'EUA não podem continuar intervindo e derrubando governos na América Latina', diz Bernie Sanders
Do Opera Mundi
O pré-candidato do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos Bernie Sanders disse nesta segunda-feira (18/04) que a política intervencionista de seu país na América Latina deve terminar para iniciar um novo período baseado no "respeito mútuo".
"Os Estados Unidos não podem continuar intervindo na América Latina e derrubando governos ou tentando desestabilizá-los por razões econômicas", acrescentou o pré-candidato em uma conversa com o vocalista do grupo porto-riquenho Calle 13, René Pérez “Residente”, cujo vídeo foi publicado na página de Sanders no Facebook.
"Temos que ser honestos. A história dos Estados Unidos em relação à América Latina foi a de uma nação poderosa, com o exército mais forte do mundo, dizendo: 'Não gostamos deste governo, vamos derrubá-lo'", disse o senador pelo estado de Vermont, acrescentando que "caos" e "massacres" sucederam esses golpes de Estado. "O futuro de cada país deve ser decidido por seu povo, não pelos Estados Unidos", afirmou.
Sanders, que concorre com a ex-secretária de Estado Hillary Clinton pela candidatura democrata à Presidência dos EUA, afirmou que se chegar à Casa Branca fomentará "uma nova relação (com a América Latina) baseada no respeito mútuo" e criticou a atual administração do presidente Barack Obama por não ter feito o mesmo.
O vocalista do Calle 13 comentou sobre a relação de Hillary com o ex-secretário de Estado Henry Kissinger, que é apontado como um dos responsáveis por promover os golpes militares dos anos 1970 no Cone Sul: "Não compreendo como um latino pode apoiar a mesma candidata que apoia Kissinger, que tanto prejuízo causou para a América Latina".
Sanders se mostrou de acordo com o vocalista porto-riquenho ao confirmar que Kissinger “causou prejuízo” à América Latina. O pré-candidato se referiu especificamente ao golpe de Estado contra Salvador Allende no Chile, em 1973. "Não é um segredo que Allende foi derrubado pela CIA e que após isso surgiu um governo neofascista que foi responsável pelo assassinato de milhares de pessoas. Isso é inaceitável", disse Sanders.
O pré-candidato também mencionou sua viagem à Nicarágua durante os anos 1980 para mostrar sua rejeição ao apoio dos Estados Unidos e do presidente Ronald Reagan aos Contras, um grupo armado financiado pelo governo norte-americano para lutar contra a Revolução Sandinista.
Entre outros temas, Sanders se mostrou contrário à vigilância indiscriminada perpetrada pela NSA (Agência Nacional de Segurança) dos EUA e por corporações, “que mantêm registros de tudo que fazemos”, afirmou. O pré-candidato também se mostrou favorável a tornar Porto Rico um Estado de pleno direito dos EUA, já que atualmente é um Estado Livre Associado, e de promover um referendo para que seus cidadãos possam decidir sobre o status político da ilha, com a independência entre as opções.
Bernie Sanders e Hillary Clinton se enfrentam nesta terça-feira (19/04) nas primárias do Estado de Nova York, nas quais Hillary parte como favorita, segundo a maioria das pesquisas. (Aqui).
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Frei Betto, aqui: 'EUA farão de tudo para que nosso continente volte a ser o quintal deles".
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São remotíssimas as chances de o pré candidato Sanders vir a ser indicado pelo Partido Democrata à presidência e mais ainda de chegar à Casa Branca. O post, porém, é interessante na medida em que se trata de diagnóstico feito por um líder político norte-americano. Talvez Obama concorde com Sanders, mas 'compreende' que os interesses geopolíticos da metrópole prevalecem sobre sua eventual impressão pessoal.
Quanto ao Brasil, o fato de o grupo que pleiteia a tomada do Planalto haver mandado senador aos EUA para explicar os últimos acontecimentos é encarado por muitos compatriotas como simples gesto de política da boa vizinhança...
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