UM BAMBA DA 7ª ARTE

As entrevistas da Paris Review
Quanto mais quente

Por Ailton Medeiros

Billy Wilder fez grandes filmes como “Crepúsculo dos deuses” (1950), “A montanha dos sete abutres” (1951), “Se meu apartamento falasse” (1960) - que lhe rendeu dois Oscar, melhor filme e melhor direção -, e “Quanto mais quente melhor” (1959), apontado pelos críticos como a melhor comédia de todos os tempos.

Também foi ótimo roteirista. Em parceria com Charles Brackett, escreveu clássicos como “Ninotchka” (1939), dirigido por Ernest Lubitsch, com Greta Garbo.

Em entrevista a Paris Review, publicada agora numa antologia pela Companhia das Letras, Wilder conta que sofreu um bocado com Humphrey Bogart quando rodava “Sabrina”.

- Toda noite, depois das filmagens, o pessoal vinha até meu escritório beber alguma coisa, e esqueci de convidá-lo uma ou duas vezes. Ficou possesso e nunca me perdoou.

Wilder revela que a fala final de “Quanto mais quente melhor” (“ninguém é perfeito”), foi uma solução provisória.

Durante uma semana ele e Diamond não conseguiram algo melhor, de modo que filmaram a cena, mesmo insatisfeitos.

- Quando o filme foi exibido, a fala final provocou uma das maiores gargalhadas que jamais ouvi num cinema. Nós simplesmente não tínhamos acreditado nela quando a escrevemos.

O autor de “Farrapo Humano” (1945) brinda o leitor com outra saborosa história. Quando Frank Capra filmou “Aconteceu naquela noite” (1934), com Claudette Colbert, terminada a última tomada, ela disse:

- Acabou, senhor Capra?

- Sim, terminamos!

- Certo. Então por que agora o senhor não vai se foder?

Ela achou o filme uma merda, mas ganhou um Oscar com ele.

Além de Billy Wilder, a antologia traz entrevistas com W. H. Auden, Jorge Luis Borges, Truman Capote, Louis-Ferdinand Celine, Ernest Hemingway, Primo Levi.

Leitura prazerosa e obrigatória!