quinta-feira, 14 de maio de 2020

ESTADOS NÃO QUEBRAM, BRAVATAS NÃO FUNCIONAM

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O presidente Bolsonaro afirmou que, por ele, nenhum estabelecimento comercial fecharia, 'a exemplo do que fez a Suécia'. Ocorre que a Suécia está em situação péssima quando comparada a suas vizinhas nórdicas Noruega e Dinamarca, que adotaram cautelas rigorosas. E nem é preciso falar na distância monumental entre os indicadores econômicos e sociais de Suécia e Brasil. Quanto à utilização da cloroquina, seria interessante que todos se inteirassem de detalhes sobre o 'Protocolo de Floriano', coordenado por Marina Bucar, médica nascida naquela cidade do nosso estado do Piauí e que integra a equipe médica atuante na Espanha, atualmente de saída do drama da covid-19. O Protocolo posto em prática pela prefeitura de Floriano contempla o uso da cloroquina desde os sintomas iniciais da infecção.
(ADENDO: Relativamente à Suécia, clique Aqui).


Não é verdade que falta dinheiro para pagar servidor, como disse Bolsonaro 

Por José Paulo Kupfer 


Já se perdeu a conta de quantas bravatas o presidente Jair Bolsonaro solta nas suas passagens diárias pelos cercadinhos de correligionários e jornalistas, na saída do Palácio da Alvorada, residência oficial do chefe do Executivo brasileiro. Ao ameaçar com falta de dinheiro para pagar o servidor público, em declaração nesta quinta-feira (14), cometeu mais uma dessas bravatas. 

Também pode ser incluída naquele grupo das afirmações sem base, a declaração de Bolsonaro segundo a qual "o Brasil está virando um país de pobres". O presidente não apresentou nenhum dado para sustentar o que disse, mas os dados mostram que o Brasil é um país pobre de longa data. 

Pelo menos metade dos cidadãos brasileiros, nos dias de hoje, vive com renda média per capita de R$ 413 mensais, nem 40% do salário mínimo. Já o grupo dos 30% mais pobres, cerca de 60 milhões de pessoas, sobrevive com renda mensal de R$ 269.

O contexto das duas declarações de Bolsonaro é a briga com governadores e prefeitos em relação às medidas de isolamento social decorrentes da propagação do contágio e das mortes causadas pela Covid-19. O presidente pode até querer suspender ou reduzir os salários dos servidores federais. Resta saber se conseguirá, sem combinar com os demais Poderes da República. De qualquer maneira, é certeza certíssima de que não faltaria dinheiro para cumprir a folha de pagamento do funcionalismo federal.

Apesar das ameaças sacadas volta e meia por governantes e políticos que não querem aumentar os gastos públicos, Estados não quebram e, a rigor, a eles jamais faltarão recursos. Se a arrecadação de tributos não cobre o total de gastos, Estados podem recorrer ao endividamento público para atender a despesas consideradas imprescindíveis.

Nem mesmo países encrencados com dívidas públicas em moeda estrangeira, como a Argentina e a Grécia, para lembrar casos recentes, de fato "quebraram". Tanto que estão aí hoje, bem ou mal, tocando a vida. Quando ao Brasil, cujo endividamento em moeda estrangeira é perfeitamente coberto pelas reservas internacionais, e sua dívida pública, ainda que alta, é denominada em moeda local, a situação pode não ser tranquila, mas é administrável.  -  (Para continuar, clique Aqui).

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