No apagar das luzes de 2017, Jânio de Freitas oferece um aperitivo do que será 2018, um ano que promete ebulições, notadamente no âmbito do Judiciário (e não se está a falar em supersalários e privilégios). Por mais que a balbúrdia e a fogueira das vaidades que se viu nos últimos tempos possam ser consideradas o máximo a que se poderia chegar...
Só para esquentar
Por Jânio de Freitas
Para um ano que promete grande fermentação, janeiro quer se mostrar à altura, senão mais, do que seus sucessores. Sem sequer esperar pelo julgamento de Lula no dia 24, uma promessa de reabertura da velha tradição das nossas eleições. Antes disso, dois casos insinuam superar a mesmice em que caíram os alto-falantes das Lava Jatos curitibana e carioca –exceto só os R$ 50 milhões batidos que a Odebrecht e a Andrade Gutierrez informaram haver pago a Aécio Neves, quando governador de Minas.
A crítica de que o Judiciário não recebeu as atenções da Lava Jato cresceu desde que o poder político do Estado do Rio se tornou alvo. Pois agora, um dos mais graúdos e mais conhecedores dos subterrâneos do seu meio, preso sem esperar complacências, revelou a amigos a disposição de abrir a cortina do Judiciário. Iniciativa que criaria na Lava Jato uma etapa diferente de tudo o que houve até aqui. A sensibilidade do Judiciário é muito maior que a dos demais poderes, não sendo necessário grande número de acusações para irradiar uma crise. Além disso, cada figura atingida, com veracidade ou não, como é do método da Lava Jato, em princípio desfruta das condições materiais para mover seus interesses em tribunais, quer dizer, é sempre alguém de notoriedade. O que inclui Brasília.
Ainda no Judiciário, o confronto envolvendo o juiz Glaucenir Oliveira, de Campos (RJ), e naturalmente Gilmar Mendes, transborda esquisitices. Esse juiz, dado a incidentes, fixado em demolir Anthony e Rosinha Garotinho, surgiu nas redes em uma gravação de acusações gravíssimas e insultos muito fortes ao ministro. No que disse de mais barato, o ex-governador pagou a Gilmar pelo habeas-corpus para tirá-lo da prisão. "Uma mala grande", diz Oliveira ter ouvido de "gente de dentro". Versão mais do inverossímil, tanto pelo pagador como pelo recebedor.
Mas por que a caça, não de agora, ao ex-governador? Até delegado da Polícia Federal já se complicou nesse tiro ao alvo. "Briga de grupos políticos". "Disputa de domínio religioso". "É um esquema para tirar Garotinho da disputa pelo governo do Estado". Tudo isso, e mais alguma coisa, é possível. Mas não explica a ausência da PF na apuração de atos, inclusive de aparência oficial, que ferem liberdades democráticas em geral e, em particular, direitos político-eleitorais.
Divulgada a gravação de ataque a Gilmar Mendes, seu imediato pedido de ação da PF resultou na informação de que a autenticidade da voz do juiz seria logo verificada. Investigação em sigilo, vá lá, porém em mais de uma semana não se teve notícia do que levaria apenas minutos. Com várias reputações em jogo.
O texto de solidariedade ao ministro, por dez integrantes do STJ, parece feito para evitar que a pedra posta sobre o assunto se transforme em lápide. E, conquanto não seja pouca a opinião de que Gilmar Mendes provoca reações crescentes, está sendo articulado o afastamento do juiz Glaucenir Oliveira. O que resolve um lado do problema, mas não o outro. A cúpula do Judiciário mais se divide do que se recompõe.
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Jô e Jr.
"Estamos precisando de humor neste país" –é o que me diz a sabedoria de Matinas Suzuki (há um "Jr." ainda). Tanto concordo que digo aqui: colha e faça seu o humor, a originalidade dos casos, os casos de todas as origens, postos na "autobiografia desautorizada" que é "O Livro de Jô", feito pelo próprio e por Matinas. - (Aqui).
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