domingo, 5 de julho de 2020

ECOS DA FALA DE MORO AO ESTADÃO


O ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro concedeu entrevista ao Estadão, reproduzida pela Folha, edição de ontem, 04. Tenta fazer frente ao 'rolo compressor' da PGR, que passou a minar as forças-tarefa, espécie de subsidiárias criadas anos atrás com vistas no combate à corrupção que há séculos dilapida o País, mas que na prática converteram-se em feudos, que passaram a se julgar autônomos, a ponto de, especialmente no caso da força-tarefa Curitiba (sob o comando do procurador Deltan Dallagnol e domínio do então juiz Moro), arvorar-se no direito de, por exemplo, 'celebrar parcerias' com organismos externos - ao arrepio da PGR, do Ministério da Justiça e da Constituição da República, em meio a abusos de toda ordem.

Como este Blog comentou dias atrás (comentário a post de 2 de julho - Aqui):

"...Mas a luz amarela acendeu no quartel general da Operação quando o atual governo, descartando a escolha em lista tríplice, nomeou Augusto Aras Procurador-geral da República. Com a ruptura Moro X Bolsonaro, Aras tratou de mandar sua equipe (clique Aqui para conhecê-la) revisitar denúncias que, sem a devida elucidação, haviam sido solenemente arquivadas por gestões anteriores. E novas denúncias também, além de uma outra questão importantíssima, a 'estrutura feudal' reinante na PGR, com forças-tarefas mandando mais do que ela, aberração sem tamanho. (...)."
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O fato é que na entrevista acima referida, sob o título "Moro critica Aras e teme 'revisionismo' da Lava Jato" - Aqui -, o senhor Moro assume postura em certa medida diferente da que costumava oferecer nos tempos em que reinava absoluto por cima da carne seca. E, coisa rara, sinal dos tempos: pela primeira vez diversos leitores da Folha não resistiram e mandaram ver em cima do ainda todo-poderoso cidadão e sua virtuosa Operação.

Eis alguns dos diversos comentários de leitores da Folha:

."As diligências determinadas pela PGR têm a finalidade de verificar se não houve irregularidades na condução dos trabalhos dessa equipe. Me parece que a postura dos procuradores demonstra temerem que algo seja descoberto e é importante lembrar, como eles sempre afirmaram, que ninguém está acima da lei. Temos interesse sim em saber o que aconteceu nos bastidores dessa investigação."
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"Se não tem nada a esconder e fizeram tudo dentro das leis e com correção, não têm o que temer. Mas parece que agiram à margem da lei e com interesses nada patrióticos, pois não consigo entender por que o órgão central do Ministério Público não pode ter acesso aos documentos e ações feitas pela Lava Jato." 
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"Lava Jato Curitiba precisa ser profundamente investigada para que se prove suas tramoias. Jornalismo sério, jornalistas sérios, Intercept, PGR, contamos com vocês."
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"Mas por que todo esse medo do Moro e do Dallagnol em que a PGR tenha acesso a documentos e ações feitas pela turma de Curitiba? Aí tem coisa! Todo esse receio está gerando dúvidas; será que aquilo que estão falando, que o time estava a serviço dos Estados Unidos, é verdade? Esse medo todo coloca incertezas na licitude do time. Não era o Moro que falava 'quem não deve não teme'?"
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"Senhor Moro, não se combate o Crime cometendo crimes. Você sabe o que fez no 'verão passado'.".
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"Tem gente que acredita nisso. A verdade é que esse senhor é um dos culpados pela situação atual do Brasil. Combater a corrupção não é mérito algum - é obrigação moral de todo agente público. Perseguir pessoas, proteger outras, quebrar empresas e facilitar para os seus donos não é combate à corrupção - é falta de caráter mesmo."
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"Tinha aquela Fundação da Lava Jato de Curitiba que ia receber 2,5 bilhões de um acordo da Petrobrás com os EUA. Acho essa parte a mais absurda da operação, a Petrobras teve que pagar bilhões e parte desse dinheiro iria justamente para a Lava Jato de Curitiba, mas acabaram desmascarados pela imprensa na época."  -  (Nota deste Blog: A propósito da famosa Fundação da Lava Jato de Curitiba, sugerimos conferir "Ecos da Lava Jato e sua fundação de 2,5 bilhões de Reais", de 06.03.19 - Aqui -, e "Vazajato apresenta a prova final da corrupção da Lava Jato", de 13.03.20, Aqui -, publicados neste Blog)

Em Tempo: 

(a)  A 'jogada' da Fundação Lava Jato foi devidamente barrada pelo Supremo Tribunal Federal, que, aliás, já destinou fatias dos 2,5 bilhões para iniciativas éticas, de interesse nacional. Aguarda-se o desfecho do processo, com a eventual responsabilização dos espertalhões implicados;

(b Pairando sobre tudo, as arbitrariedades perpetradas contra o PT e o ex-presidente Lula, que deram causa a contundentes reclamações junto ao Conselho Nacional de Justiça, algumas arquivadas sem julgamento, outras figurando entre as 11 (onze) que remanesceram, tamanha a gravidade dos atos objeto das acusações, as quais iriam finalmente entrar na pauta das reuniões a serem comandadas pelo ministro Dias Toffoli, então recém empossado novo presidente do STF e do CNJ. Os julgamentos restaram prejudicados porque o juiz Moro pediu exoneração do cargo - pedido acatado não obstante as reclamações pendentes de julgamento, o que é, em principio, irregular.

.Dica de Leitura:

"A Lava Jato Não Pode Ser Uma Instituição À Parte, Diz Idealizador De Órgão Central De Combate À Corrupção"  /  'Hindemburgo Chateaubriand Filho contesta ideia de que estrutura concentre poderes no procurador-geral da República'  -  Aqui.

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