domingo, 22 de junho de 2014
COPA 2014: O MEA-CULPA DE OPONENTES DO BRASIL
"O Brasil venceu, antes do final da Copa, o maior de todos os desafios apresentados desde a escolha do país para sediar o Mundial. Está vencida a desconfiança com a capacidade de realização do evento, estimulada durante anos pelas previsões pessimistas que envolveram principalmente a gestão das obras. Já não valem mais nada os anúncios alarmistas, muitos dos quais sustentados categoricamente, sobre estádios que não ficariam prontos, o caos nos aeroportos e os transtornos com o transporte nas 12 cidades que acolhem os jogos. Entramos agora na segunda semana da competição, e alguns riscos e falhas permanecem, como os relacionados com questões pontuais das comunicações e outros detalhes da organização nos estádios. Mas as grandes interrogações estão desde já superadas. Um balanço parcial do que aconteceu até agora livra o país da ameaça de um fracasso, fomentado pelos que, sob o pretexto de alertar para nossas deficiências, torciam contra o próprio país. O negativismo misturou-se, desde 2007, quando do anúncio da escolha do Brasil, a críticas sensatas sobre a conveniência da realização do Mundial em meio a tantas carências em áreas essenciais. Discordâncias bem fundamentadas apontavam que deveríamos dar prioridade a outras demandas mais urgentes. Os pontos de vista conflitantes se defrontaram até agora, e muitos dos críticos ainda mantêm a certeza de que o governo brasileiro errou ao lutar, com organizações privadas, para que fôssemos sede do Mundial. Nada que não deva ser encarado como natural. O que passou dos limites foi a insistência com que setores contrariados passaram a desqualificar o próprio país, antecipando o fracasso do evento, pelos mais variados motivos. Não fracassamos, e finalmente o Brasil tem suas virtudes como organizador da Copa reconhecidas pelas delegações e pela imprensa internacional. The New York Times, Wall Street Journal e The Guardian, alguns dos mais respeitados jornais do mundo, passaram a observar que os visitantes convivem hoje apenas com falhas desculpáveis em eventos com essa grandeza. É esta visão do Exterior que, ao final da competição, oferecerá a todos a imagem do Brasil. A avaliação positiva não deve, no entanto, induzir ao engano de que todas as dúvidas suscitadas foram satisfatoriamente respondidas. O setor público ainda deve aos brasileiros informações esclarecedoras sobre a participação de recursos governamentais, para que a transparência passe a fazer parte dos aspectos a serem enfatizados. Também as previsões sobre possíveis transtornos com greves e protestos de rua não se confirmaram, e o que se vê, ao contrário, são as 12 cidades, sem maiores atropelos em seu dia a dia, orgulhosas como anfitriãs. Confirma-se assim, com a hospitalidade brasileira que os estrangeiros reconhecem e agradecem, uma qualidade que nunca foi posta em dúvida."
(editorial da RBS sobre a Copa do Mundo, que circula também no Jornal de Santa Catarina, de Blumenau, e A Notícia, de Joinville, e cremos, em todos os jornais do grupo no Rio Grande do Sul.
Entre os muitos comentários suscitados por leitores do Jornal GGN, aqui, destaco o seguinte, de Marco St:
"Estratégia óbvia. Com o sucesso da Copa estava claro que a mídia não deixaria de embarcar nessa onda. Se antes o eventual 'fracasso' era total 'responsabilidade' do governo federal, o sucesso agora é obra de todos os brasileiros e é natural que estejamos "todos juntos" para desfrutar desse belo legado...
Quando a Copa acabar, aí sim, a mídia poderá voltar a buscar todas as falhas, erros e gastos que ocorreram na Copa e culpar o governo federal, nos brindando com o pessimismo novamente.
Imagina nas Olimpíadas!
A imprensa brasileira, até agora, foi a única que nos envergonhou."
O fato é que está em curso, desde o anúncio da escolha do Brasil como sede da Copa, em 2007, uma disputa entre o Brasil e o Time do Contra, composto por potências midiáticas e setores das elites nacionais. O time citado cumpre fielmente o script: aposta na incompetência governamental e na prevalência do caos. Eis que agora, desapontados em face de elogios generalizados - inclusive e especialmente da imprensa mundial -, eméritos integrantes do time aparentam jogar a toalha. Mas, ressalte-se, é só aparência; a disputa continua. Sintomaticamente, a Folha de São Paulo, em editorial de ontem, 21, ressalva: "Se o país pode se orgulhar da Copa que exibe ao mundo até agora, convém, como o próprio futebol ensina, esperar o apito final para cantar vitória --sobretudo em um torneio tão imprevisível quanto este."
O editorial da Folha motivou - aqui - comentários interessantes, bem como uma apreciação crítica acerca de termos e expressões utilizados pela Folha, viúva do caos que não se confirmou).
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