(A 'Metrópole' não se emenda...).
Medalhas de diamante para os arruaceiros americanos
Por José Carlos de Assis
Esses nadadores norte-americanos deveriam receber uma medalha especial de diamante por perderem quatro provas simultaneamente com apenas algumas braçadas num posto de gasolina durante os Jogos Olímpicos do Rio: a prova de desmoralização do esquema de segurança dos jogos, a prova de tentativa de desmoralização dos atletas russos patrocinada pelos Estados Unidos por suposto doping, a prova de exibição de vaidade pelo Ministério Público determinado a aparecer no meio da confusão midiática, e a prova de vassalagem aos americanos por parte de William Wack ao atribuir a repercussão pelo vandalismo dos atletas não à atitude deles, mas à fama de insegurança do Rio.
Vamos aos poucos. Grande parte da imprensa americana torceu abertamente contra o sucesso das Olimpíadas do Rio sob o argumento de que a cidade é dominada pela crimiinalidade. Não bastou o fato de que o Comitê Olímpico Brasileiro, em estreita colaboração com as autoridades municipais, estaduais, federais, mundiais e Exército, tenha apresentado um dos mais cuidadosos planos de segurança em olimpíadas no mundo. Talvez até tenhamos pecado por excesso. Algumas prisões de supostos terroristas foram realizadas mais por precaução do que por risco efetivo de atentados. Numa palavra, para a organização de segurança de grandes eventos, demos um exemplo espetacular ao mundo.
É evidente que, diante do maior evento de relações públicas do mundo, a atitude dos atletas foi de grande benefício para a autoestima do Rio. Em outro ponto, porém, a contribuição dos atletas foi ainda mais espetacular. Os Estados Unidos, diretamente ou através de parceiros, tentaram de todo modo desmoralizar a Rússia e tirar seus atletas da competição sob o argumento de que havia um esquema estatal de doping. Entretanto, essa acusação não chegou a ser bem explicada. De fato, se era uma ação do Estado, os atletas não tinham culpa. Se era uma ação dos atletas, o Estado russo não tinha culpa. Por mais cruel que isso possa ser para atletas paraolímpicos, eles estão sendo barrados nas olimpíadas do Rio.
Diante disso, é preciso avaliar o que é pior para o moral de um país: ter arruaceiros entre seus atletas ou participarem esses atletas de um doping eventualmente involuntário. De qualquer modo, e tomando em conta a repercussão na imprensa, a arruaça ganhou do doping. A imprensa brasileira, e grande parte da imprensa mundial dedicaram uma semana para demonstrar que os americanos são arruaceiros, mentirosos e covardes. Os russos, inocentes ou não, se livraram dos holofotes. E espero que seus atletas paraolímpicos venham para a competição pois seria uma crueldade, por razões obscuras, deixá-los fora, ainda eles que são heroicos portadores de necessidades especiais.
Finalmente, o quarteto da arruaça deu oportunidade a William Wack para fazer uma grave reserva no Jornal da Globo quanto ao comportamento dele: são maus meninos, sim, deu a entender ele. Mas devem ser desculpados por causa da fama de criminalidade do Rio. Então é isso. Para a Globo e seus mais eminentes jornalistas, a arruaça e a quebradeira, desde que feitas por americanos, é um desvio menor. Pior é nossa criminalidade, mesmo quando ela não aparece nas estatísticas da Olimpíada. Talvez para se contrapor a essa vassalagem, um promotor fez o oposto: decidiu pedir o aumento da multa dos atletas para R$ 150 mil, a fim de ter alguns minutos adicionais de fama nessa pantomina olímpica. (Fonte: aqui).
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