quinta-feira, 23 de outubro de 2014

ELEIÇÕES 2014: O SUCESSO PARCIAL DO CATASTROFISMO MIDIÁTICO


"Datafolha do otimismo" sugere derrota da mídia na cobertura econômica

Do Jornal GGN

A leitura da pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (22) mostra que o brasileiro não engoliu o terrorismo midiático feito em torno da gestão econômica de Dilma Rousseff (PT) nos últimos anos. Essa é a avaliação do cientista político da UFRJ e coordenador do projeto Manchetômetro, João Feres Júnior.

Segundo o Datafolha, caiu de 50% para 31% o número de eleitores que acham que a inflação vai aumentar - patamar mais baixo registrado desde 2007. O número de crentes que o desemprego vai diminuir saltou de 23% para 31%, e aqueles que acham que a situação econômica do País vai melhorar após as eleições cresceu de 32% para 44%. Apenas 15% imaginam que vai piorar, independentemente do vencedor da disputa presidencial.

A Folha de S. Paulo usou os dados da nova pesquisa para justificar que a sensação positiva em torno da economia está diretamente relacionada à eleição. Trocando em miúdos: o eleitor de Dilma está otimista porque está confiante na reeleição da petista e na consequente melhora do setor. O eleitor de Aécio Neves (PSDB) é tão convicto quanto o eleitor de Dilma e também aposta que a economia ficará melhor com a possibilidade de vitória tucana.

Mas, segundo Feres Júnior, a explicação para o otimismo do brasileiro chama-se “horário eleitoral gratuito”. Em entrevista ao GGN, ele argumentou que a mídia tem feito, há anos, uma cobertura derrotista e quase uníssona da situação econômica durante o governo Dilma, e que somente a intervenção da propaganda petista pode justificar a mudança de pensamento do eleitorado.

Os dados do Manchetômetro ajudam a comprovar a tese do noticiário tendencioso. Desde 2013, o laboratório observou que o Jornal Nacional, O Globo, Estadão e Folha publicam um volume monstruoso de reportagens negativas sobre economia, passando para o seu leitor ou telespectador que vivemos uma crise à parte - embora o desemprego esteja em 5% e a inflação, dentro da banda da meta.

O expediente negativista não se alterou durante o período eleitoral. Desde que a campanha começou oficialmente, lá em meados de julho, 260 reportagens ruins para Dilma foram publicadas, ante 27 positivas e 64 neutras (dados atualizados em 21 de outubro de 2014).

           Economia na mídia, de julho para cá: a prevalência das abordagens negativas.

“Se você olhar ao redor do mundo, verá que os Estados Unidos estão em um ciclo de pouco crescimento e estagnação, a Europa está em crise, a China está desacelerando, e nós estamos relativamente bem. Mas o eleitorado estava submetido somente à informação da mídia, fora do período de campanha. É só notícia ruim; e mesmo quando é notícia boa, há sempre um recorte ruim. 'Caiu a taxa de desemprego, mas caiu menos do que no mês passado’, por exemplo. Na época da campanha, há mais informação no horário eleitoral de rádio e TV, e nos debates. Ou seja: a grande mídia perde o monopólio informativo. Isso mexe com o eleitorado. As pessoas começam a pensar na experiência pessoal”, apontou Feres Júnior. (Para continuar, clique aqui).

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Não obstante as ponderações acima, destaquei no título "o sucesso parcial do catastrofismo midiático". Por quê? Simples: sem esse meticuloso catastrofismo da mídia - anos e anos de pauladas diárias - a candidatura Dilma Rousseff teria percorrido caminho mais positivo do que o observado. E não foi só o ânimo do (e)leitor o alvo permanente da mídia; o foco foram também os empresários. Quantos planos de expansão de investimentos foram adiados ou até descartados em função do temor incutido nos empresários pelo noticiário? Um exemplo: empresários de norte a sul com certeza acreditaram no propalado "apagão elétrico" que iria conflagrar o País ('previsão' lançada por 'analistas' em muitos inícios de ano).

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