Petróleo continuará a ter papel central por muitos anos, diz Gabrielli
O ex-presidente da Petrobrás e professor da Universidade Federal da Bahia, Sergio Gabrielli, realizou na manhã de ontem, no XVII Confup (Congresso da Federação Única dos Petroleiros), exposição que demonstra como a política atual do governo federal parte de premissas equivocadas sobre o papel do petróleo na economia.
Para ele, o setor petróleo no Brasil está passando por mudanças em três grandes áreas: na exploração e produção, na política de gás natural e no refino e abastecimento. Em todos os casos há redução do controle do estado brasileiro e abertura para empresas estrangeiras.
Na área de exploração e produção, a política do governo está levando o País a se tornar apenas um exportador de óleo cru, sem conexão com o refino e o abastecimento interno. Isso levará a uma aceleração da realização dos leilões de áreas do petróleo, incluindo o pré-sal. Outro impacto é "o abandono ou relaxamento total na política de conteúdo nacional" - que na história recente fomentou a indústria nacional em vários setores, especialmente o naval.
Sobre o gás natural, o movimento do governo e da atual gestão da Petrobrás, de acordo com Gabrielli, é de retirada da companhia do papel central na distribuição. Antes a companhia era dona de toda a cadeia, agora está saindo do setor para abrir espaço para empresas estrangeiras.
As mudanças no refino e abastecimento também estão se dando no sentido da redução do papel da Petrobrás. Segundo o ex-presidente da empresa, há hoje um estímulo para que a companhia se atenha à condição de exportadora de óleo cru.
Equívocos
O discurso que sustenta o conjunto de mudanças do governo é o de que o petróleo tende a deixar de ser importante como elemento estratégico, tornando-se um produto como qualquer outro, uma commoditie como feijão ou arroz, sustenta Gabrielli. A tese seria a de que, por exemplo, os carros elétricos tomarão o lugar dos carros movidos pelos combustíveis tradicionais.
De acordo com o ex-presidente da empresa, no entanto, foram produzidos até hoje 1,5 milhão de carros elétricos, frente a uma frota de 2,6 bilhões de veículos movidos a combustíveis fósseis. "Por mais revolucionária que seja [a expansão do carro elétrico], o impacto vai demorar muito, pelo menos 40 ou 50 anos, para ocorrer", afirma Gabrielli.
Ele também cita como exemplo o papel atual do petróleo como combustível na área do transporte de cargas em todos os modais, respondendo por 95%. E como matriz energética geral, para todas as atividades humanas, o petróleo responde por algo em torno de 34% a 35%, com previsão de redução para 31% nos próximos 50 anos, mas ainda assim com um papel muito relevante, o que continuará a garantir o seu papel estratégico. "O petróleo não é igualmente distribuído no mundo. A disputa pelas reservas é um elemento central na geopolítica mundial. Todos os conflitos mundiais atuais tem a ver com o acesso ao petróleo", disse. - (Aqui).
Sobre o gás natural, o movimento do governo e da atual gestão da Petrobrás, de acordo com Gabrielli, é de retirada da companhia do papel central na distribuição. Antes a companhia era dona de toda a cadeia, agora está saindo do setor para abrir espaço para empresas estrangeiras.
As mudanças no refino e abastecimento também estão se dando no sentido da redução do papel da Petrobrás. Segundo o ex-presidente da empresa, há hoje um estímulo para que a companhia se atenha à condição de exportadora de óleo cru.
Equívocos
O discurso que sustenta o conjunto de mudanças do governo é o de que o petróleo tende a deixar de ser importante como elemento estratégico, tornando-se um produto como qualquer outro, uma commoditie como feijão ou arroz, sustenta Gabrielli. A tese seria a de que, por exemplo, os carros elétricos tomarão o lugar dos carros movidos pelos combustíveis tradicionais.
De acordo com o ex-presidente da empresa, no entanto, foram produzidos até hoje 1,5 milhão de carros elétricos, frente a uma frota de 2,6 bilhões de veículos movidos a combustíveis fósseis. "Por mais revolucionária que seja [a expansão do carro elétrico], o impacto vai demorar muito, pelo menos 40 ou 50 anos, para ocorrer", afirma Gabrielli.
