Foi também presidente da EMPLASA - Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo SA, a primeira entidade pública de planejamento de grandes centros urbanos do país, fundada em 1975, para organizar o crescimento dos 39 municípios que compõem a Grande São Paulo.
Formou-se em Direito, em 1968, pela Universidade Mackenzie. E fez pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas - EASESP.
Atualmente é diretor executivo do CELE - Centro de Estudos da Livre Empresa -, entidade que pesquisa as instituições sindicais e associativas, de caráter patronal no Brasil.
Em 1994, foi coordenador-geral da Primeira Conferência Internacional de Centros Empresariais, realizada em Brasília, que contou com a participação de 16 entidades desse gênero das três Américas.
Os marxistas no poder - a esquerda chega ao Planalto [Editora Centro de Estudos da Livre Empresa] é o seu primeiro livro. São também suas obras: O Brasil dos patriotas - caminhos da potência emergente [Editora Centro de Estudos da Livre Empresa] e Mercados soberanos - globalismo, poder e nação [Editora Alfa-Omega]."

André Araújo, hoje basicamente consultor, escreve há tempos no Luis Nassif Online - Jornal GGN, e seus textos, pela qualidade de que se revestem, costumam ser  reproduzidos, com satisfação, por este Blog).

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