segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

BIG STICK, O RETORNO

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O caso da crise entre Colômbia e os EUA por conta da deportação de imigrantes revelou que Donald Trump vai usar suas armas diplomáticas preferidas pelo mundo: o bullying e a chantagem. (Jamil Chade, na Folha).


Na noite de domingo, os dois países anunciaram um acordo. Mas as notas da Casa Branca e do governo de Gustavo Petro não diziam a mesma coisa. Numa delas, o governo americano comemorava uma suposta vitória e sugeria que Bogotá havia sucumbido.

Na outra nota, o governo sul-americano explicou algo que não existia no documento de Washington: a existência de uma negociação e o envio de uma delegação para a Casa Branca.

Ao anunciar a elevação de tarifas, Trump estava violando uma regra internacional do comércio. A imposição de barreiras financeiras também era uma violação.

Os americanos ainda estavam violando as convenções consulares ao suspender a emissão de vistos e revogar a autorização de outros. Nada disso importa para Trump, que assumiu com a promessa de que voltaria a ser "respeitado".

O que não inclui respeitar nem o direito internacional e nem a humanidade do outro. Marco Rubio, seu chefe da diplomacia e filho de imigrantes cubanos, deixou escapar em sua sabatina no Senado americano, na semana passada, que existia a possibilidade de usar a chantagem como instrumento para forçar países a aceitar suas exigências. Segundo ele, "acordos comerciais" poderiam ser evocados em temas migratórios.

Uma outra forma de dizer que sanções comerciais poderiam ser aplicadas a quem não estivesse seguindo a cartilha Trump. Naquele momento, sua fala acendeu um sinal de alerta entre diplomatas estrangeiros. Agora, Trump e Rubio mostram que esse será o caminho.

Resta saber como a América Latina irá se preparar para os próximos quatro anos.

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Em resumo: a Cartilha Trump é a volta da Diplomacia do Big Stick, do início do século passado.  

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