segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

ATOS DE TRUMP PROMOVEM CENSURA DE LIVROS E EXIGEM CONTROLE EM ESCOLAS

'Manifestação' deste Blog: Não vou reproduzir comentários de leitores indignados, vou tão-somente limitar-me a dizer, aproveitando escárnio consagrado: É O  TRIUNFO DO WASP (branco, anglo-saxão e protestante), ESTÚPIDO!

                   
(Trump e Melania - Posse de Trump)

Por Jamil Chade

Num gesto que tem como meta cumprir as ordens executivas de Donald Trump, bases militares dos EUA no exterior iniciaram um processo para banir livros que possam ser considerados como "inadequados". Educadores e ativistas temem que a censura que começou nas escolas de crianças de soldados americanos possa se expandir pelo país. 

O caso de banimentos de livros veio à tona depois que um e-mail interno de uma das escolas escancarou a decisão de bibliotecas de suspender qualquer retirada de obras até que fosse realizado um levantamento para banir de suas prateleiras "todos os livros relacionados à ideologia de gênero ou a tópicos discriminatórios de ideologia de igualdade".

A decisão foi tomada como forma de cumprir as ordens executivas de Trump que estabeleceram a "defesa da mulher contra ideologias extremistas e restaurar a verdade biológica", além do decreto que instaurou "o fim do doutrinamento radical".

No mesmo e-mail, a direção da escola instruía professores a "revisar os livros em suas coleções de sala de aula, incluindo coleções pessoais em sua sala de aula".

"Qualquer livro relacionado à ideologia de gênero ou a tópicos discriminatórios de ideologia de igualdade precisa ser removido/armazenado. Temos uma data de cumprimento de 18 de fevereiro para cuidar disso", disse.

Alimentado por uma onda ultraconservadora, o banimento de livros ganhou força nos EUA nos últimos anos. Um levantamento da PEN America concluiu que, entre 2023 e 2024, esse movimento ganhou uma proporção inédita, com 10 mil obras retiradas de escolas e bibliotecas públicas pelo país.

"A PEN America documentou quase 16.000 proibições de livros em escolas públicas em todo o país desde 2021, um número que não era visto desde a era do Red Scare de McCarthy na década de 1950", indicou a entidade, numa referência à operação nos EUA contra o comunismo no auge da Guerra Fria.

Joe Biden instruiu o Departamento de Educação a iniciar uma investigação sobre a censura. Mas, em sua primeira semana no governo, Trump assinou uma ordem executiva para arquivar qualquer inquérito contra o banimento de livros, numa decisão que foi interpretada como um cheque em branco para que a tendência seja mantida.

Os banimentos mostram um padrão claro contra autores negros, mulheres e membros da comunidade LGBTQ+. Os livros que educam sobre racismo, gênero e história são, na maioria das vezes, alvo de censura.

Os estados republicanos lideram na operação contra os livros. Na Flórida, o estado registrou 4.561 casos de obras proibidas em 33 distritos escolares.

Num comunicado, o governo indicou que arquivou "11 reclamações relacionadas às chamadas 'proibições de livros'".

"As reclamações alegavam que a remoção, pelos distritos escolares locais, de materiais inapropriados para a idade, sexualmente explícitos ou obscenos de suas bibliotecas escolares criava um ambiente hostil para os alunos - uma alegação sem mérito baseada em uma teoria jurídica duvidosa", justificou o governo Trump.

O governo, assim, rescindiu "todas as orientações do departamento emitidas sob a teoria de que a remoção de livros impróprios para a idade de um distrito escolar de suas bibliotecas pode violar as leis de direitos civis".

"Ao rejeitar essas queixas, o Departamento de Educação está iniciando o processo de restauração dos direitos fundamentais dos pais de orientar a educação de seus filhos", disse o Secretário de Direitos Civis, Craig Trainor.

Chantagem às escolas

Os decretos de Trump, um deles ainda cria uma situação de constrangimento às escolas públicas do país. Numa das ordens públicas, ele estipulou o fim do financiamento federal às instituições de ensino que incluem em seu programa a teoria racial crítica.

"Os pais têm testemunhado escolas doutrinando seus filhos em ideologias radicais e antiamericanas", indicou a ordem.

"Os alunos são forçados a aceitar essas ideologias sem questionamento ou exame crítico. Em muitos casos, crianças inocentes são compelidas a adotar identidades de vítimas ou opressores apenas com base em sua cor de pele e outras características imutáveis", afirmou.

A ordem executiva declara que qualquer escola de ensino fundamental e médio que não cumprir a diretriz de acabar com a discriminação perderá todo o financiamento federal, manipulando leis dos direitos civis de 1964 e que proibiam a discriminação por raça, cor e origem nacional em qualquer atividade ou programa que receba financiamento federal.

Naquele momento, em 1964, a discriminação que tentava ser atacada era uma referência às injustiças contra afroamericanos.

Randi Weingarten, presidente da Federação Americana de Professores, com 1,6 milhão de membros, deixou evidenciado o mal-estar criado pela decisão de Trump.

"As escolas públicas são fundamentais para a oportunidade e a dignidade de todos que entram em nossas salas de aula. É isso que somos como educadores - e é lamentável que o governo Trump pretenda fazer o contrário com essa ordem executiva", disse. "Ela não apenas mancha injustamente os professores, mas também dificulta o nosso trabalho", alertou.

"Queremos trabalhar com qualquer administração. Tudo o que pedimos em troca é que nos ajude a ajudar cada criança a adquirir as habilidades e experiências necessárias para navegar em um mundo diversificado e complexo. Hoje é um dia triste porque o governo Trump está fazendo exatamente o que acusa os outros de fazer: criar divisão e medo nas salas de aula em toda a América", completou.  -  (Fonte: Folha/UOL - Aqui).

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