Inauguro o 'Canto' com o livro 'Medra', de Cafu, poeta brasiliense. Estou com ele desde janeiro, não num canto, mas à mesa, com outros. É o grupo dos 'apegados'; os demais estão nas estantes, à espreita.
'Medra' traz, de cara, Paulo Leminsky:
"Que fazer com alguma coisa que não serve para nada, a não ser continuar vivendo, como um peixe-boi, um cactus, um tucano, um bicho-preguiça?
Saúde a vocês que fazem, saúde a vocês que curtem, pólos magnéticos por onde passa a faísca da poesia".
A faísca passa por Cafu, que prima pela sutileza e concisão.
A meu arbítrio, elegi cinco haicais (em alguns a autora usou técnicas do poema concreto, mas eu os converti ao formato de haicai), entre os muitos poemas de nossa parceira do Portal Luis Nassif:
LÍNGUAS DE FOGO
NO CALOR DO VERBO
TRANSPIRA O DIVINO
lua cheia
praia deserta
silêncio de prata
À FLOR DA PELE
PELO MENOS
PRIMAVERA
a poesia que eu queria
vaga solta vadia
no dia a dia
.
POETAS À MÍNGUA
FAZENDO MISÉRIAS
RIQUEZAS DA LÍNGUA
.
('MEDRA'. Cafu. 46 páginas. Projeto gráfico: Guilherme Mansur; Arlindo Diorio. Composição/impressão: Gráfica Ouro Preto Ltda. Capa: papel artesanal; Gráfica Mariana. Na última página, solitariamente, nonada, de Guimarães Rosa).
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