Barack Obama afirmou que as perspectivas para os EUA são as mais sombrias possíveis, e que, se nada for feito, os jovens americanos é que serão as maiores vítimas da onda de desgraças que se agiganta. Obama avisou que vai ter de cortar na carne, priorizando poucos setores, como energia. E a situação é séria; o desemprego se alastra, o déficit aumenta... Não é jogo de cena para amolecer os republicanos, que, no congresso americano, relutam em oferecer aprovação ao pacote de Obama, que fortalece o Estado. O Estado? Sim, o Estado. O velho Estado, que até agora, de setembro para cá, segundo o motherjones.com, desembolsou "tão-somente" US$ 3,4 trilhões para evitar a morte humilhante dos aríetes do Livre Mercado. Há empresas que já receberam três injeções seguidas de grana estatal e continuam fraquejando. E tudo isso o Estado faz para evitar o mal maior, que seria a falência-total-da-ordem-mundial.
Mas, espere!, e os sujeitos que estavam à frente dos bancos fraudadores, das seguradoras larápias, das corretoras vigaristas, os sujeitos que passaram anos enchendo os bolsos com salários nababescos e bônus gigantes e dividendos estratosféricos, todos embasados em desempenhos fictícios, esses sujeitos, afinal, serão punidos, serão "chamados às falas", devolverão o que abocanharam desonestamente? Não, não, meu caro ingênuo! Acaso você não sabia que os bens particulares de ex-dirigentes, à vista da legislação americana, são intocáveis, ainda que tenham sido adquiridos com dinheiro fajuto, originário de rombos, que acabaram por levar a empresa à bancarrota e o Estado a jogar dinheiro seu (quero dizer, do contribuinte) para evitar a falência-total-da-ordem-mundial?
Pois hoje Barack Obama garantiu que instituirá mecanismos mais rígidos de controle sobre o mercado. Sobre o passado, ah, o que passou é coisa de saudosista. E mais: a tradição americana é a do Livre Mercado, do mocinho destemido, do self made man. Se o mocinho chegou numa boa ao the end, tudo bem. Usou de algum artifício ilegal? Se usou é porque houve frouxidão. Apertem o controle, ou, mais modernamente, arrochem o nó! No mais, o que foi auferido num passado de fraudes garante o way of life dos bem-aventurados neoliberais.
Já Israel, continua fora de controle, mandando e desmandando, quero dizer, mais mandando que desmandando, que, de fato, o que Israel faz com maestria é mandar bombas de fragmentação.
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