As vinhas da ira - John Steinbeck
“Quer que lhe diga? Eu fazia aquela gente pular e exortar em altos brados o nome e a glória de Deus até todos caírem no chão, exaustos. E a alguns, batizava-os. E depois, sabe você o que eu fazia? Levava uma daquelas moças para o mato e deitava-me com ela. Era o que sempre fazia. Depois, arrependia-me e rezava, rezava, mas sem proveito. Daí a pouco ela e eu estávamos cheios do Espírito e acontecia a mesma coisa, outra vez. Pensei que tudo isso era inútil e que eu não passava dum danado dum hipócrita. Mas era sem querer.
Joad sorriu, mostrando os dentes alongados, e também os lábios.
– Não tem nada como uma reunião de culto bem animada para aquecer as moças – disse ele. – Eu também já fiz isso.
Casy prosseguiu, excitado.
– Você vê – gritou. – Eu vi que tudo não passava disso. – Agitou a mão ossuda e nodosa num movimento de vaivém semelhante a uma carícia. – Então comecei a pensar: “Aqui estou eu pregando a graça divina. E eis aqui gente que obtém tanta graça que até salta e grita. Mas há quem diga que dormir com uma mulher é obra do diabo. O caso é que quanto mais graça divina uma moça obtém, mais rápido ela quer ir pro mato.”
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“Quando a gente se acostuma, até o barulho de uma serraria faz falta”.
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“Tem um sujeito lá em McAlester, condenado a prisão perpétua, que só vive estudando. Estuda o tempo todo. É secretário do diretor, escreve as cartas dele e outras coisas que é preciso escrever. Bem, ele é um sujeito danado de inteligente, estudou Direito e coisas assim. Um dia, falei-lhe acerca do meu caso, por ele ter lido tantos livros. E ele me disse que a leitura de livros não serve para nada. Que já tinha lido tudo sobre as prisões, agora e nos tempos antigos, e disse que lhes achava menos sentido agora do que quando começara a ler. Que as leis eram uma coisa que mandava a gente pro inferno e depois nos tirava de lá, e ninguém parecia ter força para enfrentar nem juízo bastante para modificar. Ele me avisou: pelo amor de Deus, não se meta a ler, que você acaba maluco. Acaba perdendo o respeito por todo mundo, principalmente a esse pessoal que tão no governo.
– Pois eu já não tenho mais respeito por eles agora – disse Muley. – Só temos uma espécie de governo: aquele que nos esmaga por causa do lucro.”
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“O que tem valor é aquilo que ocê só diz a si mesmo”.
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“Quando a gente fica sozinho começa a pensar e acaba sabendo o que quer.”
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“As casas, nos campos, tinham sido abandonadas, e os campos, consequentemente, também haviam sido abandonados. Somente na garagem dos tratores, cujas chapas onduladas brilhavam como prata polida, havia vida e esta vida era alimentada com metal, gasolina e óleo, enquanto os discos dos arados brilhavam ao sol. Os tratores tinham luzes brilhantes, visto que, para um trator, não existe noite ou dia, e os seus discos de arar revolvem a terra na escuridão e luzem à claridade do dia. Quando um cavalo deixa de trabalhar e recolhe à cocheira, a vitalidade continua nele, há respiração e calor, e as patas pisam a palha caída, as mandíbulas trituram o feno e as orelhas e os olhos continuam a agitar-se. Um calor vital reina na cocheira: o calor e o cheiro da vida. Mas, quando o motor de um trator suspende sua atividade, tudo para e tudo se torna morto como o metal de que o trator é feito. O calor abandona-o, como o calor vital abandona o cadáver. E então as chapas onduladas fecham-se e o motorista do trator vai para a cidade de onde veio, talvez a uma distância de vinte milhas, e não precisa de voltar por semanas ou meses, pois que o trator está morto.
Isto assim é simples e cômodo: tão simples, que a satisfação que o trabalho proporciona desaparece, tão eficiente, que a sensação de deslumbramento desaparece também dos campos, daí resultando que se esquece a profunda compreensão que o homem possui da terra bem como a sua ligação com ela. E no motorista do trator cresce, vai aumentando o desprezo, que só domina um estranho, que não tem amor, nem sente a sua comunhão com a terra. E que a terra não é só o nitrato nem só fosfato, nem mesmo o tamanho que atinge a fibra do algodão. O homem não é somente carvão, sal, água ou cálcio. É tudo isto e também muitíssimo mais que o simples resultado da sua análise.
O homem, que é mais do que a sua composição química, caminhando na terra, desviando o arado de uma pedra, abaixando a rabiça do arado no intuito de poupar um rebento temporão, vergando os joelhos na terra para comer sua singela refeição – esse homem, que é mais que os elementos que o compõem, sabe também que a terra é mais que o simples resultado da sua análise química. Mas o homem da máquina, fazendo rodar um trator morto através das terras que não ama e nem conhece, apenas entende de química; desdenha da terra e desdenha de si próprio. Quando as portas de chapa ondulada se fecham, vai para casa e a sua casa nada tem que ver com a terra.”
