O jornalismo de guerra da mídia suprimiu o fato de que Rafaela Silva foi favorecida por um programa social de Dilma
Por Paulo Nogueira
No jornalismo de guerra que a plutocracia usa contra qualquer coisa remotamente parecida com esquerda, foi escondida ou simplesmente suprimida a informação de que Rafaela Silva foi beneficiada por um programa social criado por Dilma, o Bolsa Pódio.
Funciona assim: você não dá nada que possa ser positivo para seu inimigo. Você não dá sequer a verdade, como no caso da bolsa dada a atletas pobres como Rafaela.
Ninguém na imprensa lembrou, por exemplo, que a Olimpíada foi uma conquista pessoal de Lula. Graças a Lula, a Globo faturou com os jogos 1,5 bilhão de reais, mas a cultura jornalística da casa é tão perniciosa que a origem da Rio 2016 obliterou Lula.
Rir ou chorar?
Rir. Montaigne, em seus Ensaios, contrapôs dois sábios da Antiguidade. Um deles, diante da miséria humana, chorava. O outro ria. Montaigne recomendava a segunda alternativa: rir.
Riamos, então.
Fora a canalhice da mídia, o caso Rafaela mostra que os programas sociais devem ser, todos eles, ampliados. No esporte, e não só nele.
Uma sociedade tão brutalmente injusta e desigual (como a) brasileira só vai se tornar decente com a expansão e continuidade de programas sociais.
Mas Temer, o indesejado, acena exatamente com o contrário.
É preciso registrar ainda como o PT foi ruim na divulgação de programas como o Bolsa Pódio.
600 milhões por ano em publicidade federal na Globo e jamais o Bolsa Pódio foi citado nem em propaganda e nem, muito menos, editorialmente em nenhuma das múltiplas mídias dos Marinhos.
Perdemos todos com isso.
Rafaela ganhou — mas a mão de Dilma estava presente também. Mão invisível, como a mídia a trata, mas fundamental.
(Fonte: Diário do Centro do Mundo - aqui).
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A propósito, veja-se AQUI o que a própria Rafaela declara em testemunho sobre Dilma Rousseff e o Bolsa Pódio, que o jornalista Paulo Henrique Amorim classificou como Vídeo de Ouro.
Inteirado da história, o filósofo Montaigne, entre risos irônicos, certamente lançaria uma galhofa inspirada numa velha piada citada por Jô Soares:
"Tudo bem, a mídia desprezou solenemente o Bolsa Pódio, tão vital para atletas carentes, MAS, EM COMPENSAÇÃO, nenhuma referência fez à questão de ordem levantada por opositores do processo de impeachment, consistente em que a eventual investidura do interino no cargo de presidente da República o livraria de investigação sobre supostos ilícitos - detectados pela Lava Jato, a exemplo da delação Odebrecht - ocorridos antes de sua posse como tal!"
Verso de pé quebrado: Bolsa Pódio rima com medalha de ouro; impeachment, com impunidade...
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