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"Levantamento divulgado recentemente pelo Fórum Econômico Mundial alertou que a crise econômica de 2008 continua a afetar negativamente o mercado, e deixou claro que grande parte da população não foi beneficiada pelos US$ 10 trilhões injetados no socorro às economias ao longo da última década."
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Nenhuma estranheza: a cifra monumental (estatal: governo EUA) foi direcionada a bancos e corretoras privados, em maus lençóis em face das 'moedas podres' (derivativos) e hipotecas fajutas (sem lastro) que espalharam pelo 'mercado global'. Argumento do governo: se tais 'entes' quebrassem, arrastariam o mundo para a ruína (risco sistêmico). Por considerável período o Brasil 'ficou de fora' graças à política de fortalecimento do mercado interno (governo Lula), entre outras, que resultou na formação de "colchão de liquidez" (reservas: US$ 370 BI; investimento público ascendente; programas sociais fortalecidos...). Mas a 'crise dos outros' (somada a equívocos internos) acabou por repercutir fortemente sobre seus interesses.
As manifestações populares vistas em cidades como Santiago, Barcelona, Hong Kong e Bagdá mostram que a ira contra as autoridades tem ganhado força recentemente, principalmente devido à descrença em relação aos compromissos estabelecidos pelos líderes em relação a servir os cidadãos.
“Abusados em suas inteligências, sofrendo para pagar suas contas e fartos de uma elite que insiste em não reconhecer a disparidade de renda cada vez maior na sociedade, esses locais foram tomados por um profundo desgosto em relação à autoridade”, afirma o articulista Jamil Chade em artigo publicado no jornal El País.
Existem muitos questionamentos sobre o que tem levado a esse levante popular em países com características tão diferentes, e um dos pontos que ajudam a explicar tal quadro é a constatação do fracasso em atender quem realmente precisa.
Levantamento divulgado recentemente pelo Fórum Econômico Mundial alertou que a crise econômica de 2008 continua a afetar negativamente o mercado, e deixou claro que grande parte da população não foi beneficiada pelos US$ 10 trilhões injetados no socorro às economias ao longo da última década.
Essa crise foi traduzida de forma diferente nas ruas, mas o elemento da fúria contra “tudo o que está aí” é comum em todas. E quem se aproveita da cegueira causada pela fúria é o movimento populista – que pode aproveitar essa raiva e canalizá-la a seu favor, prometendo soluções fáceis.
Na visão de Jamil Chade, o chamado mundo livre está em uma encruzilhada. Caso as elites não ouçam os clamores da sociedade civil e não ocorra uma transformação do sistema político, tanto sua permanência no poder como a própria democracia podem estar em jogo. - (Aqui).
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