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“Inquietavam-se as terras do Oeste sob os efeitos da metamorfose incipiente.
Os Estados ocidentais sentiam-se inquietos como os cavalos antes da trovoada. Os grandes proprietários inquietavam-se, pressentindo a metamorfose, sem atinarem, no entanto, com a sua natureza. Os grandes proprietários atacavam o que lhes ficava mais próximo: o governo de poder crescente, a unidade trabalhista cada vez mais firme; atacavam os novos impostos e os novos planos, ignorando que todas essas coisas são efeitos e não causas. As causas escondiam-se bem no fundo e eram simples – as causas eram a fome, a barriga vazia, multiplicada milhões de vezes, fome na alma, fome de um pouco de prazer e de um pouco de tranquilidade, multiplicada milhões de vezes; músculos e cérebros que ansiavam por crescer, trabalhar, criar, multiplicados milhões de vezes. A última função clara e definida do homem – músculos que querem trabalhar, cérebros que querem criar algo além da mera necessidade – isto é o homem. Construir um muro, construir uma casa, um dique, e pôr nesse muro, nessa casa, nesse dique algo do próprio homem, é retirar para o homem algo desse muro, dessa casa, desse dique. Obter músculos fortes à força de movê-los, obter linhas e formas elegantes pela concepção. Porque o homem, ao contrário de qualquer coisa orgânica ou inorgânica do universo, cresce para além do seu trabalho, galga os degraus das suas próprias ideias, emerge acima das próprias realizações. É isto o que se pode dizer a respeito do homem.
Quando as teorias mudam e caem por terra, quando as escolas filosóficas, quando os caminhos estreitos e obscuros das concepções nacionais, religiosas, econômicas, se alargam e se desintegram, o homem arrasta-se para diante, sempre para frente, muitas vezes cheio de dores, muitas vezes pelo caminho errado. Tendo dado um passo à frente, pode voltar atrás, mas apenas meio passo, nunca o passo todo que já deu.
Isto se pode dizer do homem, dizer-se e saber-se. Isto se constata quando as bombas caem dos aviões negros sobre a praça do mercado, quando os prisioneiros são tratados como porcos imundos e os corpos esmagados se consomem imundos na poeira. Pode ser constatado desta forma. Não tivesse sido dado esse passo, não estivesse vivo no pensamento o desejo de avançar sempre, essas bombas jamais cairiam e nenhum pescoço nunca teria sido cortado. Receiem-se os tempos em que as bombas não caíam enquanto existam os bombardeiros, pois que cada bomba é uma demonstração de que o espírito ainda não morreu. E receiem-se os tempos em que as greves cessem, enquanto os grandes proprietários viverem ainda, pois cada greve vencida é uma prova de que se está dando um passo. E isto pode saber-se – receiem a hora em que o homem não queira sofrer mais e morrer por um ideal, pois que esta é a qualidade básica da Humanidade, é o que a distingue entre todas as coisas do Universo.
Os estados ocidentais inquietavam-se sob os efeitos da metamorfose incipiente, Texas e Oklahoma, Kansas e Arkansas, Novo México, Arizona, Califórnia. Uma família isolada mudava-se de suas terras. O pai pedira dinheiro emprestado ao banco e agora o banco queria as terras. A Companhia das Terras – que é o banco, quando ocupa essas terras –quer tratores em vez de pequenas famílias nas terras. Um trator é mau? A força que grava os profundos sulcos na terra é uma força errada? Se esse trator fosse nosso – não meu, nosso – prestaria. Se esse trator produzisse os sulcos na nossa própria terra, certamente estaria certo. Não nas minhas terras; nas nossas. Então, sim, a gente gostaria do trator, como gostava das terras quando ainda eram nossas. Mas esse trator faz duas coisas diferentes: revolve as terras e nos expulsa delas. Não há quase diferença entre esse trator e um tanque. Ambos expulsam os homens que lhes barram o caminho, intimidando-os, ferindo-os. Há que refletir sobre isto.
Um homem, uma família expulsos das suas terras, esse veículo enferrujado arrastando-se, rangendo pela estrada, rumo ao Oeste. Eu perdi as minhas terras; um trator, um só, roubou-as. Estou sozinho e desnorteado.
