segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
FELIZ 2013
A todos os nossos caros amigos e amigas - assim como aos visitantes episódicos deste blog -, um Feliz 2013!
BRASIL: PERSPECTIVAS ECONÔMICAS 2013
Para entender o jogo da Economia
A divulgação do "pibinho" produziu curtos circuitos variados nos analistas. E abre uma bela discussão sobre o futuro da economia.
Não se tenha dúvida: 2013 será um ano decisivo para o país. Eu disse para o país, não especialmente para o governo Dilma ou para as eleições de 2014.
Mudanças de paradigma são tão complexas e envolvem tantos riscos políticos que só ocorrem em ambientes de crise profunda ou em regimes autoritários. Tenta-se, agora, a primeira mudança de paradigma em regime democrático e sem a crise como fator de reforço.
E não é pouca coisa. Trata-se da mudança mais relevante da economia brasileira desde o desmonte do modelo militar pelo governo Fernando Collor – que acabou devorado pela pressa em conduzir as ações, descuidando-se da estratégia política.
Depois dele, entraram FHC – que se limitou a manter as bases do que Collor desenhou – e Lula, que manteve o establishment econômico, enquanto as políticas sociais prosperavam. A crise de 2008 ajudou no golpe final no modelo anterior.
(...)
As políticas sociais de Lula permitiram a construção da primeira perna de um novo modelo econômico: um mercado interno robusto. Foi um feito político extraordinário, dos mais relevantes da história do país, em que conseguiu trocar a câmara furada sem tirar o pneu.
Mas o receio de enfrentar as turbulências políticas praticamente paralisou a política econômica. (...).
(Para continuar a leitura da pertinente análise de autoria de Luis Nassif, clique AQUI).
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Meu comentário dirigido ao blog Luis Nassif acerca da análise acima:
Nassif registra que "Lula (...) manteve o establishment econômico, enquanto as políticas sociais prosperavam. A crise de 2008 ajudou no golpe final no modelo anterior." É fato, porém faltou ressaltar a ousadia de Lula ao determinar (quando grandes corporações já agiam preventivamente, a exemplo da Vale do Rio Doce, com 3.000 demissões de uma lapada) a expansão dos programas sociais e, heresia das heresias!, a ampliação do crédito a cargo dos bancos estatais (isso ele podia fazer; quanto à banca privada, amaciou o compulsório, por exemplo, medidas a seu - curto - alcance, mas eles, os bancos privados, continuaram focados em Tesouraria, o que, convenhamos, é mais rentável, cômodo e seguro). Por falar nisso, na reunião deste final de semana de Mantega com dirigentes dos principais bancos estatais e privados, em que se discutiu, entre outros, reflexos de Basileia III sobre o comportamento do crédito em 2013, uma das grandes preocupações presentes foi a tímida performance dos bancos privados, notadamente a partir do advento da crise de 2008. Como teria, então, ficado o Brasil sem a ação contundente dos bancos estatais? "A crise de 2008 ajudou no golpe final no modelo anterior", sim, uma vez que, agindo heterodoxamente, o governo Lula acionou os instrumentos de que dispunha, entre eles a banca estatal, para estimular a produção, o consumo e a criação/manutenção de empregos.
domingo, 30 de dezembro de 2012
DITOS CAIPIRAS
Há alguns dias, o blog de Luis Nassif divulgou o seguinte post:
"O comentarista Antônio Só trouxe uma versão caipira saborosíssima para a Caixa de Pandora: 'Soltar o saci da garrafa é fácil; quero ver botar de novo lá dentro'.
Que tal uma hora do descanso com um apanhado dos melhores ditos e provérbios caipiras?"
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Os leitores atenderam ao pedido. Tomei a iniciativa de selecionar os 20 melhores - em minha opinião, obviamente -, excluindo aqueles por demais conhecidos ("O cachimbo põe a boca torta", por exemplo):
.O sapo não pula por boniteza, mas por precisão.
.Enquanto tiver trouxa, os ladino veve.
.Passarinho que anda com morcego, acorda de cabeça pra baixo.
.Boa romaria faz quem em sua casa está em paz.
.Tudo demais é sobra.
.Barata viva não atravessa galinheiro.
.Não tinha a velha com se apoquentar, comprou um leitão.
.Rapadura é doce, mas não é mole não!
.Esperteza quando é muita, come o dono...
.Em terra de sací, uma calça veste dois.
.Isso é mais farso do que bosta de vaca quando cê acha que tá seca!
.A medida de encher nunca transborda.
.Ovo gabado, ovo gorado.
.Orvalho não enche poço.
.Na boca de quem não presta, quem é bom não tem valia.
.É melhor ouvir besteira do que ser surdo.
.Formiga quando quer se perder cria asas.
.Quem refresca cu de porco é lama.
.Não vem de garfo que hoje é dia de sopa.
.Quanto a onça tá morta o cachorro mija em cima.
sábado, 29 de dezembro de 2012
PIBS: PERSPECTIVAS
Brasil será 5ª maior economia em 2022, prevê consultoria
O Brasil será a quinta maior economia do mundo em 2022. Pesquisa divulgada nesta quarta-feira (26) pelo britânico Centro de Pesquisas Econômicas e de Negócios (CEBR, na sigla em inglês) mostra que, além de os brasileiros e outros emergentes avançarem no ranking, todos os grandes países europeus perderão postos nos próximos dez anos. Com isso, em uma década, o grupo das cinco maiores potências econômicas globais não contará com nenhum europeu. Hoje, Alemanha e França estão na lista.
Segundo o estudo, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve saltar em termos nominais e em dólar 92% em uma década, dos US$ 2,282 trilhões previstos para 2012 para os US$ 4,389 trilhões esperados para 2022. Com isso, o País deve chegar a 2022 como quinta potência econômica do mundo, ultrapassando Reino Unido, França e Alemanha.
O crescimento do Brasil, porém, parece pequeno perto da expectativa de avanço da Índia. O levantamento do CEBR prevê crescimento nominal em dólares de 169% no mesmo período, o que deve fazer o PIB indiano saltar de US$ 1,83 trilhão para US$ 4,93 trilhões em dez anos. Com esse desempenho, o parceiro brasileiro no Brics (grupo de economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) deve ganhar seis posições no ranking e atingir o posto de quarta economia do mundo em 2022.
Nessa mesma base de comparação, o PIB da China vai crescer 136%, o que aproxima cada vez mais o país asiático do primeiro lugar do ranking, que seguirá com os Estados Unidos. Outro emergente, a Rússia, também terá desempenho melhor que o do Brasil, com crescimento nominal previsto de 117% em dez anos, o que deve levar os russos do atual nono posto para o sétimo lugar - muito perto da Alemanha. Assim, os dois países terão tamanhos econômicos muito semelhantes em uma década, o que pode fazer com que o título de maior economia da Europa ocidental saia das mãos dos alemães e passe aos russos.
Ao contrário da escalada dos emergentes, países europeus devem perder posições importantes nos próximos anos. Segundo a pesquisa, a Alemanha deve cair de 4ª para 6ª potência, o Reino Unido recuará de 6º para 8º lugar, a França passa de 5º para 9º, a Itália cairá de 8º para 13º e a Espanha passará de 13º para 17º na lista das maiores economias.
