segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
ABRINDO ALAS PARA O REI DO BAIÃO
Cinema público canta em coro nas filmagens de "Gonzaga: de pai para filho"
Começou (no domingo, 11), no Recife, uma das mais aguardadas produções cinematográficas brasileiras dos últimos anos. O drama biográfico Gonzaga: de pai para filho, o quarto longa-metragem de Breno Silveira, teve sua primeira sequência rodada no Marco Zero. No finalzinho da tarde, as luzes do palco se misturaram com o azul do céu quase escuro para iluminar um show que Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, teria feito na cidade no início da década de 1950. Cerca de 60 figurantes estavam na primeira fila, vestidos com roupas de época, alpercatas e chapéus – atrás deles o casario do Bairro do Recife.
As filmagens tiveram o apoio logístico da Prefeitura do Recife e serviram como uma das atrações da abertura do Ciclo Natalino do Recife. O público que foi conferir o jovem Luiz Gonzaga vivido pelo paulista Nivaldo Expedito de Carvalho, o Chambinho do Acordeon, participou ativamente da cena. O forrozeiro, de 31 anos, cantou três músicas de Gonzagão e logo caiu nas graças da plateia. Sem precisar de ensaio, Que nem jiló, A morte do vaqueiro e Asa branca foram acompanhadas em uníssono ao mínimo gesto de Chambinho. “Eu nasci em São Paulo por acidente, mas sou nordestino de coração”, confessou emocionado, assim que saiu do palco.
Apesar de não estar com o orçamento fechado, Breno Silveira disse que o filme deverá custar cerca de R$ 10 milhões. Em fevereiro, a equipe se dirige ao Sertão do Araripe para rodar cenas da infância de Luiz Gonzaga, até a partida para o Rio de Janeiro. “As filmagens no Rio serão muito complexas porque teremos que interferir na paisagem e colocar muitos carros antigos na rua. Como todo filme de época, a produção é muita cara”, avaliou o cineasta de 2 filhos de Francisco.
Mesmo com a produção já em andamento, o diretor ainda não concluiu a escalação do elenco. “Estou quase fechando o nome do ator que vai interpretar Luiz Gonzaga na velhice. Mais um pouquinho e todo mundo vai saber quem é”, disse em tom de suspense.
Além de resolver este problema, Breno Silveira vai aproveitar o hiato até fevereiro para finalizar o longa À beira do caminho, que tem como mote as canções de Roberto Carlos. “É um filme pequeno, bem diferente do que já fiz. Roberto já está liberando as músicas e só falta isso para ele ficar pronto. Tenho uma alma musical. Eu gostaria de me dedicar à música, mas não sei tocar nenhum instrumento”, confidenciou.
Em 2005, a história da dupla sertaneja Zezé de Camargo e Luciano foi responsável por levar aos cinemas mais de 5 milhões de espectadores. Graças ao apelo popular dos irmãos, o primeiro filme de Breno Silveira, um dos sócios da produtora carioca Conspiração Filmes, faturou milhões, muito embora os críticos não fossem muito simpáticos à obra. Agora, Breno está diante de um novo projeto musical: a produção do longa-metragem Gonzaga: de pai para filho, com lançamento previsto para 2012, ano do centenário de nascimento de Luiz Gonzaga.
Como em 2 filhos de Francisco, Breno Silvera pretende dar um recorte mais familiar à obra sobre Gonzaga. A produção se debruça, sobretudo, na relação entre Gonzagão e o filho, Gonzaguinha. "Desde 2 filhos de Francisco, vinha procurando uma história tão forte para rodar. Há cerca de seis anos recebi algumas fitas de Gonzaguinha e Gonzagão juntos na turnê Vidas viajantes e aquilo me inspirou, mas agora o filme tomou forma, fala da biografia de Luiz Gonzaga vista pelo seu filho. É uma história que tem a mesma força do meu primeiro filme".
Embora a relação entre pai e filho não fosse das mais tranquilas, Breno enfatiza o interesse de Gonzaguinha em se reconhecer através da história do pai. "Encontrei nessas fitas uma excelente história e um grande material para trabalhar a parte dramática e também a questão biográfica. Luiz Gonzaga é um personagem maravilhoso, é a raiz da cultura nordestina e ainda não havia nenhuma ficção sobre ele", analisou Breno. "O Gonzaguinha quis entender a história do pai e além disso entender a sua história. É a partir delas que faço uma volta ao passado", concluiu o cineasta de Brasília.
A turnê Vidas viajantes, realizada no início da década de 1980, marcou um momento mais ameno da relação entre os dois. Depois da morte da mãe Odaleia, Gonzaguinha foi criado pelos padrinhos Xavier Pinheiro e Leopoldina, desde os dois anos. Luiz Gonzaga o adotou depois, mas não aceitava a escolha do filho de também se tornar um músico e segundo um relato, desses que ficam famosos e aumentam graças ao boca a boca, quebrou o violão de Gonzaguinha. (Fonte: Jornal do Commercio).
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