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O OSCAR VAI PARA:
"Arte não é guerra. Não é filme contra filme. Não é atriz contra atriz. "Ainda estou aqui" e "Emilia Pérez" são filmes muito bons, ótimos, tal como Fernanda Torres e Karla Sofia Gascón.
Fernanda faz, com rara inspiração, uma mulher que emociona e hipnotiza plateias; Sofia faz um homem e uma mulher, também com maestria. As duas são excelentes. Os dois filmes são extraordinários. Tanto é que nenhum filme brasileiro foi indicado a três Oscar antes e nenhum filme não falado em inglês recebeu 13 indicações.
Há 10 mil cabeças na Academia do Oscar. Seja qual for a escolha final, nem um filme nem o outro, nem uma atriz nem a outra serão derrotados. Ou sairão menores que o outro. Já são vencedores. Já conquistaram corações, bilheterias e prêmios em todo o mundo. Só têm a fama que têm porque são reconhecidos como obras de arte.
Um diretor francês (Jacques Audiard) fazer um filme falado em espanhol da América Latina é uma homenagem, não desrespeito. Não importa se um ator ou outro fala com sotaque. Raramente um cineasta abre mão do seu idioma. Sobretudo um cineasta francês!
Ele é a grande revelação do cinema francês pós-nouvelle vague e seu filme tem raízes no antológico e também premiadíssimo “Les Parapluies de Cherbourg”, de 1964, Palma de Ouro em Cannes, direção de outro Jacques - Jacques Demy - e que lançou Catherine Deneuve na cena internacional. Tal como aquele, um musical envolvente, muito bem cantado e coreografado, mas fora dos padrões de Hollywood.
Walter Salles é um cineasta refinado e sensível que chegou ao auge com “Ainda estou aqui” e quem diz não sou apenas eu, mas a crítica e o público. Ele e Fernando Meirelles são os nossos dois cineastas internacionais. Ambos extraordinários!
"Ainda estou aqui" e "Emilia Pérez" devem ser saudados e aplaudidos de pé como dois marcos do cinema que, falados em português e em espanhol, estão sendo abraçados calorosamente pelo mundo em que predominam filmes em inglês.
Tanto “Ainda estou aqui” quanto “Emilia Pérez” merecem o Oscar de melhor filme estrangeiro. Tanto Fernanda Torres quanto Karla Sofia Gascón merecem o Oscar de melhor atriz.
Quem é melhor: Van Gogh ou Picasso? Se houvesse votação, um deles teria mais votos que outro - arte é uma questão de gosto - mas ambos continuariam sendo os mestres que são.
Com Oscar ou sem Oscar."
(De Alex Solnik, artigo intitulado "Viva 'Ainda Estou Aqui'! Viva 'Emilia Pérez'!", publicado no Brasil 247 - Aqui.
Parafraseando Jorge Aragão, direi eu: como amanheci meio torcedor por dentro, fico, seguramente, com "Ainda Estou Aqui" e Fernanda).
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