"Em 2017, o PIB indiano deverá ultrapassar a do Reino Unido, o que fará com que a Índia tenha a maior economia do Commonwealth (comunidade de nações originadas no Império Britânico)", diz o diretor-executivo do CEBR, Douglas McWilliams.
O responsável pela pesquisa, no entanto, nota que o Reino Unido não ficará alheio a tudo isso e reagirá. "Vamos bater outros países. Como efeito da política fiscal do presidente François Hollande e as dificuldades do euro, estamos prestes a superar a França em 2013 ou 2014", diz o executivo inglês, ao reavivar a velha disputa dos dois lados do Canal da Mancha entre britânicos e franceses. (Fonte: aqui).
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A perspectiva é positiva para o Brasil. Pelo visto, o britânico centro de pesquisas elaborador do estudo não tem ligação com a turma da The Economist e do Financial Times...
Quanto à zona do euro, convém lembrar a velha e sábia lição de Stephen Kanitz: a realidade e as perspectivas podem ser negativas, mas a antevisão só se concretizará se nada for feito para modificá-la. Afinal, quem pode garantir que o neoliberalismo vai reinar em determinados países até o caos total?!
ILUSTRAÇÃO CARTÃO DE ANO NOVO
Piracicaba produz o mais importante Salão Internacional de Humor do País. Em 2013, acontecerá a 40ª edição. Grande Piracicaba!
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
RENTISTAS EM APUROS
Rentistas uivam lá, matilha late aqui
As aplicações do 'Sloane Robinson', um dos dez maiores fundos hedge do mundo e dos mais antigos de Londres, vão fechar o ano com saldo de US$ 2,5 bilhões.
Em 2008, o fundo especulativo acumulava ativos de US$ 15,1 bilhões. O 'Sloane' esfarela. Sua rentabilidade despencou 17% no ano passado; afundará mais 2% em 2012. Não é um caso isolado.
Rentistas de todo o mundo sofrem os reveses da implosão neoliberal agravada pelo fim da farra nos países emergentes - Brasil entre eles. Sua passagem pelo país incluía ganhos triplos: na arbitragem dos juros (maiores aqui, remunerando captações a um custo menor lá fora); na diferença cambial entre a data de ingresso e a da saída, uma vez que o próprio tsunami especulativo forçava a valorização do Real, garantindo conversões vantajosas para o dólar na despedida; e, finalmente, na jogatina 'rapidinha' nas bolsas, sem nem dispor de ações próprias, alugando carteiras junto a bancos.
A obstrução da pista principal do circuito, a dos juros, derrubados a fórceps pelo governo Dilma, melou o resto do passeio, prejudicado ainda pela queda nos mercados acionários. O rendimento médio dos fundos hedges este ano, segundo a Reuters, será 50% inferior à variação dos índices de ações dos mercados emergentes, que deve crescer apenas 5% frente a 2011, contra 450% entre 2003/2007. É quase o fim de uma era.
É desse pano de fundo que soam os vagidos em inglês contra o governo Dilma, ecoados de gargantas midiáticas profundamente comprometidas com as finanças desreguladas.
Caso da The Economist, que pediu a cabeça do ministro Mantega, na semana passada - caninamente saudada pelos seus back vocals em português -, e do Financial Times, desta semana, cujo blog faz referências deselegantes ao país e a sua Presidente.
Como acontece quando as matrizes entram no cio numa matilha, os uivos locais elevaram seus decibéis na última quarta-feira. Coube à 'Folha' cravar o latido mais alto da praça, em editorial pedindo 'reforma geral nas prioridades nacionais'. (Fonte: CartaMaior - leia mais aqui e AQUI).
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Eis, devidamente explicitado, o motivo por que as críticas e achincalhes contra o Brasil se sucedem. Perder dinheiro é um desastre! Ver chances de ganhos gordos e fáceis se queimando é revoltante!
Agora, sintomático, mesmo, é ver repórteres e comentaristas da grande mídia tupiniquim repercutindo os apupos dos rentistas, alguns desempenhando com extrema competência o papel de back vocal.
ECOS DO POPULISMO PENAL MIDIÁTICO
Enio.
Joaquim Barbosa e a marcha da sensatez
Por Luiz Flávio Gomes
Barbara W. Tuchman escreveu, em 1984, um dos livros mais admiráveis da humanidade: A marcha da insensatez. Cuida, essencialmente, do seguinte: como os governantes (homens públicos), em certos momentos, cometem erros homéricos, destruindo sua nação ou sua reputação. Quatro grandes acontecimentos da história são detalhadamente abordados no livro: como puderam os troianos imbecilmente puxar o famigerado cavalo de madeira para dentro dos muros de Tróia, como os papas da Renascença toscamente não foram capazes de captar as forças reformistas, impedindo a cisão protestante, como a arrogância dos lordes ingleses forjou a libertação da América do Norte e como os americanos nesciamente se meteram na guerra do Vietnã.
A história, na verdade, é pródiga em mais exemplos de insensatez: o movimento comunista de Stalin, os fascismos, o nazismo de Hitler, a invasão do Iraque pelo ex-presidente Bush, a guerra do Afeganistão etc. Nesta semana, no Brasil, vimos um exemplo estrondoso de insensatez, do ponto de vista jurídico, que foi o pedido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de prisão imediata dos réus mensaleiros. Como afirmamos anteriormente, não importa se se trata de rico ou pobre, petistas ou peessedebistas, preto ou branco: o Estado de Direito deve sempre ser respeitado. E foi isso que fez Joaquim Barbosa, na sua decisão de 21.12.12, rejeitando a insensatez jurídica do procurador-geral.
Ao indeferir a liminar, o ministro-presidente observou que "não há dados concretos que permitam apontar a necessidade da custódia cautelar dos réus (CPP, art.312), os quais, aliás, responderam ao processo em liberdade". Assim é o direito vigente no Brasil, desde fevereiro de 2009 (HC 84.078), em decisão história do Pleno do STF. Por que seria diferente no caso do mensalão? Só para dar razão às críticas (muitas infundadas) da cúpula do PT de que o julgamento seria político e de exceção?
Antes de indeferir o pedido do procurador-geral da República, o ministro lembrou que "já foi determinada a proibição de os condenados se ausentarem do país, sem prévio conhecimento e autorização do Supremo Tribunal Federal, bem como a comunicação dessa determinação às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional". "Por todas essas razões, indefiro o pedido", concluiu o ministro-presidente.
Do ponto de vista jurídico, Joaquim Barbosa, nesse ato, retratou a marcha da sensatez jurídica. Carl Schmitt, no auge das suas doutrinas nazistas, afirmou: "A totalidade do direito alemão hoje em dia... deve reger-se só e exclusivamente pelo espírito do nacional-socialismo... Cada interpretação deve ser uma interpretação de acordo com o nacional-socialismo" (em Müller, Los juristas del horror). Muitos estão pretendendo repetir a história, para interpretar todo o direito de acordo com as aberrações do populismo penal midiático.
