(Banksy)
Atrás da cortina de fumaça, o neoliberalismo de negócios
Por André Araújo (No GGN)
A política neoliberal da Primeira Ministra Margaret Thatcher, hoje demonizada na Inglaterra, tinha um sentido funcional, de reorganização do Estado em novas bases, mas jamais foi um biombo para justificar um financismo alucinado que só se justifica como campo para negócios especulativos, que é o que representa o neoliberalismo carioca, que não é funcional porque não tem nenhum interesse na reorganização do Estado. Seu único objetivo é fazer negócios com o patrimônio do Estado e da população. É um tipo muito específico de neoliberalismo, visando o negocismo de curto prazo para ganhar dinheiro no Brasil e depois viver no exterior, nada a ver com a construção de um País em benefício de toda a população, especialmente os mais carentes, que são a esmagadora maioria.
Esse NEOLIBERALISMO DE NEGÓCIOS está por trás da ideia de vender TODAS as estatais, o Palácio do Planalto, os prédios das Embaixadas do Brasil em Roma (Palacio Doria Pamphili, um dos três mais históricos de Roma) e em Washington (Mc Cormick Mansion), considerada a mais bonita embaixada na capital americana.
Venderão, se for possível, a Floresta Amazônica, o Pantanal Matogrossense, o Pão de Açúcar, o centro histórico de Salvador e, através da “capitalização” da Previdência, como potencial projetado de captação de recursos, venderão esse fluxo de caixa futuro a valor presente. É mais um bom negócio que vai valorizar as ações dos bancos após condenar os 180 milhões de pobres do Brasil à mendicância. Mas o quê isso interessa?
Os movimentos e crises políticas serão apenas cortina de fumaça para distrair os políticos tolos que estão deixando passar, sem uma contestação sequer, o poder do presidente da PETROBRAS para SOZINHO vender todos os ativos da PETROBRAS, o que já está fazendo em alta velocidade, podendo SOZINHO dar o preço e escolher o comprador, sem licitação, leilão ou qualquer outro tipo de controle. Algo que vale 50 bilhões de dólares e onde não se vê, em momento algum, o MINISTÉRIO PÚBLICO, o CONGRESSO, o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, os PARTIDOS. É um negócio que vale 100 Lava Jatos e que corre velozmente sob olhos adormecidos das instituições de controle.
Por muito menos se instituíram dezenas de CPIs, abriram-se centenas de Inquéritos, GLOBO e ESTADÃO publicaram incontáveis editoriais, os indignados de sempre fazem furor, os “homens modestos sem mácula” bradam aos céus.
A LOUCURA DA “CAPITALIZAÇÃO” NA PREVIDÊNCIA
O sistema de capitalização da previdência social não funciona NEM EM PAÍSES RICOS porque não é previdência e nem social, é uma poupança individual onde se dá bem quem pode poupar mais, NÃO É UM PROCESSO DE COESÃO SOCIAL onde os mais abonados ajudam a suportar a velhice dos mais pobres, que é o que é o sistema de repartição.
Em países pobres o sistema de capitalização é INVIÁVEL para 90% da população, que não tem renda sobrando para investir, essa população depende visceralmente da repartição que vem de um mecanismo de redistribuição da essência do sistema universal de previdência social, conceito criado no Império Alemão pelo Chanceler Bismarck e repetido mundo afora por um século e meio.
O exemplo chileno, sempre citado pelo Ministro da Economia, é um contraexemplo, funciona pessimamente para os pobres que, hoje aposentados, ganham uma miséria. Para os ricos é excelente, porque podem poupar nesse sistema concentrador da renda já concentrada, o modelo é para eles.
Um ganhador óbvio no sistema de capitalização é o sistema bancário, que seria o gestor desses fundos. É o “neoliberalismo de negócios” em ação.
CAPITALISMO DESTRUTIVO E CAPITALISMO CONSTRUTIVO
Há um capitalismo de construção de País, mesmo com falhas, aquele que o Brasil conheceu entre 1930 e 1980 e que fez o que hoje temos de base econômica, e há um CAPITALISMO DESTRUTIVO, aquele instalado no País após o Plano Real, esse mesmo plano e seus atores economistas que reduziram um sistema bancário de 600 bancos em um de três bancos privados, com ameaça de comprarem também os bancos públicos, como já compraram os estaduais de graça no PROER.
O CAPITALISMO DESTRUTIVO de hoje, desenhado pelos “economistas de mercado”, é o responsável pelos 13 milhões de desempregados e outro tanto de desalentados e subempregados, um capitalismo baseado no rentismo parasitário, que come a maior fatia do orçamento do Estado pelos juros da dívida pública. Lamentavelmente, esse CAPITALISMO DESTRUTIVO, sanguessuga do Estado, hoje está no coração do Estado, com um poder que nunca teve antes, nem no ciclo do plano Real. Está no comando do Estado sem contra pesos e sem controle. Até quando o País aguentará funcionando?
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