segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O DRAMÁTICO DESABAFO DE DANUZA (II)


Em crônica recente - clique aqui -, Danuza Leão alinhou uma série de lamentações relativamente à morte de certas exclusividades sociais, prazeres até certo tempo restritos aos iluminados de fino trato e que de repente passaram a ser usufruíveis até mesmo por porteiros.

Ante a enxurrada de manifestações indignadas que a crônica suscitou, Danuza, em post scriptum, retornou à matéria:

"PS 2 - Escrevo na Folha há dez anos; são mais de 500 colunas, e acho que nesse longo tempo já deu -ou deveria ter dado- para saber quem eu sou. Reli o que escrevi na minha última crônica, refleti sobre o que queria verdadeiramente dizer e cheguei ao seguinte: nós, seres humanos, somos únicos, ricos ou pobres, gênios ou pessoas comuns, e essa é a grande riqueza da vida: não existem duas pessoas iguais, e ninguém quer ser igual ao outro. Se eu comprasse o mais lindo vestido para uma festa e lá encontrasse Madonna com um igual, talvez voltasse em casa para trocar o meu. Se comprasse um iate com 38 cabines, com uma tripulação vestida por Jean Paul Gaulthier, e cruzasse com outro igual, pertencente a Donald Trump, meu brinquedinho perderia a graça. Porque faz parte querer ser original e único, por isso os artistas, os costureiros, os arquitetos, os decoradores, os escritores, os médicos, os cientistas, todos trabalham para conseguir que suas obras sejam as melhores e, consequentemente, únicas. Existem dois tipos de pessoa: os que vivem para seguir o que está na moda em matéria de viagens, estilo, restaurantes, hotéis, etc., enquanto outros preferem viver na contramão. Eu pertenço ao segundo grupo: não gosto de multidões, não vou a shows, não vou a festas, não vou a restaurantes da moda e não viajo na alta estação, prefiro ficar em casa lendo um livro; falei sobre o porteiro como poderia ter falado sobre qualquer pessoa que faz parte dessa multidão que passa a vida indo atrás do que ouviu dizer que está "in", o que para mim é apenas impossível. Lamento, foi um exemplo infeliz."

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Com boa vontade, concluímos que Danuza se penitencia pelas impressões externadas. Mas, pô, quanta miopia, quanta futilidade, quanta frivolidade!

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