Goebbels chegou a sugerir "borrar o ano de 1789 da história da Alemanha" (ano de Revolução Francesa). A partir dessa desastrada opinião, os juristas da época iniciaram uma grande campanha contra os direitos humanos, criticando as garantias dos direitos individuais frente ao Estado, as limitações do poder estatal e as restrições do Estado para impor e fazer executar suas sentenças penais. Tudo terminou com o nazismo, o holocausto e a Segunda Guerra Mundial, com milhões de cadáveres.
Schaffstein, um dos emergentes e grandes penalistas nazistas, afirmou: "Quase todos os princípios, conceitos e distinções do nosso direito contam com o espírito do Iluminismo e, portanto, devem ser remodelados sobre a base do novo gênero de pensamento e experiência", que é a nazista, que devia se atrelar à sã consciência do povo (Volk) alemão. A sã consciência do povo alemão está sendo substituída, no século XXI, pelo populismo penal midiático, como procurei demonstrar no meu novo livro, no prelo.
Temos que estar atentos contra os "bandoleiros da República" (como disse o Ministro Celso de Mello), pouco importando o partido político a que pertencem, punindo-os de acordo com a lei. Ao mesmo tempo, de olho nos movimentos de destruição do Estado de Direito, em nome do populismo penal midiático. Nem impunidade daqueles cuja culpabilidade esteja devidamente comprovada, consoante o devido processo legal, nem totalitarismos nazistas. A primitivização dos direitos e das garantias constitui um dos mais horrendos retrocessos civilizatórios. (Fonte: aqui).
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Ao pleitear a prisão de condenados do mensalão antes do pleno trânsito processual e após esperta manobra contra o pleno do STF (retirou o pedido, impedindo o julgamento, para dois dias depois reapresentá-lo, desta feita ao plantonista, no caso o ministro Barbosa), o procurador-geral Gurgel certamente agiu movido pela volúpia populista penal midiática, mal que acometeu outros atores participantes. E a perspectiva é a seguinte: se depender das estrelas em destaque e da mídia, a fogueira das vaidades e astúcias ainda vai crepitar por longo tempo.
Marcadores:
Mensalão. Joaquim Barbosa. Luiz Flávio Gomes.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
O AUMENTO REAL ACUMULADO DO SALÁRIO MÍNIMO
Salário mínimo: aumento real de 70% em dez anos
O reajuste de 9% no salário mínimo, anunciado neste final de ano pelo governo, levará a 239% o reajuste acumulado em dez anos, para uma inflação (INPC) estimada em aproximadamente 99%.
Com isso, o aumento real dado ao mínimo nesse período vai superar os 70%. O Dieese estima que apenas o acréscimo de R$ 56 (de R$ 622 para R$ 678) deve representar um acréscimo de R$ 32,7 bilhões na economia. Segundo o coordenador de Relações Sindicais do instituto, José Silvestre, o impacto na arrecadação tributária sobre o consumo ficará em torno de R$ 15,9 bilhões.
“É um estímulo para a economia. E é talvez a política pública que atinge o maior número de pessoas, um instrumento que ajuda na distribuição de renda”, afirma o economista. Ele lembra que há no país aproximadamente 45,5 milhões de pessoas que têm, em alguma medida, o salário mínimo como referência de seus rendimentos. A soma inclui aposentados, empregados, trabalhadores por conta própria e trabalhadores domésticos.
Silvestre enfatiza a importância de existir uma política de reajustes para o salário mínimo. “Você pode até discutir a questão do critério, mas o fato de ter uma regra clara não deixa à mercê do governo que entra ou sai”, comenta. Ele também desconsidera a tese dos críticos dessa política, de que os aumentos reais “quebrariam” a Previdência ou aumentariam a informalidade no mercado de trabalho.“A história tem mostrado o contrário”, diz o economista.
A Lei 12.255, de 2010, estabeleceu diretrizes para a política de valorização do salário mínimo de 2012 a 2023, o que deveria ser feito por projeto de lei. O PL 382, de 2011, fixa critérios até 2015: reajuste pelo INPC e, a título de aumento real, a variação do PIB de dois anos antes. Em 2014, por exemplo, além da inflação, seria aplicado o percentual equivalente ao PIB de 2012. De acordo com o Dieese, se a economia crescesse 5% ao ano até 2023, o mínimo dobraria em termos reais, atingindo aproximadamente R$ 1.400.
O valor oficial segue abaixo das necessidades do trabalhador, mas não se pode desconsiderar o incremento dos últimos anos, acrescenta o técnico do Dieese. “O salário mínimo necessário chegou a ser quase oito vezes maior. Hoje, essa relação é de quatro vezes”, lembra. Segundo o dado mais recente, relativo a novembro, o mínimo necessário para um trabalhador e sua família adquirirem os gêneros essenciais deveria ser de R$ 2.514,09. Mas, com o aumento anunciado, a relação entre mínimo e cesta básica será a melhor desde 1979. Em 1995, o mínimo comprava 1,02 cesta – em janeiro, passará a comprar 2,26 cestas. (Fonte: aqui).
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Quando se alia a realidade acima à ampliação dos programas sociais e do crédito bancário (notadamente por parte dos bancos estatais), compreende-se o fortalecimento do mercado interno brasileiro e a resistência do País aos efeitos da crise mundial.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
REFLEXÃO FINAL DE NATAL
A morte de Jesus no sertão
Por Mauro Santayana
Era véspera de Natal, em ano de seca no norte de Minas e Sul da Bahia. Um grupo de sertanejos buscava o sul, e viajava a pé. Uma das jovens estava nos últimos dias de gravidez, e, com seu marido e seus pais, entrou na cidade de Montes Claros, procurando um hospital. Em andrajos, quase todos descalços, e já tarde da noite, procuravam um hospital qualquer em que a moça pudesse ter sua criança. Uma patrulha da polícia ainda tentou ajudá-los, mas, naquele tempo, com os retirantes sem documentos e sem dinheiro, os poucos hospitais negaram ajuda.
Os andarilhos foram devolvidos à estrada rumo a Belo Horizonte, situada a mais de 400 quilômetros. Tão logo a polícia os deixou, as dores do parto se abreviaram. De volta à cidade, encontraram o parque de exposições agropecuárias com o portão encostado, e sob inesperada tempestade naquele verão inclemente, não conseguiram chegar às baias, onde, sob a guarda de vaqueiros, os animais dormiam, esperando a manhã. A manhã de Natal.
No pátio da exposição, uma árvore antiga, de copa tupida, era o único abrigo, sob a qual a moça teve seu filho. Como chovesse e ventasse forte, e a mãe estivesse desnutrida, faminta, a criança nasceu choramingando, sem forças. Os vaqueiros perceberam o que ocorria, e, juntos, levaram a família a um hospital, comprometeram-se a custear a assistência. Já era tarde. A criança não resistira ao frio, aos seios secos, ao desprezo dos que negaram abrigo aos pais. Alimentaram a mãe com soro, e a deixaram dormir na enfermaria. O jornal da cidade soube do fato, e com sua intervenção, a moça continuou internada, até recompor-se um pouco do parto, e voltar com sua família à estrada.
A moça disse ao repórter que estava muito triste. Como estavam no Natal, ela e seu companheiro, também ainda na adolescência, queriam dar à criança, se fosse homem, o nome de Jesus. Se fosse mulher, o nome de Maria.
