Faço-o conforme me permite o tempo, por diletantismo e admirar o jornalismo praticado pelas duas empresas. Como sabem, diferente do que se faz nas folhas impressas, a avalanche de escribas de poucas linhas que surgiu nas redes digitais, sobretudo no Facebook, fez serem poucos os remunerados para escrever nas telas.
Até mesmo o contrário. Na pindaíba em que os deixou o governo golpista e antidemocrático, hoje, são revistas, sites e blogs de esquerda que pedem colaboração aos seus leitores. Com isso, quem se dedica a pesquisar temas, trazer pensamentos modernos de fora do país, ou externar opiniões com argumentos consistentes e mais longos tem dificuldades para fazer disso um ganha-pão. Mesmo que amanhecido.
Não me queixo, embora preferisse ver-me um pouco valorizado. Se quiser, paro. Importa que, tanto aqui como lá (onde esta coluna é reproduzida), esforço-me para manter um diálogo com os leitores e respondo a todos os comentários. Lá é aberto a cadastrados. Aqui deixo meu e-mail aberto para trocar ideias. Recebo mensagens muito interessantes. Hoje cito e respondo a algumas.
Censo Agropecuário IBGE 2016
A primeira vem de um pesquisador do IBGE envolvido em pesquisas e análises de desenvolvimento rural.
Foi escalado para trabalhar no Censo. Escreve: “O Censo dançou. Vai virar um cadastro de estabelecimentos agropecuários (...) A brisa virou furacão, o governo Dilma cambaleante não pôde assegurar a aprovação do orçamento para o Censo Agro pela Câmara, apesar do esforço do MDA e da ministra Katia Abreu. Veio o golpe. E o IBGE o sentiu no queixo”.
Quadros como esse, que são muitos no IBGE, orientaram o novo presidente do Instituto a forma de conduzir corretamente o Censo Agro. Ele preferiu ir a São Paulo e, na FIESP, ouvir o ex-ministro Roberto Rodrigues, que pensa agricultura familiar como assentamentos de sem-terra, e só tem olhos para o setor canavieiro, como o ministro atual, Blairo Maggi, só os tem para o sojicultor.
Para P., se e quando tivermos Censo, “sem o resultado econômico dos estabelecimentos, fica impossível qualquer análise consistente da realidade socioeconômica no campo. (...) É a única investigação que pode articular o resultado das unidades de produção com algumas características dos produtores, dos trabalhadores e das pessoas mais diretamente envolvidas na agropecuária (...)
Estávamos trabalhando na construção desse Censo Agropecuário, tentando aproximá-lo das pesquisas domiciliares, inserindo importantes variáveis e abordagens para questões de gênero no campo, para as relações de trabalho, para a compreensão da dinâmica das famílias que vivem não apenas da produção agrícola (...) Com esse Censo que se quer agora - basicamente um cadastro - uma tentativa de pesquisa amostral para o setor”.
Além do absurdo metodológico, todo o histórico será perdido, o que torna seus idealizadores perfeitos idiotas. Aqui fui eu com a AK-47.
O neo-otimismo econômico do empresariado brasileiro
Espanta-se o leitor FC:
“Eu não consigo entender porque o empresário industrial está otimista com a economia considerando o quadro atual e as perspectivas dadas por uma conjuntura desfavorável culminada com um déficit orçamentário imenso, que pode ser maior a depender de quanto o governo irá arrecadar de fato”.
Ah vá, amigo FC. Não se amofine. Não é para nós entendermos. É só para eles. Exclusividade. Afinal não estamos numa Federação de Corporações?
Sugiro duas leituras: “Xadrez da sinuca de bico da mídia”, de Luís Nassif: http://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-da-sinuca-de-bico-da-midia
E “Hoje eu quero sair só”, deste pobre escrevinhador: http://jornalggn.com.br/blog/rui-daher/hoje-eu-quero-sair-so-por-rui-daher
Olericultura para agrônomos e técnicos agrícolas, verduras e horticultura para nós
Aqui colabora o engenheiro agrônomo Paulo Trani, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Departamento de Horticultura, que me enviou dois excelentes estudos:
“Hortaliças e Plantas Medicinais, Manual Prático" e “A produção e a comercialização mundial dos principais olerícolas”, dos mestres Waldemar Pires de Camargo Filho e Felipe Pires de Camargo, do Instituto de Economia Agrícola (IEA).
São dois temas pouco estudados, embora de alta importância, para o setor agrícola brasileiro. Basta olhar nossa ração alimentar diária que sai de milhares de homens e mulheres do campo para ser acusada de vilã da inflação em folhas e telas cotidianas da ignorância.
Na próxima coluna, escreverei sobre o tema. [...]"
(De Rui Daher, post publicado na CartaCapital - aqui -, intitulado "Perguntas e respostas". Rui, criador e consultor da Biocampo Desenvolvimento Agrícola, é também titular de um interessante blog no Jornal GGN - aqui.
A crônica foi publicada há alguns dias. Reproduzo-a agora em face do escândalo ontem divulgado com espalhafato especial sobre falcatruas detectadas em algumas unidades de frigoríficos brasileiros, notícia que certamente resultará em prejuízos para o País. A economia tem desses lances: em certos e raros setores, observa-se bom desempenho; de repente, não mais que de repente, estoura um fato capaz de comprometer toda a dinâmica, muito embora o estouro possa ser exagerado. O tema provavelmente suscitará mensagens ao articulista Rui Daher.
Vida que segue).
A crônica foi publicada há alguns dias. Reproduzo-a agora em face do escândalo ontem divulgado com espalhafato especial sobre falcatruas detectadas em algumas unidades de frigoríficos brasileiros, notícia que certamente resultará em prejuízos para o País. A economia tem desses lances: em certos e raros setores, observa-se bom desempenho; de repente, não mais que de repente, estoura um fato capaz de comprometer toda a dinâmica, muito embora o estouro possa ser exagerado. O tema provavelmente suscitará mensagens ao articulista Rui Daher.
Vida que segue).
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