quinta-feira, 30 de outubro de 2014

DA SÉRIE OS QUE NÃO QUEREM A REFORMA POLÍTICA


O notável Elio Gaspari diz, na Folha, que "Sempre que o PT não tem o que dizer a respeito de seja lá o que for, responde que o problema só será resolvido com uma reforma política" - aqui. O articulista certamente considera que instituições como OAB e CNBB, por exemplo, defendem a reforma por mero capricho.

Certos notáveis são mestres em visão seletiva. Elio passa ao largo do fato de que o ministro Gilmar Mendes trancou no STF, ao pedir vista, a norma (já com maioria de votos favoráveis da Corte) que proíbe o financiamento empresarial de campanhas políticas, um dos itens capitais da pretendida reforma. (Essa prática de obstrução de projetos é comum, mas chegou a tal despropósito que o presidente do STF recentemente se viu compelido a baixar ato fixando prazo máximo para as tais vistas, após o que o ministro 'visor' terá de submeter à Corte pedido fundamentado de prorrogação do prazo.)

O financiamento empresarial de campanhas políticas está na raiz da corrupção: em 'n' casos, as generosas  'doações' de empresas a candidatos são 'retribuídas' via licitações fraudulentas e aditivos fajutos. A excrescência, porém, é dura na queda: conta com defensores aguerridos, que alegam o seguinte: o fim do financiamento empresarial implicaria em que as campanhas passariam a depender tão somente do repasse da verba pública legalmente estipulado (comum a todos) e das doações de pessoas físicas, situação em que o montante arrecadável dependeria do poder de mobilização de cada candidato, prática com que os partidos de esquerda, especialmente o PT, são familiarizados, ao contrário dos do outro lado.    

Não obstante a óbvia importância da reforma política para que o país caminhe para a moralização das relações públicas em geral, mantém-se firme e forte a corrente contrária a seu advento - e nela, ao que parece, Gaspari está presente.

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