Os fatos ocorreram há 34 anos, e deles me lembro bem. Na época, eu dirigia a Sucursal da Folha de S. Paulo, em Belo Horizonte, e recebi a informação do “Jornal de Montes Claros”, que ainda circulava. Redigi a matéria, como uma notícia comum, e a enviei, sem assinatura, ao meu jornal, que a publicou sem destaque. Muito mais tarde soube que a nota, redigida às pressas, ajudara a inspirar a Campanha da Fraternidade da Igreja, com o lema de “Para onde vais”, um ano depois.
Aquele Jesus morreu no sertão mineiro, ao nascer. Outros continuam a morrer, perdendo a trilha de seu destino, nas vésperas de todos os natais, na Palestina, na Síria, no Paquistão, nos arredores de São Paulo – e em nossos ressequidos sertões brasileiros. (Fonte: aqui).
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
MEU PRESENTE DE NATAL INESQUECÍVEL
Nos últimos vinte anos - ou mais -, meu presente de Natal é sempre inesquecível: é a ceia com minha família, meu pai na liderança. Não dou chance a apelos: nada de viajar, nada de optar por outro encontro. A ceia grupal - com a louvação ao Menino, obviamente - é insubstituível. Baita presente anual.
Mas, para muitos, é como se o presente acima fosse hors concours, sendo que a lembrança de um Natal inesquecível poderia repousar em um bem material: um livro, uma bicicleta, uma novidade tecnológica. Perfeitamente lícito o entendimento, uma vez que pautado na boa fé.
Feita a observação, vejamos o artigo a seguir, de autoria de Kátia Mello, publicado no jornal Valor e que vi no blog de Ailton Medeiros:
Meu presente de Natal inesquecível
Era uma Monark roxa, sem rodinhas. Linda, a bicicleta chegou reluzente como um realizado desejo de Natal de Raul Cutait, quando tinha 8 anos. Tão querida era a magrela que se tornaria sua grande companheira durante anos. Primeiro foi preciso treinar dias seguidos, dando voltas no fundo do quintal, para depois conseguir usá-la da maneira sonhada: explorar a vizinhança, percorrer as ruas da Bela Vista, enfim ganhar o mundo num tempo em que as crianças andavam soltas e só regressavam para casa no fim da noite, sujas e cansadas. “Essa bicicleta foi a minha alforria. Ela criou em mim a sensação de ser um desbravador em busca de caminhos, estimulado pela curiosidade do desconhecido, algo que se incorporou à minha vida”, diz Cutait, cirurgião do Hospital Sírio-Libanês que já operou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros pacientes ilustres. O mais curioso, nas palavras do médico, é que seus pais não tinham a menor ideia de que esse seria o presente mais importante de sua vida.
Os estudiosos do comportamento, psicólogos, antropólogos, economistas e marqueteiros têm se debruçado no assunto para tentar explicar como esse objeto tangível está diretamente ligado às relações humanas. Os presentes servem para conquistar as pessoas, retribuir algo, pedir desculpas, demonstrar amor, amizade, estabelecer novos amigos, novas relações diplomáticas, econômicas e até vínculos religiosos. Embora não seja exatamente reveladora, a primeira conclusão unânime é que dar presentes faz bem, principalmente a quem oferece. A segunda conclusão é que uma efusão de sentimentos se manifesta na relação entre o doador e o receptor: alegria, surpresa, ansiedade, curiosidade, medo e até frustração e repulsa, quando não se é correspondido.
Os especialistas em consumo Russell W. Belk e Gregory Coon, autores de várias publicações referentes a esse tema, entre elas “Can’t Buy Me Love: Dating, Money, and Gifts” (Amor não se compra: namoro, dinheiro e presentes, em tradução livre), afirmam que sempre o receptor acaba ganhando a “essência espiritual” do doador, ou seja, um pedacinho de quem dá. Belk e Coon classificam o presente como um “objeto de amor” e não apenas um objeto material.
A psicóloga e pesquisadora Ellen J. Langer, da Universidade de Harvard, que estuda há quatro décadas o tema, vai além. Afirma que há beleza no presentear e quem o faz “se torna mais forte, mais generoso e mais atencioso em relação aos outros”. Ellen é uma das maiores conhecedoras de um fenômeno psicológico denominado “mindfulness”, espécie de estado de “plena consciência”. Ela defende o presentear como uma forma prática de apreensão da realidade. Segundo a psicóloga, quanto mais somos generosos, quanto mais nos importamos com as pessoas, mais procuramos saber sobre elas e, consequentemente, mais consciência adquirimos sobre quem são nossos amigos, nossos parentes e as pessoas com quem convivemos. “É uma oportunidade de conhecimento que não devemos desprezar.”
Apenas o fato de pensar em quem será presenteado já aciona um mecanismo cerebral de atenção, segundo a pesquisadora de Harvard. “Você começa a reparar mais na pessoa, nas roupas que ela usa, se gosta de azul ou de vermelho.” No processo de escolha, surge uma sensação de alegria interna em poder satisfazer o outro. Esse estado de alegria em agradar as pessoas proporciona melhorias na saúde, física e mental, produzindo menos ansiedade, menos depressão e melhor regulação das funções hormonais. Ao realizar uma enquete com idosos, Ellen Langer também chegou à conclusão que os que atingem maior grau de consciência sobre a importância do outro têm mais chances de uma vida longeva.
Observar o outro, notar do que ele gosta, o que o tornaria feliz, é uma ação de extrema generosidade. E, na maior parte das vezes, demonstra quanto conhecemos o presenteado, como nos relacionamos com ele, que importância ele tem em nossa vida. No gesto de doação, é possível também ampliar os horizontes de quem recebe.
O escritor Milton Hatoum se lembra com carinho do que ganhou de sua mãe no aniversário de 13 anos: a coleção de contos “Histórias da Meia-Noite”, de Machado de Assis. “Esses contos me fizeram mergulhar na literatura machadiana e foram muito importantes, porque eram diferentes de tudo o que eu já tinha lido até ali, como os livros de Euclides da Cunha.” Hatoum recorda que o conto “A Parasita Azul”, sobre um jovem chamado Camilo, muito o impressionou. Além do entretenimento de uma boa leitura, a mãe lhe proporcionou uma nova maneira de enxergar a literatura. “A linguagem de Machado exerceu um fascínio sobre mim e virei um leitor de crônicas e de contos. Talvez se tivesse começado pelos romances, não teria gostado tanto assim.” Os pais de Hatoum já morreram, mas os livros de capa azul, edição de 1958, estão guardados na casa deles em Manaus, cidade onde o escritor nasceu e foi criado. (Para continuar, clique aqui).
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
BREVE RESUMO DA CONJUNTURA
É evidente que o julgamento (do mensalão) tem um caráter ideológico. Isso ficou claro nas declarações do Celso de Mello e do meu amigo Marco Aurélio, que andou até elogiando a ditadura militar.
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Não existe vácuo de poder. Como o Congresso não exerce o seu papel, o Judiciário avança.
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Veja o caso do Fux, que decidiu que o Senado não pode inverter a ordem dos vetos. Se essa lógica valesse para o STF, não poderiam inverter os mensalões. Teriam que começar com o mensalão mineiro, dos tucanos.
