quarta-feira, 15 de outubro de 2014

ELEIÇÕES 2014: O DEBATE NA BAND


Ricardo Boechat, o mediador, disse em entrevista concedida após o debate: aconteceu tudo o que se poderia esperar. Educação, saúde, programas sociais, corrupção, desempenho dos governos Dilma e Aécio, e mais, muito mais, tudo foi abordado. Nem tudo.

Aécio, político de carreira, fluente, tentou subverter a leitura de fatos como:

.a ímpobra construção dos aeroportos de Cláudio e Montezuma (se bem que no de  Montezuma ele nem tocou, de tão preocupado em desvencilhar-se do assunto);

.a não aplicação, no percentual fixado em lei, de recursos em saúde quando governador de Minas (irregularidade que motivou um inédito TAG - Termo de Ajustamento de Gestão, com o Tribunal de Contas de Minas Gerais);

.a derrota sofrida no primeiro turno em seu Estado;

.sua declaração, feita no início da campanha e seguidamente reiterada, de que está preparado para a adoção de "medidas impopulares" (aí insinuados, por exemplo, desemprego e todas as 'desgraceiras' dele decorrentes), somada às recentes ameaças de seu 'ministro' Armínio Fraga sobre bancos públicos - algo como 'não sei o que vai sobrar' -, etc etc: a presidente vinha com uma coisa, ele se saía com o contrário: o melhor dos mundos.

Tudo isso e etc o candidato tratou como se parecesse ficção, aproveitando para ressaltar seu 'sucesso' enquanto governador de Minas, ao contrário do governo federal, que se apresenta fracassado em todas as áreas (nem o quase pleno emprego mereceu reconhecimento: segundo ele, os salários são "muito baixos", em face da bancarrota da indústria e da falta de investimento estrangeiro).

Enfim, um artista. (Mas, sabemos, debates da espécie têm muito a ver com performance artística, e ele joga com isso).

A presidente Dilma tem realizações a alinhar, e são muitas, em amplas áreas. Soube defendê-las, mas, notadamente em algumas réplicas, poderia ter melhor aproveitado os furos dos argumentos de seu oponente, que não foram poucos.

Dilma deixou de questionar o candidato Aécio sobre um fato gravíssimo: o de ter sido funcionário fantasma da Câmara dos Deputados, quando estudante no Rio de Janeiro: era "assessor" do pai, deputado federal, sediado - obviamente - em Brasília. Aliás, momentos antes do debate na Band, Aécio Neves divulgou nota sobre o assunto, tentando inutilmente minimizar o malfeito: o 'emprego' teria durado um ano, e não quatro, como até então se suspeitava ('esclareceu' que os registros da Câmara estão errados). Esse ilícito é bastante revelador...

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Dicas de leitura:

."Dilma jantou Aécio com palitinhos no debate da Band", por Renato Rovai - aqui.

."Com Aécio nervoso, Dilma ataca aecioportos, parentes no governo e diz que não saiu de Minas Gerais 'a passeio'", por Luiz Carlos Azenha - aqui;

."Dilma acua Aécio em debate, e mostra força para a reta final", por Rodrigo Vianna - aqui.

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