quinta-feira, 21 de maio de 2020

A PANDEMIA DO OPINIONISMO NO PAÍS DOS BIZANTINOS, POR LUIS NASSIF

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"Bizâncio seria fichinha perto dessa quadra da história, da falta de objetividade, do culto da irrelevância. Está certo que isolamento e cabeça vazia são a oficina do diabo. Mas é o que acontece quando todo mundo fica à espera de um anjo salvador improvável." 


O opinionismo nacional adquiriu ares de pandemia
Há uma crise colossal em andamento. E uma incógnita sobre os desdobramentos políticos. Some-se a incrível capacidade de Bolsonaro de gerar factoides irrelevantes, e a indizível falta de discernimento das hostes virtuais e  e se terá o caldeirão do opinionismo pandêmico.
É palpite taxativo em qualquer direção. Uma frase mal formulada, um YouTuber cretino, um besteirol do Presidente, uma entrevista com um influenciador, qualquer desculpa é motivo para discussões acesas, frases lacradoras, ranking de likes, laivos de genialidade em 140 toques, eu-te-laico-tu-me-laicas, se-me-segue-eu-te-sigo, se-me-citas-eu-te-cito e, de like em like, vai sendo construindo um novo padrão de marketing pessoal.
E assim, no espaço virtual,  opina o leigo, opina o douto e o economista, opina a besta e o especialista, todo mundo vai opinar. Opina o cético, o moleque e o caquético, o saudável e o morfético, o sincrético e o crente, o veraz e o que mente, o sóbrio e o demente, o que importa é opinar.
Todos tendo em comum o comportamento apoplético, dos que se indignam com a razão e dos anti-ignorância, e dos que são intolerantes contra qualquer intolerância, de indignados modestos aos que agem com petulância.
Bizâncio seria fichinha perto dessa quadra da história, da falta de objetividade, do culto da irrelevância. Está certo que isolamento e cabeça vazia são a oficina do diabo. Mas é o que acontece quando todo mundo fica à espera de um anjo salvador improvável.  -  (Jornal GGN - Aqui).

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Conclusão: Da discussão nem sempre nasce a luz - ou, quando aparece a luz no fim do túnel, provavelmente é a de um trem vindo em sentido contrário.

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