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E se a Justiça funcionasse no Brasil, nem teria havido o mensalão petista. Os operadores teriam sido presos antes. O mensalão tucano era de 1998. O Lula chegou ao poder em 2002 e o escândalo é de 2005.
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E o que o Fux fez foi travar o Congresso inteiro. Hoje, o Judiciário tutela o Legislativo.
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A Constituição é claríssima. ( O Fux) trancou tudo. Vão votar o orçamento depois do Natal, mas nem isso deveria acontecer depois da liminar do Fux.
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A vontade do Barbosa era prender, mas se fizesse isso seria expulso do STF pelo plenário ou pelo Congresso.
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Como é que pode o plenário querer votar na segunda-feira e o tema voltar dois dias depois?
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Foi uma manobra espúria, feita pelo procurador-geral Roberto Gurgel. A meu ver, ele deveria ser convocado para se explicar e essas convocações são coisas corriqueiras, da democracia.
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O problema é que o Congresso não se levanta contra nada. Não estamos conseguindo votar nem o direito de resposta. Todos têm rabo preso, são acovardados.
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Lá em Honduras, alguns ministros da suprema corte foram cassados e eu soube que o Joaquim Barbosa fez um pedido de explicações para entender como foi isso.
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A gente nunca acha que é possível até o dia em que acontece. Aconteceu no Paraguai e em Honduras. O Brasil é diferente? É. É bem mais forte. Mas que existe um golpismo, existe.
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A mídia defende, em linhas gerais, uma ideologia privatista. O moralismo é de ocasião, não por princípios. São moralistas apenas quando o moralismo atende a seus interesses. Eu era um alvo permanente porque cortei as verbas publicitárias. Mas hoje existe a internet.
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(Senador Roberto Requião - PMDB-PR -, em entrevista concedida ao portal Brasil 247, aqui. A seleção foi feita por um leitor do blog Conversa Afiada, aqui, mas sugiro que se leia a íntegra da entrevista: é incisiva por inteiro).
domingo, 23 de dezembro de 2012
LUZILÂNDIA SEMPRE
Familiares nossos visitaram Luzilândia para os festejos de Santa Luzia. Francisco, quero dizer, Chiquinho, dileto irmão que por lá não andava desde muito, ficou encantado com a acolhedora cidade. Nenhuma surpresa: Luzilândia é 'daqui'.
A foto acima - colhida no competente blog Luzilândia On-line (clique aqui) - destaca a imagem da Santa em 'pedestal' erguido em pleno largo do "Patamar", o espaço mais bonito da cidade: amplo, pracinhas com canteiros bem cuidados, oitizeiros, Igreja no topo, residências em seu perímetro, tudo disposto em topografia singularíssima.
Perdi a oportunidade de compartilhar a satisfação. Pior pra mim. E viva Luzilândia.
sábado, 22 de dezembro de 2012
CLARICE E JOBIM: BELO ENCONTRO
Clarice Lispector entrevistando Tom Jobim
(Entrevista publicada inicialmente no Jornal do Brasil, em três sábados seguidos: 3, 10 e 17 de julho de 1971. Foi reproduzida em livros de Clarice).
3 de julho de 1971
Tom Jobim foi o meu padrinho no I Festival de Escritores, não lembro em que ano, no lançamento de meu romance "A maçã no escuro". E na nossa barraca ele fazia brincadeiras: segurava o livro na mão e perguntava:
- Quem compra? Quem quer comprar?
Não sei, mas o fato é que vendi todos os exemplares.
Um dia, faz algum tempo, Tom veio me visitar: há anos que não nos víamos. Era o mesmo Tom: bonito, simpático, com o ar de pureza que ele tem, com os cabelos meio caídos na testa. Um uísque e conversa que foi ficando mais séria. Reproduzirei literalmente nossos diálogos (tomei notas, ele não se incomodou).
- Tom, como é que você encara o problema da maturidade?
- Tem um verso do Drummond que diz: "A madureza, esta horrível prenda..." Não sei Clarice, a gente fica mais capaz, mas também mais exigente.
- Não faz mal, a gente exige bem.
- Com a maturidade, a gente passa a ter consciência de uma série de coisas que antes não tinha, mesmo os instintos, os mais espontâneos, passam pelo filtro. A polícia do espaço está presente, essa polícia que é a verdadeira polícia da gente. Tenho notado que a música vem mudando com os meios de divulgação, com a preguiça de se ir ao Teatro Municipal. Quero te fazer esta pergunta a respeito da leitura de livros, pois hoje em dia estão ouvindo televisão e rádio de pilha, meios inadequados. Tudo o que escrevi de erudito e mais sério fica na gaveta. Que não haja mal-entendido: a música popular, considero-a seríssima. Será que hoje em dia as pessoas estão lendo como eu lia quando garoto, tendo o hábito de ir para a cama com um livro antes de dormir? Porque sinto uma espécie de falta de tempo da humanidade - o que vai entrar mesmo é a leitura dinâmica. Que é que você acha?
- Sofro se isso acontecer, que alguém leia meus livros apenas no método do vira-depressa-a-página dinâmico. Escrevi-os com amor, atenção, dor e pesquisa e queria de volta como mínimo uma atenção completa. Uma atenção e um interesse como o seu, Tom. E no entanto o cômico é que eu não tenho mais paciência de ler ficção.
- Mas aí você está se negando, Clarice!
- Não, meus livros, felizmente para mim, não são superlotados de fatos, e sim da repercussão dos fatos no indivíduo. Há quem diga que a música e a literatura vão acabar. Sabe quem disse isso? Henry Miller. Não sei se ele queria dizer para já ou para daqui a 300 ou 500 anos. Mas eu acho que nunca acabarão.
Riso feliz de Tom:
- Pois eu, sabe, também acho!
- Acho que o som da música é imprescindível para o ser humano e que o uso da palavra falada e escrita é como a música, duas coisas das mais altas que nos elevam do reino dos macacos, do reino animal.
- E mineral também, e vegetal também! (Ele ri.) Acho que sou um músico que acredita em palavras. Li ontem o teu O búfalo e A imitação da rosa.
- Sim, mas é a morte às vezes.
- A morte não existe, Clarice. Tive uma experiência que me revelou isso. Assim como também não existe o eu nem o euzinho nem o euzão. Fora essa experiência que não vou contar, temo a morte 24 horas por dia. A morte do eu, eu te juro, Clarice, porque eu vi.
- Você acredita na reencarnação?
- Não sei. Dizem os hindus que só entende de reencarnação quem tem consciência das várias vidas que viveu. Evidentemente, não é o meu ponto de vista: se existe reencarnação, só pode ser por um despojamento.
Dei-lhe então a epígrafe de um de meus livros: é uma frase de Bernard Berenson, crítico de arte:
"Uma vida completa talvez seja aquela que termina em tal identificação com o não-eu que não resta um eu para morrer."
- Isto é muito bonito - disse Tom - é o despojamento; caí numa armadilha porque, sem o eu, eu me neguei. Se nos negamos qualquer passagem de um eu para outro, o que significa reencarnação, então a estamos negando.
- Não estou entendendo nada do que estamos falando mas faz sentido. Como podemos falar do que não entendemos! Vamos ver se na próxima reencarnação nós dois nos encontraremos.
