Dilma não sabia, mas sabia.
O ministro questiona Marcelo sobre se ele já havia conversado com Dilma sobre as dívidas com o PT.
Resposta de Marcelo Odebrecht:
“Não. Veja bem, Dilma sabia da dimensão da nossa doação, e sabia que nós éramos quem fazia grande parte dos pagamentos via caixa dois para o João Santana. Isso ela sabia”.
Um não é um não. E um “veja bem”, ora, todos nós sabemos o valor de um “veja bem”.
O ministro é mais incisivo: “O senhor chegou a conversar com ela?”.
Odebrecht: “Não cheguei, ela sabia pelo nosso amigo”.
Como nem o vazador da Folha e nem a Folha citam quem seria o “amigo”, deixam para que o leitor imagine que seja Lula. Jornalismo imaginativo é assim.
Diante dos dois “nãos” de Odebrecht, só cabe ao ministro chegar à única conclusão possível:
“A sua impressão está clara. O senhor acha que ela sabia”.
“Sim”, disse Marcelo.
E o “achismo” de Marcelo Odebrecht transforma-se em manchete na primeira página da Folha de São Paulo: “Dilma sabia de caixa dois na campanha” seguida de uma vírgula malandra e a ressalva “diz Marcelo Odebrecht”.
Temer sabe de nada, inocente
Em relação ao jantar no Palácio do Jaburu em que Temer pediu dinheiro a Marcelo Odebrecht a Folha se esmera para transformar Temer em um idiota. As coisas acontecem na sua casa, mas ele não sabe de nada.
No jantar na casa de Temer estavam presentes, além do então vice-presidente decorativo, Odebrecht, Cláudio Melo Filho, vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, e Eliseu Padilha. Padilha, como sabemos, é o dono da tropa de “mulas” que abastecia as contas de Temer- apud José Yunes.
Vejamos como Marcelo descreve os acontecimentos.
“Não me lembro em nenhum momento de o Temer ter falado dos dez milhões, ter solicitado um apoio específico. Obviamente que fica aquela conversa de que: ‘Olha, a gente espera a contribuição de vocês; a gente tem aí um grupo que a gente precisa apoiar”.
"Olha, a gente espera a contribuição de vocês".
Se isso não é pedir dinheiro, é o quê? Só não acertou o valor.
“Teve um determinado momento, que eu me lembro bem, o Temer saiu da mesa, já no fim do jantar, e aí, eu, Cláudio e Padilha firmamos: ‘Oh, tá bom então. Vai ser doado dez, conforme você já acertou com o Cláudio, Padilha; desses dez, seis milhões vou direcionar para a campanha do Paulo, que ele me pediu, e vocês ficam com quatro para direcionar para os candidatos que vocês quiserem”.
Coisa de mafioso. Qualquer um que assistiu a um filme de gângster já viu essa cena. É como são protegidos os chefões – os capangas falam por eles e eles falam pela boca dos capangas. Assim, nos tribunais sempre poderão alegar:
“Nunca houve um pedido para mim, específico, do Temer”.
Entenda-se como que se quiser que significado tem o termo “especifico”.
A Folha entendeu assim: “Marcelo isentou Michel Temer da negociação de uma doação de R$ 10 milhões da Odebrecht para o PMDB”.
“Eu não vim para explicar, eu vim para confundir” era o lema de um ícone da contracultura da televisão brasileira dos anos 70 e 80 do século passado. Abelardo Barbosa – o Chacrinha. Como parte de seu show, Chacrinha costumava distribuir bacalhau e abacaxi ao seu público. “Vocês querem bacalhau?” era seu bordão.
Nota-se que, a partir do apoio da Folha de São Paulo ao Golpe de 2016, esse lema passou também a ser o novo manual da redação da Folha de São Paulo.
A Folha que aliás nem esperou a regulamentação da terceirização e já transferiu seus trabalhos de “jornalismo investigativo” para o site “O Antagonista”.
E assim, quem buscar informação na Folha vai receber bacalhau e abacaxi.
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(De Sérgio Saraiva, cineasta, titular do blog acima citado, post intitulado "Eu não vim para explicar - o jornalismo Chacrinha da Folha de S. Paulo" - aqui).
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