sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O BRASIL COM A PRÓPRIA CABEÇA


"O Brasil ainda tem uma mentalidade colonial, valorizamos aquilo que é do exterior, do Primeiro Mundo. Nós não pensamos com a nossa cabeça, importamos as coisas etc. e particularmente as ideias. Quando o mundo entra em crise, entra em crise todo um modelo, todo um pensamento, todo um conjunto de ideias. A teoria econômica, ortodoxa, convencional, prevalecente entrou em declínio. Então, o que é preciso fazer nos momentos de crise? O Brasil precisa pensar com a própria cabeça e olhar para dentro. Aí você vai descobrir que tem potencial de crescimento, problemas que precisam ser resolvidos, e deixa de olhar para uma miragem. Aquilo em que eles acreditam e desenvolvem vale para eles, não para nós. Então você tem nesses momentos de crise internacional um momento de crise também do pensamento econômico, de um modelo econômico, da estratégia de crescimento daqueles países… Hoje ninguém está querendo copiar alguma coisa da Europa ou dos EUA, que estão em crise em termos de pensamento. Então você vai ter de pensar com a própria cabeça. Essa é a grande mudança que permitiu ao Brasil avançar. Você deixa de priorizar a globalização e passa a priorizar os problemas de interesse doméstico. E enfrentar os problemas domésticos mais para valer. Porque o dinamismo não vai mais vir de fora, tem de ser aqui de dentro. E aquelas coisas de Consenso de Washington… isso já foi lá pra baixo. Então, na verdade, essa crise está derrubando um tipo de hegemonia política e ideológica de um pensamento que existiu. Isso abre espaço para você pensar o País."


(Ioshiaki Nakano, economista,  professor da Fundação Getúlio Vargas e diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. Atuou na Unicamp, foi consultor do Banco Mundial e participou de equipes gestoras do estado de São Paulo. O trecho acima foi pinçado de entrevista concedida à CartaCapital. O Brasil deve procurar, mesmo, é fortalecer-se internamente, expandindo os programas sociais, o crédito, os investimentos em infraestrutura, educação, saúde etc. Felizmente estão descartadas/desmoralizadas as diretrizes do neoliberalismo, capitaneadas pelo absolutismo do chamado Livre Mercado e a obsessão do Estado Mínimo).

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