quarta-feira, 7 de julho de 2010

O BOLSA ÀS AVESSAS


Os críticos do Bolsa Família passaram anos a execrá-lo. Esmoleiro, eleitoreiro, o escambau. A miséria absoluta deveria, segundo os neocons, ser combatida mediante outros meios, descartado, a priori, o ônus para o Estado, já tão paquidérmico.

De repente, eis que o Programa passa a ter seus méritos reconhecidos. Vejamos parte da comovente notícia hoje estampada no jornal O Globo:

"O comando de campanha do PSDB entregou ao candidato tucano à Presidência, José Serra, o esboço de um plano de elevação gradual do valor do Bolsa Família.

O partido avalia que, para uma família ultrapassar a linha da pobreza, o benefício deveria chegar ao teto de R$ 255. Atualmente, o valor pago pelo governo federal vai de R$ 22 a R$ 200.

Para dar base à estimativa — embora ainda se discuta se esse teto pode ser incorporado imediatamente ao discurso de Serra —, a área econômica da campanha analisou o impacto do benefício nos cofres públicos.

Pelas contas dos tucanos, passaria de 0,4% do PIB (pelos valores atuais) para 1,5%, considerado viável diante das previsões otimistas da economia.

O aumento em quase três vezes a projeção sobre o PIB se justifica por outro estudo na campanha de Serra, que recorreu às projeções da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, para reforçar a tese de que, pelo menos, mais 3 milhões de famílias podem ser assistidas pelo Bolsa Família.

Atualmente, o benefício é pago a 12 milhões de famílias. O discurso tucano é o de alcançar esse universo 'abandonado pelo governo federal'. (...)"
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Além do comovente propósito de elevar o teto do Bolsa e passar a contemplar o universo (de 3 milhões de famílias) hoje "abandonado pelo governo federal", o comando sustenta que as iniciativas são viáveis "diante das previsões otimistas da economia".

Que realismo fantástico!

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