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"...quase um conto de terror."
Baseado na história real de um dos personagens, Família é quase um conto de terror. Terror doméstico criado por um marido e pai abusivo, cujo temperamento ecoa para além da sua geração. Franco Celeste (Francesco Di Leva) é um assaltante que sai da prisão e volta à casa para continuar a aterrorizar sua mulher, Licia (Barbara Ronchi), e os filhos Luigi (Francesco Gheghi) e Alessandro (Marco Cicalesi). As memórias de violência do pai contra a mãe ressoam nos meninos.
A partir daí, vemos a família Celeste viver um pesadelo entre o medo de denunciar à polícia e a manipulação dos sentimentos de todos pelo homem. Soa muito verdadeira a forma como o diretor Francesco Costabile conduz esse minueto de pavor e tentativas canhestras de reconciliação. Embora Alessandro mantenha-se sempre contrário a aceitar o pai de volta, Luigi fraqueja e se encontra com ele às escondidas, facilitando seus retornos.
Ao crescer, Luigi reproduz em certa medida o caráter do pai no relacionamento com a namorada Giulia (Tecla Insolia). Ele chega a entrar para uma gangue fascista como forma de dar vazão a uma agressividade herdada e represada. O curso da história, porém, vai desfazer qualquer vinculação automática entre um e outro tipo de violência.
O ótimo elenco e a justeza da direção atravessam um cipoal de motivações e nós emocionais sem qualquer nota falsa – o que, nesse caso, é uma façanha. A tensão é permanente. Algumas passagens são notáveis por si sós, como a cena de sexo delicadíssima e ao mesmo tempo inquietante entre Franco e Licia; ou a retirada das crianças da mãe pela polícia já no primeiro ato.
Família tem a dramaticidade carregada de um cinema clássico italiano, mas com toques inesperados de uma poesia triste. Fiquei muito bem impressionado com o pulso e a sensibilidade desse diretor. - (Carmattos - Aqui).
O filme Família está nos cinemas.
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