quarta-feira, 25 de setembro de 2013

SOBRE O PARTIDO DE MARINA SILVA


Marina, no limite entre ficar para 2018 ou se queimar em 2014

A ex-senadora Marina Silva deixou o Partido Verde (PV) em julho de 2011, já estudando formar um novo partido. O tempo foi passando sem que nenhuma iniciativa concreta fosse tomada e políticos simpatizantes interessados em acompanhá-la a cobraram antes das eleições municipais de 2012, quando faltava pouco mais de um ano para o prazo limite da criação de uma legenda a tempo de disputar a eleição de 2014. Ela disse a interlocutores parlamentares que deixaria a questão para 2013, esperando as eleições municipais passarem, para avaliar melhor a conjuntura.

Àquela altura o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ) disse que "ainda não estava clara a disposição de Marina Silva em criar o novo partido".

Só no final de fevereiro deste ano foi  iniciada a coleta de assinaturas para criar a chamada Rede Sustentabilidade. Praticamente sete meses para coletar 492 mil assinaturas, validá-las nos cartórios eleitorais e registrar a documentação necessária até o próximo dia 5 de outubro. O prazo era sabidamente curto.
Marina alega que colheu assinaturas suficientes e procura jogar a culpa na Justiça Eleitoral por eventual dificuldade em reunir quase 500 mil assinaturas válidas em um tempo muito pequeno. O Tribunal Superior Eleitoral recusa dar um "jeitinho", pois além do absurdo que seria um tribunal descumprir a lei, viraria uma farra a criação de qualquer partido no Brasil, ao dispensar o cumprimento das exigências legais mínimas.

Marina ameaça até recorrer ao Supremo Tribunal Federal caso o TSE não conceda o registro a tempo.
Mas ora, a lei é igual para todos e para o partido de Marina não pode ser diferente. Há vários partidos no Brasil que demoraram anos para serem criados. Alguns passaram duas eleições sem poder disputar porque ainda não tinham cumprido as exigências.

Caso não consiga, em um último esforço concentrado, cumprir as exigências, Marina Silva tem a opção de ingressar em outro partido até o dia 5 de outubro para se candidatar em 2014, ou terá de levar adiante o projeto de criar sua Rede independentemente do calendário eleitoral, possivelmente viabilizando-o para as eleições seguintes.

Mas aí ela terá de enfrentar outro problema: ingressar em outra legenda para disputar a presidência da República é a desconstrução da própria imagem política que Marina tenta emplacar. Primeiro porque parecerá que ela estaria usando uma legenda de "aluguel", contrariando todo o discurso contra as formas de fazer política que chama de convencionais – e frisemos que não está claro em que a Rede Sustentabilidade seria diferente dos demais partidos neste quesito.

Segundo, porque deixará politicamente órfãos quem se mobilizou na criação da Rede Sustentabilidade, desiludindo sua própria militância. Terceiro, porque iria para a campanha passando a imagem de que fracassou em seu projeto, afinal se não conseguiu mobilizar eleitores suficientes para endossarem a criação da legenda que ela própria diz considerar necessária, o cidadão eleitor questionará se um eventual governo Marina Silva também não desandaria.

Ficou complicada a situação da candidata a candidata, sem dúvida. E não adianta culpar o TSE. (Fonte: aqui).

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Semana passada, um político (não guardei o nome) que integrou a equipe encarregada da criação de seu partido declarou que, antevendo os atropelos burocráticos (na coleta de assinaturas, na conferência de dados pelos cartórios eleitorais), resolveu antecipar fortemente os trabalhos atinentes à criação da agremiação partidária. E arrematou: a ex-ministra Marina poderia muito bem ter feito o mesmo.
Caso a Rede não venha a ser criada, restará dizer a Marina Silva o velho ditado: A lei não socorre aos que dormem.

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