10 de julho de 1971
Depois falamos sobre o fato de que a sociedade industrial organiza e despersonaliza demais a vida. E se não cabia aos artistas o papel de preservar não só a alegria do mundo como a consciência do mundo.
- Sou contra a arte de consumo. Claro, Clarice, que eu amo o consumo... Mas do momento em que a estandardização de tudo tira a alegria de viver, sou contra a industrialização. Sou a favor do maquinismo que facilita a vida humana, jamais a máquina que domina a espécie humana. Claro, os artistas devem preservar a alegria do mundo. Embora a arte ande tão alienada e só dê tristeza ao mundo. Mas não é culpa da arte porque ela tem o papel de refletir o mundo. Ela reflete e é honesta. Viva Oscar Niemeyer e viva Vila-Lobos! Viva Clarice Lispector! Viva Antônio Carlos Jobim! A nossa é uma arte que denuncia. Tenho sinfonias e músicas de câmara que não vêm à tona.
- Você não acha que é seu dever o de fazer a música que sua alma pede? Pelas coisas que você disse, suponho que significa que o nosso melhor está dito para as elites.
- Evidentemente que nós, para nos expressarmos, temos que recorrer à linguagem das elites, elites estas que não existem no Brasil... Eis o grande drama de Carlos Drummond de Andrade e Vila-Lobos.
- Para quem você faz música e para quem eu escrevo, Tom?
- Acho que não nos foi perguntado nada a respeito e, desprevenidos, ouvimos no entanto a música e a palavra, sem tê-las realmente aprendido de ninguém. Não nos coube a escolha: você e eu trabalhamos sob uma inspiração. De nossa ingrata argila de que é feito o gesso. Ingrata mesmo para conosco. A crítica que eu faria, Clarice, nesse confortável apartamento no Leme, é de sermos seres rarefeitos que só se dão em determinadas alturas. A gente devia se dar mais, a toda hora, indiscriminadamente. Hoje quando leio uma partitura de Stravinsky ainda mais sinto uma vontade irreprimível de estar com o povo, embora a cultura jogada fora volte pelas janelas - estou roubando C.D.A.
- Talvez porque nós todos sejamos parte de uma geração quem sabe se fracassada?
- Não concordo absolutamente.
- É que sinto que nós chegamos ao limiar de portas que estavam abertas - e, por medo ou pelo que não sei, não atravessamos plenamente essas portas. Que no entanto têm nelas já gravado o nosso nome. Cada pessoa tem uma porta com seu nome gravado, Tom, e é só através dela que essa pessoa perdida pode entrar e se achar.
- Batei e abrir-se-vos-á.
- Vou confessar a você, Tom, sem o menor vestígio de mentira: sinto que se eu tivesse tido coragem mesmo, eu já teria atravessado a minha porta, e sem medo de que me chamassem de louca. Porque existe uma nova linguagem, tanto a musical quanto a escrita, e nós dois seríamos os legítimos representantes das portas estreitas que nos pertencem. Em resumo e sem vaidade: estou simplesmente dizendo que nós dois temos uma vocação a cumprir. Como se processa em você a elaboração musical que termina em criação? Estou simplesmente misturando tudo mas não é culpa minha, Tom, nem sua: é que nossa conversa está meio psicodélica.
- A criação musical em mim é compulsória. Os anseios de liberdade nela se manifestam.
- Liberdade interna ou externa?
- A liberdade total. Se como homem fui um pequeno-burguês adaptado, como artista me vinguei nas amplidões do amor. Você desculpe, eu não quero mais uísque por causa de minha voracidade, tenho é que beber cerveja porque ela locupleta os grandes vazios da alma. Ou pelo menos impede a embriaguez súbita. Gosto de beber só de vez em quando. Gosto de tomar uma cerveja mas de estar bêbado não gosto.
Foi devidamente providenciada a ida da empregada para comprar cerveja.
17 de julho de 1971
- Tom, toda pessoa muito conhecida, como você, é no fundo o grande desconhecido. Qual é a sua face oculta?
- A música. O ambiente era competitivo, e eu teria que matar meu colega e meu irmão para sobreviver. O espetáculo do mundo me soou falso. O piano no quarto escuro me oferecia uma possibilidade de harmonia infinita. Esta é a minha face oculta. A minha fuga, a minha timidez me levaram inadvertidamente, contra a minha vontade, aos holofotes do Carnegie Hall. Sempre fugi do sucesso, Clarice, como o diabo foge da cruz. Sempre quis ser aquele que não vai ao palco. O piano me oferecia, de volta da praia, um mundo insuspeitado, de ampla liberdade - as notas eram todas disponíveis e eu antevi que se abriam os caminhos, que tudo era lícito, e que poderia ir a qualquer lugar desde que fosse inteiro. Subitamente, sabe, aquilo que se oferece a um menor púbere, o grande sonho de amor estava lá e este sonho tão inseguro era seguro, não é, Clarice? Sabe que a flor não sabe que é flor? Eu me perdi e me ganhei, enquanto isso sonhava pela fechadura com os seios de minha empregada. Eram lindos os seios dela através do buraco da fechadura.
- Tom, você seria capaz de improvisar um poema que servisse de letra para uma canção?
Ele assentiu e, depois de uma pequena pausa, me ditou o que se segue:
- Teus olhos verdes são maiores que o mar.
- Se um dia eu fosse tão forte quanto você eu te desprezaria e viveria no espaço.
- Ou talvez então eu te amasse.
- Ai! que saudades me dá da vida que nunca tive!
- As dores do parto são terríveis. Bater com a cabeça na parede, angústia, o desnecessário do necessário, são os sintomas de uma nova música nascendo. Eu gosto mais de uma música quanto menos mexo nela. Qualquer resquício de savoir-faire me apavora.
- Gauguin, que não é meu predileto, disse uma coisa que não se deve esquecer, por mais dor que ela nos traga. É o seguinte: "Quando tua mão direita estiver hábil, pinta com a esquerda; quando a esquerda ficar hábil, pinta com os pés". Isso responde ao seu terror do savoir-faire?
- Para mim a habilidade é muito útil mas em última instância a habilidade é inútil. Só a criação satisfaz. Verdade ou mentira, eu prefiro uma forma torta que diga, do que uma forma hábil que não diga.
- Você é quem escolhe os intérpretes e os colaboradores?
- Quando posso escolher intérpretes, escolho. Mas a vida veio muito depressa. Gosto de colaborar com quem eu amo, Vinícius, Chico Buarque, João Gilberto, Newton Mendonça etc. E você?
- Faz parte de minha profissão estar mesmo sempre sozinha, sem intérpretes e sem colaboradores. Escute, todas as vezes em que eu acabei de escrever um livro ou um conto, pensei com desespero e com toda a certeza que nunca mais escreveria nada. Você, que sensação tem quando acaba de dar à luz uma canção?
- Exatamente a mesma. Eu sempre penso que morri depois das dores do parto.
Veio a cerveja.
