Ao decidir que a série "O Menino da Lua" terá dez volumes, Ziraldo, 77, garantiu mais alguns anos de trabalho -e, diz ele, outros tantos de vida. "Vou escrever um por ano", afirma à Folha. "Foi o jeito que eu inventei para enganar a morte."
O projeto começou em 2006. Hoje, amanhã e nos dias 21 e 22, às 15h, o autor lança e autografa o terceiro volume, "O Menino da Terra", durante a Bienal Internacional do Livro de São Paulo.
Enquanto Ziraldo segue com a criação desse garoto lunar, outro de seus rapazes comemora 30 anos de idade: "O Menino Maluquinho" chega à centésima edição.
A história do personagem começou durante a feira literária. Em 1980, foi durante o evento que publicou o livro, com 5.000 exemplares.
O garoto já nasceu espevitado. Antes de a Bienal chegar ao fim, outras duas tiragens já haviam rodado, somando mais 10 mil exemplares. A soma, hoje, é de 2,8 milhões de livros vendidos.
Agora, a editora Melhoramentos --na qual Ziraldo já publicou mais de cem obras-- o homenageia com uma edição de colecionador de 2.000 exemplares.
O formato de luxo traz depoimentos de ícones como Ruth Rocha, Fernanda Montenegro e Zuenir Ventura e não será vendido. Uma versão mais simples deve chegar às livrarias.
"Não é todo dia que você chega a cem edições e ainda produzindo", comemora Ziraldo. "Vão ter de me abater com um tiro", brinca.
Da Bienal de 1980 para a deste ano, o autor se tornou visitante assíduo do evento. "Não mudou nada, só aumentou a fila", compara.
"Assim como o Calvin [personagem de Bill Watterson] é o típico garoto americano, o Menino Maluquinho é o brasileiro. Ele tem piedade e abraça, é o menininho que todo o pai quer ter."
(...)
"Ele não é um exemplo de obediência", concorda. Mas faz troça das sugestões de revisar o texto. "O livro é uma instituição, não mexo nele."
O mesmo vale para fazer uma versão adolescente, a exemplo dos recentes "Turma da Mônica Jovem" e "Luluzinha Teen". "Não se envelhece um personagem!"
Apesar de ter ido de Minas ao Rio, em 1948, com o intuito de se tornar autor de HQs, foi nas charges cômicas e nos livros infantojuvenis que Ziraldo se consagrou.
"Entrei para o humor e abandonei os quadrinhos! É outra raça", brinca. Elogia a geração atual: "Há os geniozinhos, como Ivan Reis, que desenham como deuses". (Folha Ilustrada).
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