Milton Friedman, guru dos monetaristas e pai dos ChicagoBoys, sempre negou a autoria da máxima 'Não Existe Almoço Grátis'. Preferia repetir sua velha lição de que 'ninguém gasta o dinheiro dos outros com o mesmo cuidado com que gasta o seu próprio'.
Eis que o Bolsa Família, após anos de malhação cruel a cargo de iluminados de naipes diversos Brasil afora, é citado como um dos responsáveis pela ampliação do mercado interno, estimulando a abertura de novos pequenos comércios e incrementando a arrecadação de tributos em geral. Sem contar os benefícios advindos da alimentação. Mas, existe almoço grátis?
Vale o registro: cerca de 31 milhões de brasileiros subiram de classe social entre os anos de 2003 e 2008, sendo mais de 19 milhões deles originários da classe E.
Segundo Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Varas, desde 2001 o Brasil vive um processo de redução da desigualdade. Neste período, a renda per capita dos 10% mais pobres da população subiu 72%, enquanto a dos 10% mais ricos cresceu, aproximadamente, 11%. Essa melhora no indicador foi impulsionada principalmente pela renda do trabalho.“Acho que essa redução de desigualdade foi a grande conquista da década. O fato de ser puxada em cerca de dois terços pela renda do trabalho significa que o brasileiro está gerando sua própria renda. O que temos observado é um boom no mercado de trabalho”. Segundo ele, os programas sociais ou aposentadorias foram responsáveis pelo outro um terço do movimento.
Em contrapartida, como já destacado, a assistência aos miseráveis fortaleceu o mercado interno, estimulou a arrecadação, melhorou a saúde das pessoas. Boa troca, bom escambo, pois não?
Em vista do exposto, parece claro que Friedman não tinha razão para renegar o dito. De fato, não existe almoço grátis.
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