sexta-feira, 8 de maio de 2020

COMO ARRUINAR MICROEMPRESAS

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O crédito é o oxigênio das empresas, o parceiro dos empreendedores, o garantidor da mão de obra, o supridor do governo (tributos). A contribuição das pequenas e micro empresas - a exemplo do que se observa na agricultura familiar (responsável por 64% dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros) - é vital e requer o devido zelo por parte de qualquer país que se pretenda sério. Dois meses depois da eclosão da crise coronavírus, pergunta-se: Qual a performance do governo e dos bancos em geral relativamente ao quadro dantesco que se materializa?


Por Fernando Brito

Sabe aquela pantomima de ontem no Supremo?
Não a chame de manifestação dos empresários, mas de grandes empresários, justo os que estão recebendo gorda ajuda do governo Bolsonaro-Paulo Guedes.
Porque os pequenos, justamente os que estão sendo arruinados pela crise do coronavírus e aqueles que, de fato, empregam três quartos dos brasileiros não merecem nada.
As linhas de crédito oficiais colocaram, acredite você, um limite mínimo de faturamento anual – R$ 360 mil – para obter o crédito pela taxa oficial de juros. Portanto, as lojinhas, pequenas oficinas, portinhas que empregam um, dois, três cidadãos ficaram de fora, dependendo de uma lei, já aprovada – mas não sancionada pelo presidente.
Agora, o Estadão publica o saldo da espalhafatosamente anunciada iniciativa de financiar as folhas de pagamento das empresas: só 1% dos R$ 40 bilhões anunciados foi, de fato, emprestado depois de um mês de vigência. Dos 12 milhões de trabalhadores que disseram ser beneficiados, reduz-se, de fato, a 304 mil que tiveram seus salários financiados.
A razão é simples, embora não passe pela cabeça dos que vivem no mundo da fantasia do grande capital: pequenas empresas não processam suas folhas de pagamentos, porque não faz sentido fazer isso para um pequeno número de empregados e isso custa um dinheiro que elas não têm.
Só no Distrito Federal, a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), que reúne mais de 4 mil associados, estima que 95% das empresas estão tendo dificuldades para acessar a linha. “O governo fala que existe a linha, mas muita gente não consegue acessar, porque os bancos precisam que a folha seja paga dentro do sistema”, afirma o presidente da CDL-DF, José Carlos Magalhães Pinto.
As empresas desenquadradas são impedidas de acessar a linha de crédito com a menor taxa de juros do mercado: 3,75% ao ano. Para se ter uma ideia, o crédito via desconto de duplicatas – bastante usado no financiamento do giro de empresas – possui hoje custo médio de 14,5% ao ano. Já uma empresa que cair no cheque especial pagará juro médio de 312% ao ano.
Portanto, os milhares de microempresários vão demitir milhões de trabalhadores, porque nem mesmo têm duplicatas a descontar.
Terão de escolher entre demitir ou falir. Ou talvez ambos, sem escolha.  -  (Fonte: Tijolaço - Aqui).

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