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"As senadoras são interrompidas ou são consideradas gritonas ou não conseguem falar. Na semana passada, Leila Barros quase foi chamada de histérica pelo bolsonarista Marcos Rogério, o mais agressivo de todos."
(em 1º plano), com o senador Ciro Nogueira.
Por Moisés Mendes
O jornalismo brasileiro da grande imprensa faz descobertas tardias. Reportagem de Anna Virginia Balloussier e Angela Boldrini na Folha denuncia o machismo da CPI do Genocídio contra as mulheres senadoras.
As senadoras são interrompidas ou são consideradas gritonas ou não conseguem falar. Na semana passada, Leila Barros quase foi chamada de histérica pelo bolsonarista Marcos Rogério, o mais agressivo de todos.
Elas são discriminadas porque estão ali tentando marcar presença, mas não fazem parte da comissão. Simone Tebet, Eliziane Gama, Soraya Thronicke, Katia Abreu, Leila Barros são tratadas como senadoras de segunda linha.
Os homens não quiseram mulheres como integrantes de CPI. Elas são apenas convidadas para falar e fazer perguntas.
Agora, tente encontrar uma reportagem da Folha de 2016 (não valem os textos de opinião de gente que nem é do jornal) sobre o machismo que derrubou Dilma.
Vamos achar textos sobre guerra híbrida, sobre interferências externas diversas, mas não há uma reportagem, uma só, mostrando que Dilma foi derrubada mesmo pelo Brasil arcaico.
O Brasil machão e bandido, esse dos grileiros e desmatadores donos das boiadas exaltadas por Ricardo Salles, esse Brasil derrubou Dilma ao lado do Brasil da bala, da Bíblia, do agronegócio sulista, do pato amarelo da Avenida Paulista.
As senadoras estão passando na CPI o que Dilma enfrentou e o que a deputada Maria do Rosário conhece muito bem. A marca da política brasileira pré-Bolsonaro é a da agressão a mulheres, negros, gays, de preferência se forem pobres.
Bolsonaro só potencializou uma realidade às vezes camuflada pela própria imprensa que descobre agora o machismo na CPI do Genocídio. O machismo mata 10 mulheres por dia no Brasil.
Que se reconheça o mérito das autoras da reportagem, Virginia Balloussier e Angela Boldrini, até porque podem ter passado por cima de comandos machistas dentro da própria redação para conseguir publicar o texto.
Mas que não se perdoe a omissão de Folha, Globo e Estadão, todos cúmplices do golpe machista contra Dilma. Até as mulheres que ajudaram a derrubar Dilma foram machistas. ... (Fonte: Diário do Centro do Mundo - Aqui).
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