- A coisa mais importante do mundo é o amor, a coisa mais importante para a pessoa como indivíduo é a integridade da alma, mesmo que no exterior ela pareça suja. Quando ela diz que sim, é sim, quando ela diz que não, é não. E durma-se com um barulho desses. Apesar de todos os santos, apesar de todos os dólares. Quanto ao que é o amor, amor é se dar, se dar, se dar. Dar-se não de acordo com o seu eu - muita gente pensa que está se dando e não está dando nada - mas de acordo com o eu do ente amado. Quem não se dá, a si próprio detesta, e a si próprio se castra. Amor sozinho é besteira.
- Houve algum momento decisivo na sua vida?
- Só houve momentos decisivos na minha vida. Inclusive ter de ir, aos 36 anos, aos Estados Unidos, por força do Itamarati, eu que gostava já nessa época de pijama listrado, cadeira de balanço de vime, e o céu azul com nuvens esparsas.
- Muitas vezes, nas criações em qualquer domínio, podem-se notar tese, antítese e síntese. Você sente isso nas suas canções? Pense.
- Sinto demais isso. Sou um matemático amoroso, carente de amor e de matemática. Sem forma não há nada. Mesmo no caótico há forma.
- Quais foram as grandes emoções de sua vida como compositor e na sua vida pessoal?
- Como compositor nenhuma. Na minha vida pessoal, a descoberta do eu e do não-eu.
- Qual é o tipo de música brasileira que faz sucesso no exterior?
- Todos os tipos. O Velho Mundo, Europa e Estados Unidos estão completamente exauridos de temas, de força, de virilidade. O Brasil, apesar de tudo, é um país de alma extremamente livre. Ele conduz à criação, ele é conivente com os grandes estados da alma. (Fonte: aqui).
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Que entrevista! Parece um presente de Natal.
Há alguns comentários bonitos a respeito, no blog do Nassif - aqui -, onde encontrei o post acima e pude agregar a meus favoritos o blog dedicado a Jobim.
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Entrevista. Clarice Lispector. Tom Jobim.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
QUANDO LIBERATI VIU O FIM DO MUNDO
O dia (muito antigo) em que o fim do mundo quase acabou comigo
Por Liberati (Cartunista, cronista, pesquisador musical)
No final dos anos 50 os únicos cometas que sacudiam a terra eram os de Bill Halley com um roquenrol de salão, que na época provocava furor, era coisa de “jovens transviados” que quebravam cadeiras de cinema e entravam na rua Augusta a 120 por hora, se não me engano. Mas, no meu bairro, muito longe das boutiques da moda, correu um boato de que o mundo iria acabar naquele dia, justamente ao cair da tarde. Não me perguntem que dia era esse, que não vou lembrar. Acho que alguém se equivocou ao ouvir uma notícia no rádio de que algum asteróide iria provavelmente passar perto da terra e, como quem conta um conto aumenta um ponto, tratou de espalhar o pânico: o mundo definitivamente iria acabar. Passei o dia preocupado com a nossa extinção: então nunca mais bola de gude, pipa no ar, estilingue, filme de caubói, nunca mais raspadinha gelada, quebra-queixo???
Lembro que naquele dia que prometia ser fatítico não teve aula. Depois de um almoço em que quase não comi nada, fiquei vagando pelas matas do bairro à procura de passarinhos e munição que brotava em grandes cachos de mamona. A tarde avançava e, como sempre fazia nos dias de folga, rumei para o nosso campinho onde praticávamos um futebol que prometia ser campeão do mundo, um mundo que naquele dia iria acabar. Lá estavam as feras: Quinho, Durva, Portuguesinho, Tonho, Dirso, Nardo, Bacalhau, Macarrão e outros que, me perdoem, esqueci na poeira do tempo.
O campo, na verdade era um descampado, sem grama, numa espécie de vale de um bairro em construção. O gol não tinha travessão, só dois tocos plantados de cada lado. A bola era de "capotão". Usava-se, nessa época heróica, sebo para ajudar a conservar as costuras e esticar o seu couro: era uma pedra inflada. Jogava-se democraticamente, todos descalços. Os times eram escolhidos no par ou ímpar disputado por dois craques que eram líderes naturais, tinham adquirido uma autoridade no pé, driblando e fazendo muitos gols. Tratavam de escolher primeiro os mais hábeis; os “grossos” (que eram ruins de bola) e os menores ficavam para o final. Aí distribuiam aqueles que sobravam de forma a nenhum dos times ficar mais forte. Eu estava entre os menores, era magrinho mas enjoado, capaz de grandes jogadas e imensos vacilos.
O jogo começou, ou, melhor dizendo, uma renhida batalha do tipo “arranca toco” X "quebra dedão” teve início. Foi nesse dia que, numa dividida, Tonho quase quebrou meu pé, foi desleal. Ele era pelo menos uns 10 anos mais velho do que eu. Mas, pulando feito um Saci, fiquei até o final da partida, que aconteceu na hora do crepúsculo, quando tudo fica meio que violeta e já não se divisa mais os limites das coisas - uma quase noite quando não foi mais possível ver a bola. Nesse momento me toquei que o mundo àquela hora já devia ter acabado. Uma felicidade oceânica, daquelas que só se sente na infãncia, tomou conta de mim, que fiquei rindo à-toa apesar da dor que tomava conta do tornozelo, já que o sangue começava a esfriar.
Mais tarde percebi que o mundo na verdade chega ao seu fim todo dia, é o tal de movimento que fundiu a cuca dos gregos desde o começo da nossa vã filosofia. Da mesma forma um outro mundo nasce a todo tempo e cada segundo deve ser encarado como um milagre nessa bola azul que Gagárin teve o privilégio de ver pela primeira vez lá de cima. Lágrimas , por favor! (Fonte: aqui).
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Dia de amargura em razão da ameaça do fim do mundo eu não tive, mas, a exemplo do Liberati, realizei "caçadas de baladeira" aos montes (e a munição eram pedrinhas, mesmo), li carradas de gibis e joguei bola em "campos" os mais inóspitos. Pertenci ao grupo dos medianos, meio lá, meio cá, e de quando em vez marcava um golzinho. Meus parceiros inesquecíveis: Luizinho, Manoel e Francisquinho (parentes entre si, conhecidos como "os magotes", craques de bola), Nazareno, Chiquinho (meu irmão, bom pacas), Zé Maria, Zé da Nena...
A cidade: Piracuruca, Piauí.
Mas nunca nem sequer a mais remota ameaça de fim do mundo!
E até hoje trago na mente aquela notícia que ouvi no rádio: Gagárin disse "A Terra é azul".
SOBRE A PRISÃO DOS CONDENADOS (II)
O ministro Joaquim Barbosa negou o pedido de prisão imediata dos condenados no mensalão, formulado pelo pgr Roberto Gurgel.
Restou frustrado o plano (exposto no post abaixo) arquitetado por Gurgel, que, de cambulhada, deixou 'comprometida' a imagem de Barbosa perante ardorosos fãs pelo País, que, ávidos por justiçamento, lamentam a decisão do presidente do STF.
(Josias de Sousa, da Folha, afirmou que "Barbosa surpreende políticos". Só os políticos? E os colunistas? E os 'analistas'?... Pensando bem, Josias não errou...).