E uma família pernoita numa vala e outra família chega e as tendas surgem. Os dois homens acocoram-se no chão sobre os calcanhares e as mulheres e as crianças escutam em silêncio. Aqui esta o nó, ó tu, que odeias as mudanças e temes as revoluções. Mantém esses dois homens afastados, faz com que eles se odeiem, se receiem, desconfiem um do outro. Porque aí começa aquilo que tu temes. Aí é que está o germe do que te apavora. É o zigoto. Porque aí transforma-se o “Eu perdi as minhas terras”: rompe-se uma célula e dessa célula rompida brota aquilo que tu tanto odeias: o “Nós perdemos as nossas terras”. Aí é que reside o perigo, pois que dois homens nunca se sentem tão sozinhos e tão abatidos como um só. E desse primeiro “nós” nasce algo muito mais perigoso: “eu tenho um pouco de comida” mais “eu não tenho nenhuma”. E o resultado desta soma é: “Nós temos um pouco de comida”. Então, a coisa toma um rumo, o movimento passa a ter um objetivo. Basta, nessa altura, uma pequena multiplicação e esse trator, essas terras são nossas. Os dois homens acocorados numa vala, a pequena fogueira, a carne a fritar numa frigideira comum, as mulheres caladas, de olhos vidrados; atrás delas as crianças, escutando com o coração palavras que o seu cérebro não alcança.
A noite desce. A criança sente frio. Olhe, tome esse cobertor. É de lã. Pertenceu a minha mãe – tome, fique com ele para a criança. Sim, é aí que tu deves lançar a tua bomba. É este o começo da passagem do “Eu” para o “Nós”.
Se tu, que tens tudo o que os outros precisam ter, puderes compreender isto, saberás também defender-te. Se tu souberes separar causas de efeitos, se souberes que Paine, Marx, Jefferson, Lênin, foram efeitos e não causas, sobreviverás. Mas isso é que tu não podes compreender, pois que a qualidade da posse te cristalizou para sempre na fórmula do “eu” e para sempre te há-de isolar do “nós”.
Os estados ocidentais inquietam-se sob os efeitos da metamorfose incipiente.
A necessidade é um estimulante do ideal; o ideal, o estímulo para a ação. Meio milhão de homens caminha pelas estradas; um milhão mais se prepara para a caminhada; dez milhões mais sentem as primeiras impaciências.
E os tratores abrem sulcos e sulcos nas terras abandonadas.”
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“Não é preciso muita coragem quando não se pode fazer outra coisa”.
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“Eu nunca fiz uma coisa que não tivesse um pouco de pecado”.
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“Como é que pode se incutir medo num homem que não sente fome apenas em seu estômago, mas também na barriga torturada dos filhos? Não se pode assustar um homem assim... ele já passou por todos os transes.”
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“E os grandes proprietários, que têm de perder as suas terras na primeira rebelião, os grandes proprietários que estudam a História, que têm olhos para ler a História, deviam conhecer este grande fato: a propriedade quando acumulada em muito poucas mãos está destinada a ser espoliada. E do fato complementar também: quando uma maioria passa frio e fome, tomará à força aquilo que necessita. E também o fato gritante, que ecoa por toda a História: a repressão só conduz ao fortalecimento e união de todos os oprimidos. Os poderosos proprietários ignoram os três grandes gritos da História. A terra acumulou-se em poucas mãos, o número dos espoliados cresceu e todos os esforços dos grandes proprietários se orientaram no sentido da repressão. Gastava-se o dinheiro em armas e gases para proteção das grandes propriedades; espiões eram enviados com a missão de descobrir insurreições latentes, que precisavam ser abafadas antes que nascessem. Ignorava-se a transformação econômica; não se tomavam em consideração os planos para a transformação; apenas se tomavam em conta os meios de destruir as revoltas enquanto as causas das revoltas permaneciam.”
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“Foi então que os grandes proprietários e as companhias inventaram um novo método. Um grande proprietário comprava uma fábrica de frutos em conserva. E quando as peras e os pêssegos amadureciam, ele forçava o preço das frutas para um valor inferior ao custo da produção. Como fabricante de frutas em conserva, ele pagava a si mesmo um preço baixo pelas frutas e, mantendo alto o preço das frutas em conserva, auferia ótimos lucros. Os pequenos proprietários, que não possuíam fábricas de frutas em conserva, perdiam as suas propriedades, que eram arrebanhadas pelos grandes proprietários, pelos bancos e pelas companhias, às quais pertenciam as fábricas de frutas em conserva. Com o tempo, diminuía o número das propriedades. Os pequenos proprietários não tardavam a mudar-se para as cidades, onde esgotavam o seu crédito, os seus amigos, as suas relações. E depois eles também caíam nas estradas.
E as estradas formigavam de homens ávidos de trabalho, prontos para matar pelo trabalho.
