segunda-feira, 24 de maio de 2021

VOZES DAS QUEBRADORAS DE COCO BABAÇU E OUTRAS HEROÍNAS

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Nota prévia deste Blog: Em áreas ribeirinhas (Rio Parnaíba) do meio norte do Piauí há comunidades de quebradoras de coco babaçu. A microrregião compreendida por União, Lagoa Alegre, José de Freitas, Novo Nilo, Miguel Alves e Barras é pródiga em babaçuais nativos, embora muitos estejam inexplorados.


Por Carlos Alberto Mattos

Recorro aqui ao título de um documentário pouco conhecido de Eduardo Coutinho, que abordava o impacto de lideranças femininas em três comunidades de Recife, Rio e Porto Alegre. Betse de Paula foi bem mais longe, ao menos geograficamente, em VOZES DA FLORESTA. Saiu no encalço de mulheres no front de diversas lutas comunitárias em lugares remotos como reservas indígenas em Roraima, plantações de babaçu no Maranhão, reservas extrativistas e áreas próximas à usina de Belo Monte no Pará.

As personagens reúnem de Joênia Wapishana, tida como a primeira advogada indígena do país, a Odila Godinho, ativista ribeirinha que administra uma hospedaria para turistas às margens do rio Tapajós. São dirigentes sindicais, líder quilombola, vereadora pelo PT e militantes de movimentos de atingidos por barragens e pela Base Espacial de Alcântara. O registro dessa diversidade do protagonismo feminino na organização de grupos sociais é de um valor inegável.

O roteiro e a edição, ambos a cargo de Tyrrell Spencer (Cidades Fantasmas), enlaça falas, cenas de observação do entorno (com muitas imagens de grande beleza) e gravações de manifestações. No fim das contas, o documentário enfrenta uma dificuldade na dependência muito grande que mantém dos depoimentos. Nem todas têm a vivacidade de uma Sonia Guajajara ou são mostradas no contexto de atividades interessantes como a quebração de coco de babaçu ou a faina ribeirinha paraense. A verbalização às vezes corre o risco de soar maçante, por mais que as experiências relatadas tenham seu apelo social e político.

Ainda assim, de tudo emerge uma força e uma paixão legítima daquelas mulheres pela sua cultura e pela causa que defendem. Uma vez que o material foi filmado já há quatro ou cinco anos, fica a interrogação: como estarão essas bravas cidadãs no Brasil atrofiado de hoje, cujo governo certamente as tem como inimigas?  -  (Para continuar, clique Aqui).

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