SOBRE A PRISÃO DOS CONDENADOS
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Segunda-feira, 17, em sessão plenária do STF, o ministro Celso de Mello sugeriu fosse apreciado pedido de prisão de condenados do mensalão, formulado pelo procurador-geral. Ficou decidido que a deliberação ficaria para outra oportunidade. O procurador Gurgel até cuidou de retirar a petição.Pois eis que, mal iniciado o recesso do STF, o pgr reapresenta o pleito!
Segundo Vera Magalhães, da Folha de S. Paulo, ministros manifestaram estranheza (mais adequado seria dizer perplexidade) ante a atitude do procurador. Um dos ministros considerou sintomático o comportamento de Gurgel. De fato.
O ministro Joaquim Barbosa assegurou que hoje, 21, decidirá (monocraticamente) sobre o assunto.
Reproduzo abaixo artigo (que subscrevo) publicado no site Brasil 247:
Prisão imediata sem justificação é puro nazismo jurídico
Por Luiz Flávio Gomes
Nos delicados momentos de alto risco para o Estado de Direito e suas garantias, todos nós, por mais que nosso espírito esteja carregado de emoção e de ódio contra os fraudadores do dinheiro público e do poder, de sectarismos partidários ou de preconceitos ideológicos, temos que contar até 10, dar espaço para a razão e raciocinar como juristas e cidadãos preocupados com o futuro da nação, não com imediatismos populistas irracionais, típicos da era nazista de Hitler.
Há um livro que todos os acadêmicos e juristas jamais poderiam deixar de ler: Los juristas del horror (de Ingo Müller).
Quem lê este livro tem a nítida sensação de que a prisão imediata de qualquer réu no país, antes do trânsito em julgado, como mera antecipação da pena, tal como pediu o procurador-geral, sem a presença dos requisitos da prisão preventiva, pouco importando se o réu é rico ou pobre, petista ou peessedebista, preto ou branco, tem todo sabor de exceção, colocando esse ato do procurador-geral, com todo colorido populista, ao lado dos atos idênticos dos juristas nazistas como Goering, Goebbels, Rosenberg, Himmler, Dahn, Schaffstein, Schmitt, tidos como juristas monstros, guiados pelo fanatismo, demagogia e populismo.
Do ponto de vista estritamente jurídico, o pedido do procurador-geral da República é uma aberração, porque ele pede a antecipação da pena, não a decretação da prisão preventiva, com seus fundamentos, o que é refutado pelo STF desde 2009. O STF tem jurisprudência firmada há longo tempo (HC 84.078/MG, de relatoria do Ministro Eros Grau), no sentido de que a execução de uma pena só pode ocorrer após o trânsito em julgado da sentença. Antes disso, somente em casos excepcionais é admitida a prisão preventiva (a execução provisória), quando presentes os requisitos do art. 312 do CPP. Se um réu ameaçar fugir do país, por exemplo, cabe a prisão preventiva.
Fora disso, é puro populismo penal midiático. Dai a César o que é de César. O que é justo é justo e o que se traduz numa ideia aberrante não pode deixar de ser reconhecida como uma ideia aberrante (consoante os parâmetros jurídicos vigentes). Atos populistas colocam seus autores dentre os chamados "horrendos juristas" (segundo Hochhuth).
O servilismo da justiça nazista ao Executivo (ao Führer) está sendo substituído no século XXI pelo servilismo da justiça ao populismo penal midiático, conforme procurei demonstrar em livro que sairá dentro de poucos dias pela editora Saraiva. O fanatismo e a irracionalidade não podem servir de guias da justiça, a não ser que se queira que ela jogue o jogo do populismo e da demagogia.
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Direito. Mensalão. Prisão. Luiz Flávio Gomes.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
SOBRE O FIM DO MUNDO
Especialista do Maranhão desmente fim do mundo no calendário maia
Por Priscila Tieppo
Dia 21 de dezembro vem sendo considerado o marco do fim do mundo para algumas crenças que se baseiam no calendário dos povos maias – civilização que vivia no México entre os anos de 2.000 a.C. (antes de Cristo) e 1.519 d.C (depois de Cristo). Mas o Prof. Alexandre Navarro, especialista em cultura maia na UFMA (Universidade Federal do Maranhão), desmente que o calendário deste povo anunciasse o final dos tempos. "Eles nunca falaram em fim do mundo, mas, sim, em fim de ciclo", explicou Navarro.
O especialista explica que o calendário era uma forma de marcar períodos e que quando um ciclo completava 52 anos na roda calendárica (ou 5.126 anos, pois era um sistema complexo), era zerado. E é este marco que aparece nos registros antigos destes povos, tendo seu fim em 2012.
"O dia 21 é o fim de um ciclo, não o fim do mundo. Para nós, o fim do ano é dia 31, mas o dia 21 foi obtido com cálculos que se baseiam em uma média dos anos, que nem sempre têm 365 dias. O fim dos calendários são símbolos de renovação. No mundo maia nada termina, tudo se transforma", disse.
Então, por que as pessoas insistem em acreditar que o mundo pode acabar? "A questão do fim do mundo diz respeito às religiões judaico-cristãs, cujos relatos retratam episódios relacionados a este tema, como é o caso do livro do Apocalipse da Bíblia. Portanto, a questão do fim dos tempos é uma preocupação ocidental, é um assunto que está presente em nossa cultura através das tradições religiosas. O fato de crermos nessas tradições, não significa que outras culturas, em outras regiões geográficas, e em diferentes períodos da história, obrigatoriamente tivessem as mesmas concepções de criação e destruição do mundo. Os mitos e lendas maias não tratam dessa temática", afirmou Navarro.
(...)
Após receber uma enxurrada de cartas de pessoas seriamente preocupadas com teorias que preveem o fim do mundo no dia 21 de dezembro de 2012,a Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) resolveu "desmentir" esses rumores na internet (aqui).
...
Seu ministério de situações emergenciais afirmou que teve acesso a "métodos de monitoramento do que está acontecendo no planeta Terra" e que podia afirmar, com certeza, que o mundo não vai acabar em dezembro, de acordo com o jornal "The New York Times".
De acordo com a "BBC", o governo mexicano aproveitou o interesse mundial sobre a eventual desaparição da espécie humana e há vários meses lançou uma intensa campanha de promoção na Europa e nos Estados Unidos chamada Mundo Maia, que inclui banquetes preparados por alguns dos melhores chefs do planeta, concertos musicais, filmes, sorteios de loteria, concursos artísticos, encontros religiosos, exposições fotográficas, mergulho em rios subterrâneos e descontos na compra de automóveis.
A secretaria de Turismo do México disse que a estratégia teve sucesso e superou as expectativas iniciais.
O Estado de Yucatán, no sudeste do México, que abriga a maior concentração de população de origem maia, por exemplo, oferecerá ao turista a "ceia do fim do mundo", um banquete de nove pratos preparados por estrelas internacionais da cozinha. O preço por cabeça é equivalente a R$ 810.
(Fonte: aqui).
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Enquanto o México dá mostras de ser expert na arte de tirar proveito das situações, digamos, aflitivas, permito-me registrar curiosíssima impressão colhida pelo programa Brasil Urgente, da Band, nesta data, de um "popular que ia passando", como dizia o saudoso Ivan Lessa:
"O fim do mundo não me preocupa, o que me preocupa é o fim do mês".
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