Ele também cita como exemplo o papel atual do petróleo como combustível na área do transporte de cargas em todos os modais, respondendo por 95%. E como matriz energética geral, para todas as atividades humanas, o petróleo responde por algo em torno de 34% a 35%, com previsão de redução para 31% nos próximos 50 anos, mas ainda assim com um papel muito relevante, o que continuará a garantir o seu papel estratégico. "O petróleo não é igualmente distribuído no mundo. A disputa pelas reservas é um elemento central na geopolítica mundial. Todos os conflitos mundiais atuais tem a ver com o acesso ao petróleo", disse. - (Aqui).
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Ao que o leitor Zé Sérgio, ambientalmente correto mas geopoliticamente equivocado, dispara:
"Descobrimos a roda!!! Quer dizer que petróleo não deixou de ter o mesmo interesse? Que preços de exploração não são nem uma ínfima parte do preço final do produto? Que a Terra não se tornará fornalha por causa do petróleo? E todas as potências industriais precisam desesperadamente deste produto ainda por muitas décadas? E nós, geniais brasileiros, dando de graça a liberdade, autonomia, riqueza de uma 'Arábia Saudita nos mares' por uns trocados? Por que será que o país mais rico do planeta está nestas condições em pleno 2017, mesmo depois de 40 anos de plena liberdade? Um cérebro, pelo amor de Deus!!!"
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O que não significa, convenhamos, que desde logo e até que aconteça a falência absoluta do "mundo dos combustíveis fósseis" o Brasil deva entregar a companhias estrangeiras o seu inestimável patrimônio estratégico representado pelo petróleo, especialmente o Pré-Sal!
A propósito, o leitor André Oliveira observa:
"Petróleo é muito mais do que combustíveis e lubrificantes. O ouro negro está presente em todos os setores da vida moderna. O que existe é uma mega campanha publicitária para nos convencer de que é possível converter o transporte mundial para o carro elétrico em poucos anos. É uma falácia. O mundo mal gera energia elétrica suficiente para o consumo de hoje. Carregar as baterias de apenas um automóvel consome muita energia.
Além disso a tecnologia das baterias atuais precisa de um elemento químico extremamente raro, o lítio. Para produzir baterias para tantos automóveis se esgotariam as reservas atuais ou os precos explodiriam.
Não é uma equação fácil como querem nos convencer. Fontes de energia renováveis como a solar e a eólica também são difíceis de criar em uma escala que possa suprir a demanda mundial com os hábitos de vida que se tem hoje. Não se trata de substituir o carro a combustão interna pelo a bateria e seguir vivendo como sempre. Se trata de renunciar ao automóvel e ao transporte individual. Será preciso que se façam escolhas difíceis."
....Não é uma equação fácil como querem nos convencer. Fontes de energia renováveis como a solar e a eólica também são difíceis de criar em uma escala que possa suprir a demanda mundial com os hábitos de vida que se tem hoje. Não se trata de substituir o carro a combustão interna pelo a bateria e seguir vivendo como sempre. Se trata de renunciar ao automóvel e ao transporte individual. Será preciso que se façam escolhas difíceis."
De qualquer modo, o debate está aberto. Um segmento forte da humanidade denuncia a relação perniciosamente umbilical entre combustíveis fósseis e efeito estufa, outro segmento rebate. Pode haver certos pontos controversos, mas é miopia crassa afirmar-se que o petróleo não é riqueza estratégica para o país proprietário.
Em 2016, o Brasil ocupava a 15ª posição no mundo entre os maiores detentores de reservas provadas de petróleo. Como parte expressiva delas está nas profundezas do solo, por sua vez coberto por uma imensidão de água, imagine-se a magnitude da tecnologia concebida/produzida pelos brasileiros visando à extração da riqueza. Aliás, apropriar-se desse 'nicho de mercado' também interessaria, e muito, a empresários da Metrópole...
EM TEMPO: Segundo a Exame - AQUI -, a Venezuela ocupa o topo do ranking mundial dos países titulares das maiores reservas provadas de petróleo: são 298,3 bilhões de barris, mais de 30 bilhões sobre o total provado da desbancada Arábia Saudita)! Conviria refletir sobre a quem interessaria sobremaneira afastar do poder o (nacionalista) governo venezuelano e desde quando, e como, o processo de desmonte do referido governo vem se desenvolvendo.
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