As companhias e os bancos trabalhavam para a sua própria ruína, mas não sabiam disso. Os campos estavam prenhes de frutas, mas nas estradas marchavam homens que morriam de fome. Os celeiros estavam repletos, mas as crianças pobres cresciam raquíticas. Em seus peitos intumesciam-se as pústulas escrofulosas. As grandes companhias não sabiam quão o quão tênue era a linha divisória entre a fome e a ira. E o dinheiro que podia ter sido empregado em melhores salários era gasto em bombas de gás, em carabinas, em agentes e espiões, e em listas negras e em exércitos armados. Nas estradas, os homens deslocavam-se como formigas, à procura de trabalho e de comida.
E a ira começou a fermentar.”
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“E sempre que um homem tivesse um pouco de dinheiro podia embriagar-se. Aí acabavam-se os ângulos duros, e tudo era quente, confortador. Aí não mais havia solidão, pois que o cérebro povoava-se de amigos e o homem podia achar seus inimigos e aniquilá-los. O homem estava sentado num buraco e a terra tornava-se macia debaixo dele. A desgraça doía menos e o futuro não mais aterrorizava. E a fome não rondava mais perto, o mundo era suave e sem complicações e o homem podia chegar aonde quisesse. As estrelas desciam para maravilhosamente perto e o céu era tão encantador! A morte era um amigo e o sono era irmão da morte. Voltavam os tempos antigos... uma moça de pernas bonitas, com quem outrora se dançava em casa... um cavalo... oh, faz tanto tempo que isso aconteceu! Um cavalo e uma sela. Uma sela de couro trabalhado. Quando foi mesmo que isso aconteceu? Eu devia era encontrar uma moça com quem conversar. E seria tão bom! Até, quem sabe?, eu podia até dormir com ela. Mas que calor faz aqui! As estrelas tão pertinho da gente, e a tristeza e o prazer tão pertos um do outro, a mesma coisa, no fundo. Só queria era estar o tempo todo bêbado. Quem foi que disse que isso não prestava? Quem ousa dizer isso? Os pregadores, mas eles têm a sua maneira própria de se embebedar. Mulheres magras, estéreis, mas estas são por demais miseráveis para compreenderem uma coisa assim. Os reformadores, mas estes não conhecem a vida bastante de perto para poder julgá-la. Não senhor... As estrelas estão muito próximas, tão próximas, e eu pertenço à confraria do mundo. E tudo é sagrado... tudo, até eu mesmo.”
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“A polícia causa mais encrenca do que evita.”
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“E a chuva caía sem cessar e a água espraiava-se pelas estradas, pois os esgotos não conseguiam absorvê-la toda.
Então, grupos de homens molhados saíam das tendas e dos barracões superlotados, homens, cujas roupas eram farrapos encharcados e cujos sapatos se haviam transformado numa papa lodosa. Caminhavam na água, que saltava sob os seus passos e iam às cidades, às vendas das redondezas, às comissões de socorro, a implorar comida, a mendigar, humilhando-se a solicitar auxílio, mentindo e tentando roubar. E entre os mendigos e os humilhados, uma raiva desesperada começou a tomar forma. Nas pequenas cidades, a compaixão pelos homens encharcados transformou-se em indignação, e a indignação, despertada pela gente faminta, transformou-se em medo. E então os xerifes reuniam turmas de policiais, emitiam pedidos urgentes de rifles, de gases lacrimogêneos e de munições. E os homens famintos enchiam as ruas para onde davam as traseiras dos estabelecimentos, mendigando pão, mendigando verduras podres e roubando o que podiam.
Homens desvairados batiam às portas dos médicos, mas os médicos estavam demasiado ocupados para atendê-los. Os homens, abatidos, deixavam nas vendas das aldeias recados para o médico-legista, para que ele mandasse o rabecão. O médico-legista, esse, não estava demasiado ocupado para atendê-los. O rabecão atravessava o lodo e retirava os cadáveres.
E a chuva martelava sem cessar, os rios transbordando e inundando a região. (...)
As mulheres observavam os homens, perscrutavam-nos, para ver se agora, finalmente, eles desanimariam. As mulheres mantinham-se caladas, observando, e, onde se formava um grupo de homens, o medo desaparecia das suas faces, e a raiva tomava o lugar do medo. E as mulheres suspiravam de alívio, pois sabiam que assim tudo estava bem. Eles não estavam vencidos, e não se renderiam, enquanto o medo ainda fosse capaz de se transformar em ira.”
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As vinhas da ira
John Steinbeck
Editora Record - 574 páginas - Seleção: Doney - Aqui.
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De Ivan de Union: "...eu vi essa peça filmada uma vez na PBS em algum ponto dos anos 90, sem cortes e com todas as cenas originais - e a última eh a mulher branca amamentando um negro morrendo de fome.
Nunca vi nada tão impressionante, desde o serrote usado como violino ate a última cena.
Nunca mais ouvi falar dessa filmagem. Nem no youtube. Uma lástima..."
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